Estávamos lá fora no meio do pátio. Procuramos o garoto em toda parte, mas era como se ele estivesse sumido. Olhamos para todos os lados e não tivemos nem sinal.
- Eu não vi meu pai até agora aqui... – Disse Alia.
- Eu também não vi o meu... Mas não perca o foco, continue a procurá-lo.
- Qual a cor da sua camisa?
- Eu não lembro, estava apavorada e não pude notar.
- Pois acho que o achei! – Disse Alia.
Segui para onde os seus olhos estavam concentrados e dava até o Senhor James, o diretor da Gradley no momento, eles estavam conversando. Mas pelo jeito do Luan, o Senhor James estava aborrecido com algo que ele fizera. O Luan retrucou e eles se separaram.
- Se o Senhor James estava conversando com ele normalmente, significa que ele não é um...
- ISSO! Não é um fantasma.
- Fale baixo, Kyle! – Alia disse pegando minha mão e a puxando para perto do garoto.
Quando Luan percebeu que estávamos nos aproximando tentou escapar andando mais rápido, mas o encurralamos em uma árvore que tinha ali perto.
- O que vocês estão tentando fazer?
- Não adianta esconder, já sabemos quem você é.
- Sabem? Como? Nunca vim aqui.
- Você morava aqui algum tempo atrás! – Gritei.
- Meninas?
Disse o Doutor Leroy atrás de nós. Ele estava com as mãos cruzadas como se quisesse que nós justificássemos o porquê estávamos longe das outras pessoas, mas apenas ficamos caladas.
- O que vocês estão fazendo aqui sozinhas, sendo que a sirene de partida já tocou? Vocês deveriam está indo aos seus quartos.
- É que existe um...
- Esquilo! Um esquilo – Alia me interrompeu. – Que nós estávamos tentando pegar.
- Vocês não acham que já estão um pouco grandes demais para brincar com esquilos.
- Não temos cachorros aqui. Então nos viramos com o que temos. – Eu disse.
- Vou pensar nisso na próxima reunião. Agora vão para seus quartos.
Quando estávamos indo olhei para trás. Não existia sinal do Luan lá, observei pelas redondezas e pensei como ele iria sumir de pressa desse jeito, se o pátio da Gradley era tão grande.
Chegando lá em cima, no andar número três, onde ficavam as pessoas daquele nível. Eu e Alia nos separamos, ela iria entrar em seu quarto, e eu iria entrar no meu.
- Kyle...
- Eu olhei ainda em movimento com o Doutor Leroy atrás de nós.
- Eu não poderei ver você hoje à noite. – Ela sussurrava.
- Por que não?
- Amanhã lhe contarei. Eu juro!
Ela entrou no seu quarto e fechou a porta. Quando cheguei ao meu, fiz o mesmo. Ali estava eu novamente, olhando para o meu mural e vendo as fotos da minha mãe.
Não conseguia fazer isso há dias, colocar fotos da minha mãe não era coisa que eu gostava de fazer para não lembrar a falta que ela me fazia. Disse meu pai que ela foi acusada de envenenar uma criança em seu antigo emprego, e que já estava comigo em seu ventre. Mas nunca tinha me contado detalhes, a morte dela para mim ainda era um mistério. Ele só dizia por alto, e me mandava dormir porque já estivera tarde.
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A Estadia
Mistério / Suspense[OBRA AUTENTICADA NA BIBLIOTECA NACIONAL] Sonhos são apenas sonhos para quem não tem nada a perder. Mas quando você mora em um sanatório há quase quatro anos e começa a ter sonhos com sua mãe que morrera desde seu nascimento, as coisas são totalment...