7 - Me deixa ir

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Ele levantou a cabeça, revelando o rosto inchado por causa do choro. Se ajeitando para ficar mais encolhido da cadeira, Gui se afastou de mim.

Completamente mudo, eu só ouvia seu choro baixo e começava a entrar em desespero por vê-lo daquele jeito e sequer sabendo do que se tratava.

- Guinho, não confia em mim? Sou eu, o seu Lulu, seu tigrinho. Pode me contar qualquer coisa.

Envolvi a cintura dele, o puxando para um abraço e ele chorou mais alto, quase gritando, se afastando de mim e abraçando as próprias pernas.

- Perdão! Eu te machuquei? Desculpe, meu pãozinho.

Percebi uma mancha vermelha na cadeira, só então reparando a mancha mais escura em seus jeans azul, mais precisamente no meio das pernas.

- Guinho, está menstruado de novo? Por que está sangrando? Eu tenho absorventes guardados na mochila.

Acariciei suas costas e procurei sua mão, entrelaçando-a junto na minha e beijando as costas de sua destra.

Lentamente ele se aproximou, afundando o rosto em meu peito e eu pude ver uma quantidade ainda maior de sangue na cadeira, o que me deixou aterrorizado.

Por que ele estaria sangrando desse jeito sem usar sequer um absorvente? Alguma coisa grave estava acontecendo e eu estava morrendo de medo das minhas suspeitas estarem certas.

O choro dele era doloroso e me partia o coração. Meus olhos também começaram a lacrimejar, mas me segurei ao máximo. Eu precisava ser forte por ele.

Estava prestes a perguntar novamente o que havia acontecido, mas ele se pronunciou primeiro.

- Meu padrasto me machucou. - Disse em um fio de voz, me apertando no abraço com todas as forças. - Ele chegou bêbado e começou a me dizer aquelas coisas horríveis que sempre fala. - Seu choro era mais forte e extremamente doloroso. Ele afundou o rosto ainda mais no meu peito, apertando meu moletom com força em seus dedos. - Ele me atacou. - Sua voz saiu trêmula.

Não me segurei quando ouvi aquela última frase. Embora já tivesse ideia do que havia acontecido, ouvir da boca dele e vê-lo naquele estado acabou completamente comigo.

- Guinho, eu estou aqui com você. Ele nunca mais vai encostar um dedo em você, eu prometo. Você nunca mais vai ver aquele desgraçado na sua vida.

- Está doendo muito, Lu. - Sussurrou em meu ouvido. - Eu estou com medo. E se eu... E se tiver um feto dele dentro de mim?

Apertei meus lábios e senti meu estômago revirar só de pensar naquela possibilidade. Pior ainda, imaginar aquela cena tenebrosa acontecendo com o meu menino.

- Guinho, temos que ir no hospital. - Tirei meu celular do bolso, tremendo enquanto procurava o número de minha mãe.

- Não conta pra ninguém, por favor. - Ele segurou meu celular. - O que vão pensar de mim? E se sua mãe me odiar quando souber que eu sou trans? E se ela achar que eu provoquei o meu padrasto? E se ela mandar você terminar comigo?

- Meu amor, eu preciso contar para a mamãe. Eu tenho certeza que ela vai entender e nos ajudar. Eu sei que está com medo, meu anjinho. Olha para mim. - Acariciei a bochecha dele e segurei firme em sua mão. - Confia em mim, confia no seu Luan. Eu não vou sair do seu lado nem por um segundo. Você não está sozinho, meu pãozinho.

Alinhamento Milenar (Taegi)Onde histórias criam vida. Descubra agora