22 - Eu te amo por inteiro

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Dia 15 de julho, de manhã cedo. O tempo estava frio e chuvoso, mas o sorriso nos lábios do meu Guigui deixavam o quarto iluminado como em um dia ensolarado de verão, daqueles que o calor é tão escaldante dentro de casa ao ponto do ventilador começar a soprar ar quente direto na sua cara, mas a alta temperatura era extremamente bem-vinda quando se estava passando o dia na praia.

- Lulu, vamos na praia quando eu estiver recuperado? - Guilherme se sentou no leito após ajustar a camisola de hospital que ficava aberta atrás, mas ele ainda usava uma cueca enquanto não era chamado para o centro cirúrgico.

- Claro, pãozinho. Vamos tomar água de coco e fazer castelos de areia com o Miguelzinho. Podíamos até pedir uma caipirinha. - Dei um sorriso ladino.

- Cachaceiro. Eu aceito. Será que vão demorar para chegar? Disseram que a cirurgia seria de manhã, mas talvez atrase um pouco. Eu já estou morto de fome.

- Pobre do meu pãozinho. - Apertei as bochechas, agora mais gordinhas.

Como uma confirmação de que tudo estava no caminho certo, uma semana depois de Guilherme deixar o emprego no supermercado e resolver focar no próprio bem estar, recebemos uma ligação avisando que a cirurgia já havia sido marcada. As semanas seguintes foram do meu Guigui se alimentando tão bem que começava a competir com Rafael pelo nível de comilança, mas as refeições reforçadas e as noites de sono tranquilas foram o santo remédio para que o Min exausto e abatido voltasse a ser o garoto bochechudo dos lábios corados que eu conhecia.

- Ah, eu queria tanto um pãozinho com manteiga e um copo de café com leite morno. - Gui acariciou a própria barriga por cima da camisola.

- O canibalismo não pode parar. - Neguei com a cabeça.

- Você devia trabalhar de comediante, Lulu. - Ele segurou minha mão e entrelaçou nossos dedos. O rostinho alegre e descontraído se tornou amedrontado.

- O que foi, meu menino? - Acariciei as madeixas negras como a noite que caíam graciosamente sobre a testa e uma ou outra sobre os olhos, dando um ar ainda mais adorável para o garoto bochechudo de olhos afiados por quem eu era perdidamente apaixonado. - Parece triste.

- Estou com um pouquinho de medo, Lu. Tantas pessoas morrem em cirurgias todos os dias. É aterrorizante pensar que vão abrir a minha pele, tirar coisas, cortar e costurar como se eu fosse um boneco. Tenho medo de morrer.

Envolvi a cintura dele com um dos braços e lhe dei um carinho nas costas.

- Não vai não, meu pãozinho. Você vai entrar naquela sala de cirurgia, depois vai sair com o seu sonho realizado e um sono absurdo por causa da anestesia. Mas fica tranquilo que o seu Lulu aqui vai cuidar de você. Confia nas minhas palavras, você vai sair de lá com a cirurgia feita e eu estarei te esperando.

Era um fato que eu estava apavorado com a ideia do meu pãozinho ir para um centro cirúrgico para ficar horas sendo manipulado por outras pessoas. Eram tantos os riscos em uma cirurgia séria e demorada como aquela e eu estava apavorado. Mas naquele momento, eu queria passar confiança para o meu namorado, queria que ele se segurasse em mim para não sentir mais medo, queria ser o porto seguro dele e é isso que eu faria. Sou capaz de fazer qualquer coisa para ajudá-lo e irei estar ao lado dele durante todo esse processo. Mesmo que eu estivesse apavorado por dentro, eu me manteria firme por fora e cuidaria do meu futuro marido.

- Promete que vai estar aqui, Lulu?

- Eu prometo, pãozinho. - Entrelacei nossos mindinhos e toquei as pontas dos polegares, dando-lhe um beijo para selar a promessa.

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