Capítulo 5

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Fernanda

Não há nenhum problema no contrato. A proposta deles é honesta e os benefícios são justos para ambas as partes. O meu maior problema, infelizmente, é o meu pai.

Eu não posso simplesmente largar o estágio na Spencer, virar as costas e fingir que morri. Não. Meu pai não é o tipo de pessoa de quem se foge. Ele é o tipo que se enfrenta e quando você o chama para o duelo é melhor ter certeza de que saíra vitorioso, o que não tenho.

Na teoria, tenho dezoito anos, portanto posso tomar minhas próprias decisões. Na prática, tenho um pai sem escrúpulos que pode me achar no fim do mundo. É por isso que não dá para eu falar: sou maior de idade. Engula essa, porque vou ser modelo.

Meu pai acabaria com a minha carreira antes mesmo dela começar. Se quero agarrar essa proposta, antes tenho que me certificar de ter encoberto todos os meus passos e preparar com muito cuidado o meu terreno.

E é pensando nisso que chego na Spencer. Nem reclamo quando a assistente do Logan, responsável por mim, me manda passar o dia enfurnada na sala de fotocópias. A sala é o pesadelo de qualquer um. Apertada e abafada. Vai ser ótimo passar todas as horas do meu estágio aqui, colocando e tirando papel da máquina de Xerox. Só que não.

Processos e mais processos passam pelas minhas mãos. Não sei como ficar tirando cópias vai me ensinar o ofício da advocacia, mas tudo bem. Logan não está interessado em me treinar, o que o meu pai, no mínimo, deveria ter desconfiado. Se ele descobre que me resumi à menina da copiadora, é bem capaz que ele surte. Pensar isso me diverte.

Fico entusiasmada na minha tarefa e vários colaboradores franzem o cenho para mim quando entrego, sorridente, os blocos de folhas onde gastei preciosas horas da minha vida para imprimir. Às vezes, até mesmo organizar.

E é justamente quando um assistente novato, que não sei como está trabalhando na Spencer, bagunça uma baita papelada em que sou obrigada a organizar. Sorrio, porque estou feliz sabendo que a arma mortífera do meu pai está virando ferrugem.

Organizo um processo enorme e percebo uma folha que não se encaixa em lugar algum. Ela não é numerada e está entre a página 33 e 34. Leio para tentar entender de onde essa perdida pertence e fico realmente surpresa com a mina de ouro que caiu bem nas minhas mãos. Até mesmo leio as páginas em que ela ficou entre, porque pode ter alguma pista nelas e... Bingo! Estou segurando minha carta de alforria!

Retiro as três folhas disfarçadamente e então entrego o restante do arquivo para o estagiário. Sorrio de forma encantadora e ele até mesmo pisca confuso antes de retribuir o meu sorriso com um incerto antes de me dar as costas.

— Ah, Logan. Você acaba de se ferrar por ter um assessor desastrado na sua empresa justo quando a filha do seu inimigo pode colocar as mãos na sua arma de destruição — digo em voz alta para a sala vazia.

Seguro as três folhas nas quais uma delas tem chances de acabar com essa fusão. Eu estava corretíssima ao supor que o Logan quer se livrar do meu pai. Também tenho a sensação de que estou correta de que o meu pai quer se livrar dele. Quanto a mim, quero mais é que os dois se explodam. Mas não sem antes tirar proveito da situação.

— Rachel — batuco na mesa da secretária do Logan para tirar sua atenção do fone que está em sua orelha. — Preciso falar urgentemente com o Logan. Ele está?

— Srta. Bastos! — Ela sorri. — O Spencer está ocupado e não pode receber visi...

Não dou ouvidos. O que tenho para discutir com ele é muito mais importante do que quer que ele esteja fazendo. Abro a porta sem nem mesmo bater.

Certa mais uma vez. O que tenho é realmente mais importante do que sua sessão de amassos. Pego Logan no flagra se agarrando com uma das funcionárias da empresa. Ele a afasta assim que me vê com um sorriso maior que a do Cheshire ao pegá-lo em flagrante.

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