Doce Caos

O celular de Alisson

Frustrada, Alisson foi até o banheiro, onde lentamente se despiu, e ao se deitar na banheira ainda vazia, sorriu.

Apesar de não ter obtido a reação esperada de Tyler nem o auxílio que espera para recuperar o restante de suas memórias, se sentia grata por já ter sido amada por alguém.

Sozinha, a única coisa que passava por sua cabeça depois de um dia exaustivo mentalmente, era seu pai. Enquanto Eliza sempre jogava em sua cara que estava morta de cansaço por estudar e trabalhar para garantir que elas tivessem alguma coisa na vida, seu pai, mesmo cansado, conseguia lhe dar algum tempo e atenção.

Ele sempre fazia mexido, pois não tinha tempo para refeições mais complexas e feitas na hora, e pelo mesmo motivo comprava iogurtes e lanches práticos, e Alisson aprendeu a amar e valorizar cada uma dessas coisas.

Apesar das lágrimas que caiam conforme se lembrava, se sentia feliz por poder se apegar a uma coisa real, e não um fruto de sua paranóia.

Quando Alisson terminou seu banho, não quis comer nada, a reação de Tyler havia sido como uma facada em seu coração frágil, e aquilo lhe tirava a fome. Depois de tanta ansiedade para esconder e disfarçar algo, após finalmente contar, não havia obtido nem um porcento da satisfação que merecia por se abrir e confiar.

Então ela apenas pegou seu celular consertado, e foi se deitar.

Confortável em baixo das cobertas quentes e com o cheiro de Tyler, ela ligou o celular já ansiosa.

Por algum motivo, assim como Tyler, ela tinha o contato de "Anna", uma detetive, mas não se falavam a muito tempo. Segundo as próprias conversas com a tal mulher, aparentemente, a polícia tinha fechado o caso e as investigações a um tempo, e isso explicava o porquê de Tyler ter recorrido a ela.

Além de Anna, Alisson também pode notar conversas com um cara chamado "Filiph", nada demais, aparentemente, tinham marcado de se encontrar uma vez, e agora, por algum motivo, ele estava bloqueado.

Assim como Tyler, ela não tinha amigos, oque a fez revirar os olhos, não gostava de se parecer com ele.

Molly havia tentado se aproximar, e saiu machucada por isso, talvez ela devesse se sentir culpada pelo fim da amizade dos dois, mas apenas sentia preguiça de tentar fazer algo pra melhorar a situação, na realidade, bem no fundo, preferia que ela fosse a única a ser próxima de Tyler, então por mais que gostasse de Molly, era melhor assim em sua cabeça conturbada.

Seu celular parecia não ter nada muito interessante, não até ela entrar nos arquivos, onde encontrou uma transferência por cabo USB de quase um giga, um vídeo de quase 40 minutos.

Ao clicar, imediatamente se espantou, deixando o celular cair sobre seu rosto, mas o pegando novamente mais do que de pressa para verificar oque aquilo poderia significar; era um vídeo de Emília.