Capítulo 23 - A última faísca

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A porta se abriu e veio um clarão de fora para dentro do quarto. Uma cadeira de rodas rolou até a escrivaninha fazendo revelar quem era a pessoa que estava nela. Era a Kelly. A mesma que eu batera com o carro e ela caiu abaixo do penhasco.

Ela estava de cadeira de rodas, e seu rosto com vários cortes que não poderiam ser vistos muito bem, já que estavam com uma faixa branca. Ela rolou a cadeira para perto de mim. Eu estava próxima à janela, tentara abrir antes que ela entrara.

- Kelly? - Perguntei. - É você mesmo?

- Não está me reconhecendo? A queda do penhasco deve ter desfigurado o meu rosto.

- Não, só não sei como...

- Como eu sobrevivi?

- Sim.

- Acho que minha missão é te matar.

- E você vai fazer isso agora?

- Não! Queria muito, mas a Beth não me deixa fazer isso. Ela acha que pode precisar de você.

- E o que vão fazer comigo?

- Assista e observe. - Ela virou a cadeira em direção da porta. - E antes que eu esqueça...

Ela virou a cadeira em minha direção e me atacou com um tipo de chicote ponte agulhado. Eu coloquei a mão no meu rosto e senti o sangue descendo por minha bochecha.

Ela saiu do quarto e fechou a porta. Eu corri e tentei abri-la, mas era tarde de mais, ela já tinha a fechado. Andei até a cama e sentei nela observando o teto do quarto. Não tinha ideia de como iria sair daquele lugar antes deles me tirarem.

Fui até o bebedouro que tinha ali para beber água, até lembrar que poderia está com alucinógenos e poderia também me fazer ter alucinações. "Se eu beber a água eu terei alucinações, mas elas foram as que mais me ajudaram até agora." Pensei comigo mesma. Então peguei um copo que estava em cima do bebedouro e enchi o copo de água.

Estava me sentindo atordoada, acho que era assim que se sentiam quando estavam prestes a morrer. Eu queria entrar nos meus flashbacks para descobrir como sair dali. Até que eu senti o chão vibrando e caindo aos pedaços. Algo me puxou pra baixo e eu me senti como se estivesse caindo em um buraco.

A caverna onde eu me encontrava era escura e fria. Vinha uma rajada de vento pelas minhas costas descendo a minha perna, eu estava tremendo. Vestia um vestido branco, como os que eu vestia para dormir todas as noites. Mas algo se destacava nele e ascendia de acordo com meus passos passando pelos galões de fogo. Era sangue. Eu estava com meu vestido melado de sangue e em minha mão existia uma faca. Observei aquele objeto tentando me lembrar de o que fizera com ele. Ele pingava sangue sem parar, e cheirava a fresco. "Alguém morrera agora." Pensei comigo mesma.

Continuava a andar e a caverna parecia que não tinha fim. Não existiam outros lugares, a caverna era reta, e era como se alguém estivesse ali há muito tempo; como se alguém usasse aquilo como moradia ou esconderijo.

Vi um feixe de luz vindo de longe, então corri. As luzes dos candelabros iam ficando mais fracas com a presença da luz do sol, até que vi o céu e corri mais rápido para chegar à passagem.

Cheguei até a passagem e saí, observando que aquilo era uma gruta localizada na praia. O sol não estava muito quente, era como se estivesse anoitecendo, ainda existia um vento frio passando por ali e deixando minha pele cada vez mais gelada. Comecei a andar sem rumo pela beira da praia, as ondas vinham e puxavam a areia de baixo dos meus pés. Olhei para a gruta de longe e vi sombras, elas não eram nada agradáveis, e parecia que estava a minha busca. Corri sem parar olhando para trás. As sombras naquele lugar pareciam de pessoas, pessoas procurando alguém. Quando corria sem olhar para frente, bati em um corpo que não vira que estava ali e caí no chão me deixando molhar com a água do mar.

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