Capítulo 19: Alguém foi enterrado

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A Kelly me jogou no carro e foi dirigindo até sair da sua casa e entrar em uma rua. Eu já estava ali no banco de trás há muito tempo, e não conhecia as ruas por onde ela entrara.

- Para onde estamos indo? - Perguntei.

Ela chorava muito, e não me respondia. Eu a via pelo retrovisor de dentro do carro, e não existia mais brilho nos seus olhos, apenas ódio e rancor.

Ela parou o carro e me puxou sem perguntar e nem falar nada. Jogou-me no chão e foi no porta-malas do seu carro. Eu olhava para os lados e não tinha como fugir, tudo era árvores, arbustos e terra, atrás de mim tinha um enorme penhasco e não conseguíamos ver o solo já que era muito alto.

- Fim da linha, Kyle. - Disse ela com um taco de beisebol em sua mão.

- Kelly, se eu não o tivesse matado seria eu.

- Se ele queria te matar, você deveria ter feito algo muito ruim para ele.

- Ele usava de crianças, usou de você, ele era um psicopata!

Ela tacou o taco em meu rosto, fazendo o sangue descer pela minha boca. Coloquei as mãos limpando o sangue e desviando o meu olhar para o lado, tentando achar algo que me defendesse.

- Isso não te dá o direito de mata-lo.

Ela desferiu o taco mais uma vez contra mim, e dessa vez bateu no meu pé, me fazendo gritar de dor. Ela chutava a areia de ódio e o lugar já estava se fazendo de poeira. Meu pé estava doendo e eu não conseguia mexê-lo.

- Hospedei uma assassina em casa... Foi você que matou o Jack também?

- Claro que não, Kelly!

- Cale a boca! - Ela disse, desferindo o taco dessa vez no meu braço.

Eu coloquei a mão no meu braço, e não escutei o que ela estava dizendo. Meu plano já estava completo, eu não poderia despista-la, ou a mataria ou eu seria morta. Então enchi minha mão de areia e esperei até a hora certa.

- Eu irei morrer agora, então quero ver a cara da minha assassina bem de perto.

- Você não se cansa, Kyle. - Disse ela se aproximando. - O que você quer ver, os olhos de uma filha que nem pôde dizer adeus, para o seu pai?

Ela se agachou se preparando para dar mais uma tacada em mim, quando eu joguei a areia em seu rosto, a fazendo largar o taco e pondo as mãos em seus olhos. Ela gritava, enquanto eu mancava para o carro. A chave estava lá, então eu a girei e o carro ligou. Quando ela se pôs em pé, eu acelerei para frente a fazendo bater no capô do carro e voar no penhasco.

A Kelly desapareceu entre as árvores do penhasco. Não escutei nem o barulho do seu corpo batendo no chão. Então puxei a marcha ré, e entrei na mesma rua que ela tinha entrado antes de ir para o penhasco.

As aulas do meu pai me ensinando a andar de carro não eram válidas naquele momento e nem naquele carro automático. Mas eu estava conseguindo dirigir até então com apenas uma perna, parei ali na esquina e perguntei para uma moça como chegaria na zona sul da cidade. Ela me explicou e eu torci para conhecer as ruas que eu entrara e tirar as meninas da casa da Kelly urgentemente.

Entrei na rua que a senhora me disse e avistei um homem com o capuz preto e uma manta também preta. Acelerei mas ele entrou em uma rua muito pequena onde não passava carros. Eu saí do carro mancando e entrei na rua. A rua dava direto para à frente da casa da Kelly. Mais uma vez o homem do capuz preto me ajudara.

Fui até em frente da casa e o porteiro abriu a porta.

- Me ajude! A Senhora Kelly bateu o carro na esquina e está muito ferida. - Disse.

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