Fernanda
Depois de dar meu depoimento na delegacia, Logan fez como prometido e caímos na estrada, só ele e eu. O caminho inteiro tentei arrancar qualquer dica quanto ao nosso destino, mas por nada no mundo consegui fazer com que esse homem revelasse seus planos.
Chegou um momento em que o que mais me empolgava era debater com ele jogando argumentos a torto e a direito e ele contra-atacando cada um durante todo o trajeto. Aquilo me distraiu do que eu tinha acabado de enfrentar e nunca senti tanta admiração pelo Logan quanto naquele momento.
Fiquei tentada a pegar na mão dele, entrelaçar nossos dedos, e repousá-la sobre o meu colo em um gesto que demonstrasse o quanto ele se tornou valioso para mim. Não fiz isso, mas olhei para o seu perfil e, quando fui pega em flagrante, ele sorriu.
Fiquei refém dos seus lábios, com uma vontade súbita de beijá-los. Não mais uma necessidade física que sempre nos domina quando estamos juntos, mas beijar como nunca nos beijamos. Como eu nunca beijei alguém. Beijar como se quisesse mostrar a ele tudo o que sou e descobrir tudo o que ele é. Beijar como se quisesse trocar nossos sonhos. Beijar como se fôssemos um só. Beijar sem medo do que as pessoas podem pensar sobre nós dois juntos. Beijar como dois amantes. Beijar como dois apaixonados. Beijar porque eu o amo.
Ele desviou a atenção para a estrada, uma vez que estava dirigindo e precisava dos seus olhos lá, não em mim. Mas eu simplesmente não conseguia parar de admirá-lo. De amá-lo. Logan me perguntou se havia algo errado. Estava na ponta da minha língua confessar meus sentimentos, mas algo que antes nunca me preocupou me fez amarelar.
Ele é doze anos mais velho do que eu. O que o Logan iria querer com uma garota? E se ele pensasse que sou só uma garotinha apaixonada? Além do mais, o que tenho para oferecer em um relacionamento? Eu realmente não sei.
Só tive um namorado e desde o início eu sabia que o sonho do Eduardo era um que não me cabia. Hoje consigo perceber que já naquela época eu nunca visualizei um futuro ao lado dele. Nunca me preocupei com questões sérias. Eu gostava do que tínhamos, daqueles momentos, daqueles dias, daqueles meses e daquele ano. Mas futuro? Nunca pensei até o dia do nosso término.
Por conta de todos esses receios, eu disse a primeira coisa que passou pela minha mente e foi roupas. Isso mesmo. Perguntei sobre a falta de uma mala de roupas.
Não sei se foi impressão minha, mas acho que ele ficou decepcionado com a minha resposta.
Eu já sei que o Logan é um homem que não dá ponto sem nó, então não era uma preocupação real, porque imaginei que ele já tinha pensado sobre aquilo. E eu estava certa. Enquanto estávamos na delegacia, ele acionou alguém para ir ao meu apartamento e fazer uma mala para mim.
Logan para o carro em frente a um chalé de madeira rodeado por uma área verde, sem nenhum outro chalé por perto. Tem um lago também e várias árvores frutíferas. Um lugar de uma beleza delicada, quase etérea.
— Que lugar lindo! Quanto tempo podemos ficar?
— O quanto você quiser.
— Essa propriedade é sua?
— Por enquanto, não.
— Como assim, por enquanto?
— Muitas perguntas. Vamos entrar. Temos que arrumar nossas coisas e depois vamos dar um pulo no lago.
O chalé é pequeno, mas de tirar o fôlego. É apenas um ambiente com uma cama imensa. Ao lado dela, do outro lado do cômodo, tem uma porta de vidro de correr que dá acesso a um deck panorâmico com a vista para o lago. Uma lareira central separa o quarto de uma pequena área de televisão com poltronas reclináveis muito confortáveis. No outro canto, perto das janelas, têm uma banheira de hidromassagem redonda e a área do banheiro. Próximo à entrada, fica uma pequena cozinha com um balcão.