Rain on Me

38 6 11
                                    

- Essa é a minha decisão. - Foi o que eu falei pra Leo depois de desabafar sobre tudo desses últimos dias, e sobre a minha decisão de esquecer de uma vez Lorena e focar só em Pimenta.

- Camila, já tá cansada de saber que te amo e só quero o teu bem, né? Mas tipo, tu tá tomando decisões erradas ultimamente.

- Decisões erradas?! Tu não ouviu o que eu acabei de falar?

- Lorena foi imatura em retribuir com você na mesma moeda, mas não justifica você ficar com Gabriel.

- Não justifica? Prefere que eu fique sofrendo por uma vocalista?

- Não, prefiro que tu não se machuque de novo.

- Eu não vou errar de novo.

- Já está errando.

Não.

Pimenta não era nada comparado a ele. Eles não tinham nem o branco do olho semelhante.

- Posso estar errando, mas é a minha escolha. - Falei me afastando da grade da praça e sai sem olhar pra trás.

- Arrivederci Leonardo. - Foi a última coisa que eu falei ao olhar aqueles cabelos azuis pela última vez naquele dia. (no caso, antes de ontem)

Depois, a última coisa que fiz antes de sair do bairro foi dar uma olhada bem funda nos olhos da estátua do homem pelado, desejando ser uma pedra e também não sentir nada.

Isso ficou confuso, preciso voltar um pouco. Tudo começou quando depois de tanto chorar de raiva e stalkear o perfil de Pimenta, Bianca e Lorena até o amanhecer, decidi pegar o carro de um desconhecido (Uber) e fui até o bairro Roma sem a pretensão de acabar em uma overdose de gelato de abacaxi ( com a adição de uma calda de caramelo) e críticas. O que Leo pensa sobre o letreiro da borboleta? Ele não acredita que o letreiro da borboleta magenta seja um sinal divino, acha que é apenas uma coincidência, um acaso do destino. Acredita que estou interpretando tudo errado, me deixando levar pelas minhas emoções. Mas não é bem assim, (eu acho) minha emoções não me controlam.

Até agora à pouco eu estava sentada vendo a hora passar na terceira cadeira da fila da parede, um lugar que geralmente evito por causa do meu colega "cheiroso" da frente, me encontro em um mar de sensações... digamos... "desagradáveis". O cheiro dele, uma mistura de suor azedo, desodorante barato e algo que me lembra vagamente um animal em decomposição, me faz questionar se o nariz humano realmente foi feito para sofrer tanto. Mas aí, como um raio de esperança cortando a escuridão que a aula de matemática me causava. a porta se abre e a professora Júlia surgiu, como a mesma cara rígida mas ao mesmo tempo amigável de sempre.

- Alunos do curso teatral, por favor sigam-me até o teatro. - Ela falou antes de dar as costas e deixar a porta aberta.

Chegando lá, os alunos dos outros anos já estavam sentados nas cadeiras da plateias, todos ansiosos e alguns até meio nervosos, porque desde a última aula (tive outras aulas de teatro sim, mas não consegui comentá-las aqui, espero que algum dia se alguém ler isso, entenda que com a correria que é minha vida não é fácil lembrar de escrever tudo, perdão LPDFC) os professores tem nos deixado ansiosos com a grande surpresa que eles prometeram. Apesar da ansiedade decorrente de duas semanas consecutivas, as aulas de teatro são como uma grande válvula de escape pra mim, quando subo no palco posso parar de pensar em amores, amizades, decisões e até mesmo em perder o horário do ônibus; posso deixar de se Camila Martorano e me tornar Julieta Capuleto ou até mesmo a Glinda dançando popular em X. Em cima do palco eu posso esquecer quem eu sou.

- Deve estar pensando em algo muito bom pra estar sorrindo assim.. - A voz feminina interrompeu meu pensamento feliz e me tirou do transe.

- An? Ah, oi Ell!Não te vejo desde o jogo.

Entre Papos, Gatos & Café Gelado.Onde histórias criam vida. Descubra agora