Logan
— Vamos tirar esse elefante branco do meio da nossa sala. — Fernanda diz assim que entramos no carro. Assinto. — Ele me abordou na festa de aniversário do seu irmão e fui totalmente pega de surpresa, porque nem em mil anos eu poderia imaginar que ele estaria lá, menos ainda que pudesse ser amigo do seu irmão. Depois daquilo...
— Fernanda? — chamo seu nome e ela para abruptamente de falar. — O que importa é como você se sente. Você o quis?
— Não.
— Você o quer?
— Não!
— Então por que você não me contou que vocês se encontraram acidentalmente no aniversário do meu irmão e, além disso, precisou tomar uma distância de mim?
— Por medo.
— De quê? Seja honesta comigo e com você mesma.
Ela me encara com seus olhos de felina por um tempo antes de assentir.
— Eu tive medo de que os sentimentos que senti por ele no passado retomassem da mesma forma abrupta com que ele cruzou o meu caminho e mexessem comigo a ponto de bagunçar o que sinto por você. Precisei tomar uma certa distância, porque se fosse esse o caso, eu jamais entregaria a você apenas uma parte de mim. Se não for para me entregar por inteira a você, eu nem me entrego, Logan. Você não merece partes, você merece o todo.
Estendo a mão e acaricio seu rosto.
— Isso quer dizer que você está inteira comigo nesse momento?
— Embora seja assustar confessar isso, uma vez que vou sentir um certo nível de vulnerabilidade, preciso te dizer que não só nesse momento. Eu acho que você me conquistou por inteira de forma irreversível.
— Acha? — Ela assente. Sorrio, mas ela continua tensa. — Sabe o que eu acho, babe? — Ela nega com a cabeça. — Acho que você tem certeza disso.
— Convencido. — Fernanda tomba a cabeça no meu ombro e desliza as pontas dos dedos sobre a minha mão repousada na sua perna. — Estamos bem?
— Estamos bem. — Beijo o topo da sua cabeça. — O que eu não consigo entender é como o seu pai permitiu que você namorasse aquele cara por um ano. Isso não faz o menor sentido.
Fernanda se afasta e franze o cenho.
— Só porque ele não usa ternos e gravatas como você?
— Sim. Exatamente. — Ela solta um suspiro de impaciência. — Vamos ser honestos, Fernanda. Mesmo se fosse o meu irmão, seu pai não gostaria de ter aquele tipo de genro.
— Logan, não vamos falar sobre isso, porque vamos brigar.
— A verdade dói, eu sei. — Fernanda se afasta e cruza os braços. — Pode ficar com raiva o quanto quiser, fato é que Fleury Bastos não aceitaria um genro como ele ainda mais tendo o controle sobre você.
Ela se senta de lado, abrindo uma distância entre a gente e descruza os braços, respirando fundo.
— Porque o meu pai é um homem esperto. Ele deixou claro, assim que bateu os olhos no Eduardo, que não o aprovava. Mas ele também sabia que se me proibisse, mais eu iria querer ficar com o Eduardo. Então ele pensou que se desse espaço, eu me cansaria e tudo terminaria naturalmente. Mas não foi assim que aconteceu. A gente namorou e, mais uma vez, ele foi sábio ao não criar casos e, ao invés, deu corda até que chegasse o momento certo de agir para acabar com o meu namoro de forma eficiente e definitiva. Esse é o meu pai. Nada vem de graça com ele. Pode apostar que o meu um ano de liberdade teve um custo alto. Feliz?
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