Capítulo 18

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Fernanda

Leva uma vida até que o taxista me deixe em casa, por isso, ou porque o meu emocional está tão abalado, conto todos meus problemas para o senhorzinho simpático. No fim da corrida, ele está tão solidarizado e preocupado comigo que me implora para que eu ligue para ele se eu não tiver com quem desabafar. Percebo que cheguei ao fim do poço depois dessa.

Entro no meu apartamento e vou direto para a cama. O dia já está amanhecendo e em poucas horas vou ter que atravessar a cidade inteira de novo para ir para o meu curso e depois para um ensaio na revista. Além disso tudo, tenho matéria acumulada para estudar.

Eu não devia ter ido àquela boate e menos ainda ter ido para a cama com o Logan. Penso em várias respostas que eu poderia ter dado a ele e monto diálogos maduros e interessantes na minha mente. Me recrimino por não ter dado nenhuma delas.

*

Seguro um café cheio de creme para o Kurt e beberico o meu preto e sem açúcar enquanto estou sentada no banco de uma pequena praça ao lado do edifício da revista. Espero Kurt fumar ao mesmo tempo em que me conta sobre o fim da sua noite.

Diferente de mim, ele sofreu uma ótima reviravolta. Seu boy apareceu na sua porta hoje de manhã e faltou implorar por perdão de joelhos. Resultado, Kurt não está mais disponível no mercado.

— E você? — Ele sopra a fumaça para cima e solto um suspiro.

— Preciso que você me diga que criei todo um caso sobre algo. — Kurt fica mais atento. — O que você faria se na segunda vez em que transasse com um cara ele te desse uma joia caríssima?

— Ah não, docinho! — Kurt apaga a bituca na lateral do lixo e então joga fora. — O Spencer não fez isso.

— Ele disse que comprou pensando em mim, porque a pedra lembrava a cor dos meus olhos, mas...

— Estamos cansados de ver essa história por aí. E vimos de perto com a Lexi.

— É. — Entrego seu café e ele se senta ao meu lado.

— Posso me fazer de advogado do diabo?

— Só não se esqueça quem é o juiz ouvindo os seus argumentos.

— Já saí da brincadeira. Que o diabo em pessoa represente a si mesmo. — Ele dá um gole em seu café e solto uma risada fraca. — Não vou ser advogado de ninguém, mas quero te dizer algo como seu amigo. — Assinto. — Eu vejo três possibilidades. A) Spencer foi bem-intencionado, então vai ficar remoendo o que aconteceu. Sabemos que ele é inteligente, portanto, vai entender como você se sentiu e voltar para resolver o mal-entendido. B) Spencer quis mesmo te recompensar pelo sexo, mas gosta de você e vai voltar pedindo desculpas e fazendo promessas. Cuidado nessa. C) Spencer te encarou como uma prostitua, nesse caso, vou atuar como seu álibi para que você pegue um de seus Jimmy Choo e enfie os saltos nos ouvidos dele.

Solto uma risada e, graças à magia do Kurt, meu dia acaba de ficar um pouquinho mais leve.

— Eu vou morrer solteira. — Tombo a cabeça no seu ombro.

— Você quer ter filhos? — Ele pergunta com expectativa.

— Sei lá. Por que a pergunta?

— Porque quero te fazer uma proposta. Se você não quiser ter filhos, você pode me doar seus óvulos e me emprestar seu útero para não dar trabalho de procurar uma barriga de aluguel, e então eu crio meus filhos com o meu marido e deixo você morar com a gente. Mas você vai ser a babá.

— Eu não acredito que estou ouvindo essas asneiras. — Levanto a cabeça do seu ombro e a balanço para os lados.

— Sua genética é muito boa para ser desperdiçada. Sua arcada dentária é perfeita. — Ele segura meu queixo e avalia meus dentes. — Eu teria lindos filhos com olhos de felino. Olha que máximo!

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