Primeiro Sinal

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Quando se deu conta, a garota estava babando em seu travesseiro na beira da cama, e a primeira coisa que viu ao abrir os olhos, foi Tyler, a observando, centímetros de distância do seu rosto.

Ela se recompôs rapidamente, tentando não gritar com o rapaz.

Que cara esquisito.

- Alguém apagou a tarde toda. - Ele diz pegando uma mecha cacheada para si.

- É...- Ela limpa a baba do próprio rosto e pega seu cabelo de volta.

Um fato que havia acabado de notar sobre si, era que não gostava muito que tocassem seu cabelo. Ou não, talvez só não fosse um bom momento, não era agradável acordar com alguém a encarando, gerava um súbito mau humor.

- Que foi? Ainda tá brava por causa daquilo?- Ele assume um tom mais sério ao se sentar no chão, ao lado da cama.

A garota pensa rápido, tentando tirar o máximo de informações possíveis, aquele cara poderia facilmente ser um manipulador, e apartir do momento que ela contasse a verdade, ele poderia usar tudo contra ela para concluir qualquer objetivo que tivesse.

- É... Foi bem chato oque rolou. - Ela fala desviando o olhar.

Após alguns minutos de silêncio, quando menos esperava, a mão pesada pegou seu braço e puxou seu corpo para fora da cama, ela se assustou com a brutalidade, mas foi pega quando estava a centímetros do chão.

Ela não sabia como reagir, mas definitivamente não era confortável estar no colo de um estranho, então se sentou contra a cama, próxima a ele.

- Eu exagerei, me perdoa. - A voz abafada denunciava um possível nó na garganta.

Ela respira fundo tentando não demonstrar nervosismo.

- Ok, eu te perdoou...- Ele rapidamente ergue a cabeça, exibindo um sorriso amarelado. - Se você me mostrar que entende oque fez e porque isso me chateou.

Ela esconde um sorriso, sentindo satisfação com sigo mesma ao ve-lo pensar.

- Eu... Fiz planos sem te consultar e... Você ficou chateada por que... Deveriam te incluir, já que tudo oque conseguimos foi graças a você.- Ele busca aprovação nos olhos da garota.

Aquilo parecia ótimo, quase o suficiente para que ela confiasse a total verdade a ele, porém, era vago demais, oque a fez apenas sorrir ao perceber que pareciam um casal normal.

Ele também pareceu feliz, até notar oque ela estava vestindo. Seus olhos percorreram lentamente pelo corpo coberto com as roupas de Emília, e sua expressão feliz repentinamente de desfez.

Ele parecia bravo, triste, revoltado.

A jovem deu um pulo quando o punho do maior atingiu a cama, afundando a madeira bem ao lado de seu rosto.

Ela o olhou nos olhos com a boca entreaberta, procurando qualquer palavra que parecesse certa para ocasião, mas não existiam tais palavras.

Ele engoliu em seco, e apenas tirou os olhos dela, para novamente fitar seu corpo de cima abaixo, que se cobria com uma camisa de lã grossa e uma calça de moletom larga e marrom claro.

Por algum motivo, ele parecia repleto de ódio.

Assustada, ela se levantou e foi até o banheiro as pressas, onde após trancar a porta, tirou as roupas com raiva, sentindo um nó se formar em sua garganta.

- Eu estava prestes a confiar minha vida a você, te entregar minha desgraça na esperança de que me desse algum conforto. - Ela cuspiu rancorosamente em voz baixa.

Era frustrante, que cara babaca, sua vontade era terminar e ir embora, mas ir embora pra onde? Terminar Oque? Nem mesmo sabia se namoravam. Talvez ela fosse dependente dele, e só estivesse aceitando ficar com um homem agressivo por não ter dinheiro, as possibilidades eram péssimas.

Lentamente, jogou as costas nuas contra a parede do lado oposto a torneira da banheira após entrar nela, e se sentou aos suspiros.

Sentada posição fetal, escutou as batidas na porta ecoarem pelo banheiro.

Ótimo, oque será que vou encontrar se abrir a porta? Um desequilibrado com um facão ou meu namorado abusivo com flores após quase ter quebrado minha cara?

- Posso entrar? - A voz rouca pediu.

Ela não sabia oque responder, talvez se matasse caso ficasse sozinha, do pouco que sabia de si, tinha certeza que estava em seu limite. Mas talvez, ele a matasse.

Era difícil escolher se iria se colocar no lugar dele e tentar entender oque aconteceu, ou se tentaria fugir, mesmo que isso a levasse a estaca 0, onde ela não tinha nenhuma base ou forma de descobrir seu passado.

Talvez Emília estivesse morta, ou tivesse feito algo muito ruim para Tyler, aquilo com certeza justificaria sua reação agressiva, mas só havia uma chance em descobrir a verdade, e era abrindo aquela porta.

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