8 - Um dia de cada vez

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Dias depois

Ouvir o choro desolado e senti-lo tremer contra o meu corpo era a pior coisa do mundo. Eu estava sempre prestes a desabar junto dele, mas precisava ser forte. Guilherme precisa de alguém que lhe desse forças, que fosse o seu pilar de sustentação. Eu seria esse alguém, eu estaria com ele até que aquela dor não doesse mais, estaria ali para sempre se fosse preciso.

- Me desculpe, Lu. Eu não queria trazer desgraça para a sua casa. Se não fosse por mim, então você poderia estar na escola com os seus amigos e não cuidando de um coitado. Se eu tivesse voltado para casa mais cedo naquele dia e me trancado no quarto, talvez o meu padrasto não iria me ver e isso não aconteceria.

- Ei, não diga essas coisas. Não peça desculpas por uma situação em que você foi a única vítima. - Segurei o rosto dele, acariciando suas bochechas e não conseguindo conter as minhas próprias lágrimas. - Nunca mais repita essas coisas, Guilherme Min. Você não teve culpa de nada do que aconteceu. Aquele desgraçado é o único filho da puta culpado aqui. O que ele te fez é imperdoável, Gui.

Gui encolheu os próprios ombros e eu o envolvi no meu abraço, deixando que apoiasse a cabeça no meu peito.

- Eu só queria esquecer de tudo.

Acariciei os cabelos da nuca dele, o ajudando para que sentasse no meu colo, assim acolhendo-o melhor no meu abraço.

- Infelizmente não tem como apagar o que aconteceu, meu pãozinho. Eu queria muito mudar o passado e arrebentar a cara daquele desgraçado, mas ninguém pode fazer isso. Mas eu te prometo que vou ficar do seu lado. Caso você sinta medo ou tristeza, é só me chamar e eu vou te abraçar e te proteger de qualquer coisa. Guilherme Min é meu namorado e ninguém vai encostar no meu pãozinho.

Beijei a testa dele e, com um sorriso no rosto, um dos primeiros que vi em muito tempo, ele deixou um beijo na minha bochecha.

- Eu fiz o seu café da manhã. - Me levantei da cama junto dele, o segurando pela cintura para que não corresse o risco de se machucar.

- Meu Deus, esse Luan Kim é pra casar. - Gui comentou ao ver a mesa de café da manhã posta. - Obrigado, Lu.

- Não precisa agradecer, Guinho. Quando nos casarmos, eu prometo que farei cafés da manhã ainda mais caprichados do que esse.

Me servi de um pedaço de bolo de chocolate, colocando outro em um pratinho para ele.

- Não vai comer pão, Lu? - Ele me estendeu uma metade do pão dele.

Neguei. - Eu comi bastante com a mamãe e o Miguelzinho hoje de manhã cedo.

Certamente que admirar Guilherme Min com as bochechas infladas de comida eram a coisa mais satisfatória desse mundo. Eu passaria horas o vendo comer.

- Então o senhor Luan Kim pensa mesmo em se casar algum dia? - Gui perguntou enquanto pegava uma boa colherada das frutas em cubos.

- Mas é claro! Bem, mas eu só caso se for com um tal Guilherme Min. Caso contrário, nem vale à pena.

Peguei o guardanapo e dobrei bem fininho, fazendo um formato de anel e o colocando na frente dele.

- Guilherme Min das bochechas de pãozinho, você aceita casar comigo? - Ele estendeu a mão e eu coloquei o anel.

- É claro que aceito, Lulu.

Demos um selinho e ele voltou a comer o pão, agora no último pedaço.

Alinhamento Milenar (Taegi)Onde histórias criam vida. Descubra agora