Fernanda
Foi golpe baixo o Logan me levar para conhecer o pai. Ele sabia que eu me sensibilizaria com a doença e com a história de amor do seu pai com a sua mãe. Logan também sabe que sofri, durante anos, as manipulações do meu pai, portanto, é algo que me condói.
Mas essa artimanha dele me fez ficar resistente em considerar ajudá-lo. Porém, por outro lado, o pai dele não tem culpa de nada.
Entro em uma dúvida sem fim, porque, embora eu não goste nem um pouco das artimanhas do Logan, devo confessar que fui surpreendida com tamanha garra dele para manter aquilo que foi mais importante para os pais. Não é por ambição, mas por amor à família. É por isso que o Logan deixou mais de lado seus outros negócios e assumiu a direção da Spencer.
Para ajudar a família dele tenho que prejudicar a minha própria, só que quem começou toda essa guerra, foi a minha família. No entanto, para o Logan, não se trata de dinheiro e nem poder. Por isso, e principalmente por causa dos pais dele, resolvo que vou ajudá-lo.
— Você tem mesmo certeza de que vai fazer isso? — Lexi me pergunta, após ouvir tudo o que aconteceu ontem e o meu plano.
— Não, mas não vejo outra saída. Não existe a menor possibilidade de que eu volte a fazer as vontades do meu pai e seja tudo aquilo que ele sempre quis. Essa é a única opção que me restou.
— Não acho que você tem qualquer tipo de responsabilidade sobre isso, portanto, você não é obrigada a ajudar o Logan.
— Você só entenderia se tivesse passado por uma situação em que o meu pai tenha ferrado com a sua vida.
— Deus me livre e me guarde! Eu entendo, N. E é por isso que não vou te impedir dessa loucura. Mas, eu também acho que o Logan vai odiar essa sua ideia. No entanto, você está certa. É a única forma de você ajudá-lo sem voltar para as garras do seu pai, e como ele está mesmo desesperado para retomar aquilo que seu pai... — ela para de falar de forma abrupta.
— Roubou? — Ajudo com a palavra que ela não teve coragem de pronunciar na minha cara.
— Bem, é. — Lexi encolhe os ombros.
— Você pode falar sobre isso sem medo de me ferir. Já faz muito tempo que meu pai perdeu meu respeito. Nem sei por que me surpreende ele ter usado a doença do pai do Logan para conseguir a fusão. Ele teve a coragem de me usar. — Engulo o nó na garganta e Lexi aperta minhas mãos com carinho.
Quando tomei a decisão de dar um novo rumo para a minha vida, não imaginei que seria tanto assim. Lexi e eu demos tão certo como roomates, que nos tornamos amigas. Rebeca ficou enciumada, mas quando veio me visitar na primeira vez, ela amou tanto a Lexi quanto o Kurt.
Foi eu entrar para a revista e Kurt e eu nos conectamos. Renata e Lexi são amizades importantes que valorizo demais, mas Kurt e eu temos uma sintonia fora do comum.
Mas o que a Rebeca não gostou de jeito nenhum é de onde moro. Lexi e eu já nos acostumamos, mas ela não quis ficar aqui e preferiu se hospedar em um hotel.
Eu entendo. Na primeira vez em que vim ver o apartamento, também me assustei com a região. Não é tão assustadora assim, mas definitivamente também não é como os lugares em que fui acostumada a morar.
Rola pessoas de índoles duvidosas. Tem uns três rapazes que toda noite fica lá na calçada. Suspeito que eles vendem drogas. Também temos algumas vizinhas que são prostitutas. O que a gente também tem, são carros de luxo vindo vez ou outra aqui. Inclusive, um que constantemente aparece aqui na porta de casa é para a Lexi.
Eu nunca perguntei, mas como ele só a pega e depois a deixa de manhã, imagino do que se trata. Eu mesma já fui abordada algumas vezes nesses eventos da moda. No entanto, tenho pavor de virar esse tipo de modelo, mas não tenho absolutamente nada a ver com as escolhas da Lexi. Então fico feliz de que ela se tornou uma amiga leal e divertida. E fico ainda mais feliz que moro em um lugar que sou capaz de pagar com os meus trabalhos.
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