- Não olha, eu faço isso. - Molly disse colocando a mão frente o peito de Maya. - Olha Alisson, como eu era amiga dele antes de tudo rolar, de todos, eu fui uma das únicas pessoas que entenderam o lado dele, então assim, acredito que você também vai entender, porque sabe que ele não é uma má pessoa. - Alisson quase deu pulinhos de excitação.
- Claro que não é. - Maya disse irônica e riu. - Eu só vim aqui porque Joseph insistiu muito e tem neuras com "passeio de casal", mas pra ser bem sincera, até você me assusta, sempre me assustou. - Ela disse forçando os lábios para dentro.
- Maya, você também nunca parou pra ouvir esse lado da história, aposto que só leu o jornal como todo mundo, então cala a boca e escuta, eu juro que vocês vão entender, e se não entenderem, o problema tá em vocês por achar que um ser humano é capaz de aguentar tanta merda sem surtar. - Molly disse 100% em defesa de Tyler.
Alisson já não se aguentava de curiosidade, então apenas concordou com a cabeça em silêncio implorando com os olhos que ela começasse, então Maya também concordou com aquilo, e decidiu ouvir oque Molly tinha a contar.
Molly respirou fundo algumas vezes antes de começar, parecia ser algo que também mexia com ela.
- Eu e Tyler éramos amigos, como falei, me mudei para essa cidade aos 8 anos, fui traga a força pelo juizado de menores porque minha outra cidade não tinha orfanato. Por isso, na escola, os pais das crianças sempre falavam de mim com pena, mas preferiam pedir seus filhos para ficar longe, porque tinham medo do porque eu fugi de casa, tinham medo que eu tirasse a inocência de seus filhos. Mas Tyler não, ele era tão aéreo que nem sabia das fofocas, então quando vi ele sozinho, tentei me aproximar, levou um tempo, mas acabamos ficando amigos, ele falava bem pouco da própria vida, mas era fácil juntar os pontos. Primeiramente, você precisa saber que o pai do Tyler sempre foi um babaca. Ele bebia muito, não trabalhava, gastou oque havia herdado dos pais em bebida, e com oque sobrou do dinheiro, comprou uma mulher, a mãe de Tyler. Desde sempre, ele espancava ela e o filho, além disso, o desgraçado pegava a coitadinha da esposa como se fosse uma boneca de pano, e usava ela pelos cantos da casa, vendo a mãe chorar, Tyler tentava impedir, e sempre era espancado por isso. Com o passar dos anos, vendo a mãe dele se recusar a fugir pelo dinheiro que a família dela recebia dos avós de Tyler, começou a desistir dela, foi quando ela engravidou da Emília quando ele tinha 8 anos, então ele voltou a se importar. Levava as surras pela mãe mas não deixava o pai encostar nela, mas nada melhorou depois que ela nasceu e foi crescendo, pelo contrário, ele começou a beber mais e se recusava a sustentar uma filha que ele tinha mandado abortar, com isso Tyler teve que começar a trabalhar. Agente teria se afastado muito nisso, mas como foi eu quem ajudou ele a achar o emprego, isso acabou nos aproximando. As coisas pareciam ter melhorado, o pai teve cirrose, e apesar de ter sobrevivido, estava mais fraco, então ele pode ir melhorando a casa e ajudando a mãe como podia. Até que um dia, Emília, a irmã dele, sismou que queria um cachorro, e Tyler, como sempre fazia as vontades dela, arrumou um, por um bom tempo, nisso Tyler já tinha 14 anos, mas como você já pode imaginar, isso não deu certo, a cadelinha acabou com as costelas quebradas, e Emília se recusando a soltar o corpo da coitada, chorava sem parar, ameaçando se matar e ir de encontro a cachorra. Tyler teve um declínio em sua saúde mental, pegou uma faca, e tentou matar o pai, isso obviamente não deu certo já que o cara era bem maior e mais forte. Depois disso, Tyler precisou fugir, ou iria pro centro de detenção. Mas tudo piorou, nas semanas em que ele estava escondido na floresta, a mãe era espancada e abusada todo dia. Um dia, sem nem mesmo estar bêbado, o pai dele tentou abusar da irmã, e aquilo foi a gota d'água, ninguém sabia, mas Tyler estava sempre a espreita, vigiando a casa, entregando comida escondido, então quando viu a cena, sacou o facão e entrou janela a dentro, Emília viu ele e fugiu chorando, queria abraça-lo, mas estava assustada, e só queria sair de perto do pai. Obviamente, ele não se entregou fácil, depois de levar a primeira lapada de ferro nas costas, fugiu e foi perseguido como um animal pela floresta. Quando Tyler o pegou, garantiu que cada membro de seu corpo fosse decepado com ele ainda estava vivo, e depois que cortou tudo, jogou oque sobrado ainda com vida no rio; O tronco e a cabeça. Obviamente ele foi descoberto, não era nenhum profissional, então ficou um tempo fugido e outro no centro de detenção, ele passaria o resto da vida em um sanatório já que se recusava a contar tudo, a mãe, por ser católica devota, testemunhou contra o filho, a sorte do Tyler, foi a irmã de 6 anos e eu, quem ele procurou pra continuar cuidando dela de longe. Eu testemunhei a favor, os avós de Tyler também, falaram que o filho sempre foi horrível e era bem capaz que os relatos de Emília fossem verdade, a mãe dele só não foi presa por omitir a verdade porque alegaram que estava com a cabeça ruim, mas no fim de tudo, ninguém queria ele, a própria mãe o odiava, os avós paternos se lembravam do pai ferrado e os avós maternos eram católicos demais, a cidade toda via o pai de Tyler como um católico que sempre fazia suas doações corretamente e ia a missa, porém tinha problemas com bebida, então todos culparam o garoto, e ele acabou ficando jogado no mundo, morando na rua, mas quando o avô paterno dele morreu, a vó aceitou ele de volta, e cuidou dele, aí ela morreu, e ele mora aqui sozinho até hoje, ou pelo menos morava. Fico feliz que ele tenha te encontrado, parece fazer bem pra ele, já que ele não foi o mesmo comigo nunca mais.
Maya, cobria sua boca com a mão, e correndo, abriu a porta do quarto indo em direção ao banheiro para vomitar. Nesse momento, Molly e Alisson puderam ver claramente Tyler, que estava ali, o tempo todo atrás da porta.

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Doce Caos
Mystery / ThrillerEssa história contém muitos temas sensíveis como; Abuso psicológico. Violência doméstica. Agressão. Sequestro. Feminicídio. Homicídio. Tortura. Sexo. Pessoas sensíveis a isso, por favor, evitem ir a fundo nessa leitura.