Capítulo 5: Nós estamos desprotegidas

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Se não fosse pelos guardas eu teria gritado ali mesmo. Eles não estavam longe, mas também não estavam pertos. Nós estávamos ajoelhadas no chão enquanto os três corpos estavam cobertos de sangue a mais ou menos três metros dali. Eram nossas mães. Elas estavam com um vestido branco e com sangue da cintura pra baixo, não conseguiam falar nada a não ser socorro. O tom das vozes eram tão alto e tão rasgado que eu não sei por que os guardas não olharam. Deveria ser porque elas não existiam, eram fantasmas, era uma visão feita pela nossa mente. Sei dizer isso porque eu sentia... Sentia minha pele fria e dura como quando eu estou perto de alguém que já morreu.

- Socorro, filha! - Gritou a mãe da Sunny.

Corremos em direção a elas e não tentei olhar para baixo da cintura, já que aquilo estava horrível. No pescoço da minha mãe tinha marcas roxas, como se algo ou alguém tivesse a asfixiado.

- Mãe, o que fizeram com você? - Disse a Alia tirando o cabelo do rosto dela.

- Foram vocês... - Todas as mães disseram juntas, fazendo com que nós as soltássemos direto no chão.

Logo ali no fundo ouvimos passos de alguém vindo, então deveríamos ser rápidas.

- Ali! - As mães disseram juntas outra vez enquanto apontava para um arbusto.

Então desapareceram com um sopro de vento, e corremos para o arbusto que ficava a nossa direita. Chegamos lá e alguns doutores e o senhor James foram falar com os guardas do portão.

- Vocês a deixaram passar?! - Disse o senhor James furioso.

- Não senhor, ninguém passou por aqui essa noite. - Disse um dos guardas.

- Então elas ainda estão no sanatório, vão procurar. - Disse o senhor James, fazendo com que todos corressem a nossa procura.

Quando o local estava vazio, resolvemos falar e colocar nosso plano em prática.

- O que vamos fazer agora? - Disse a Sunny.

- Nós deveríamos... - Quando resolvi falar a Alia me interrompeu.

- Gente, vocês se esqueceram?

Alia estava apontando para o buraco que nós tínhamos encontrado.

- Como podemos nos esquecer dele?

Saímos pelo buraco da Gradley, e respiramos fundo o ar livre de novo. O ar tenso e pesado da Gradley saiu dos meus pulmões e estava entrando um frio e aconchegante.

- Temos que ir pra casa dos nossos pais, pegar informações. O problema é como se não temos dinheiro nem carro.

- Vamos pedir carona! - Gritou a Sunny que já estava dando o dedo indicativo para um carro que estava passando por ali.

A ideia era boa e perigosa, mas era necessário. Passamos mais ou menos 30 minutos ali pedindo carona e nada. Já estava frio então pegamos nosso casaco, vestimos e sentamos no asfalto.

- Não podemos ficar aqui o dia todo, teremos que voltar se não acharmos carona.

Naquele mesmo momento um "VRUM" de carro se estabeleceu no lugar. Mas não era qualquer "VRUM" era um barulho de carro quebrado. Pude saber, porque eu ajudava meu pai quando o carro dele sempre pifava no meio da viagem entre nossa casa e a cidade. Logo perto dali pude ver um garoto concertando o tal carro do "VRUM". Então decidi ajudá-lo.

- Meninas esperem aqui, acho que encontrei carona. - Disse e corri para o outro lado da via.

Chegando lá me deparei com um lindo garoto. Ele era um pouco mais alto que eu, possuía cabelos loiros que no momento estavam molhados por suor, não era nem tão forte e nem tão magro, seus olhos brilhava a luz do poste que estava acesa, e então ele interrompeu minha observação.

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