Entre Papos, Gatos & Café Gelado.

Estrelas também Choram.

Escutar conselhos de idosos, pra mim, é definitivamente um erro. Dona Celeste disse que começar a ver Preconceito e Paixão iria mudar a minha vida, e realmente mudou, só que pra pior. Luiza e Tom(os protagonistas da novela) nunca se resolvem, por mais que sua paixão os motive, o preconceito entre as famílias não permite que eles fiquem juntos. Se eu soubesse que iria ficar louca por uma novela de velho, nunca teria começado a ver.

Como quase todo dia na escola, a biblioteca tem sido meu lugar de conforto. Os livros da prateleira de fantasia tem sido meus favoritos, apesar de ser realista e marrenta na maioria do tempo, os livros são o único lugar em que posso me tornar uma princesa boba ou até mesmo uma feiticeira poderosa, com a do livro que eu continuaria lendo se uma japonesa enxerida não me interrompesse.

— Ei Camila, Ei! - Ela me cutucava sem parar.

— Oque é Sayuri?! Não se pode nem ler um livro?!

— A Diretora tá na sala, boba, vem logo! - Sayuri me puxou pelo braço (uma coisa que ela faz com frequência) e me arrastou pelo corredor até chegar na nossa sala. A Sr.ª Santino tinha a cara séria e enjoada, tanto que até hoje, custo a acreditar que Lorena saiu do útero daquela mulher.

— É com grande honra e satisfação que venho por meio deste comunicar que as aulas de teatro terão início na data de hoje. - Diretoras sempre escolhem as palavras que dão mais sono aos adolescentes.

— Então contrataram o professor? - Sayuri fazia cada pergunta besta.

— O que você acha Sa?! - Amava colocar deboche nas palavras, me sentia como um Leo.

— Não só um, como dois! – A Diretora falou em alto e bom tom.

— DOIS?! – A sala falou toda ao mesmo tempo. Dois professores de teatro, isso era normal?

— A Santino de tão velha deve estar ficando louca, dois professores? -  Luana, a garota que quase não ouvia a voz falou com malícia pra Isabella, que como quase sempre, deu um sorriso sarcástico enquanto olhava a diretora de cima a baixo. 

O murmurinho começou e todos estavam confusos com a decisão da escola, mas como qualquer barulho que a incomoda, a Sr.ª Santino deu um jeito de parar.

— SILÊNCIO 1° B!! -  A megera gritou e a sala enfim, ficou em silêncio.

— Como dizia, tomei a decisão de escolher dois professores competentes e altamente qualificados para as aulas de teatro já que a turma do curso cresceu bastante esse ano. Um professor só não seria capaz de controlar adolescentes de todos os anos do ensino médio dentro de um palco teatral, por isso, deixem suas queixas ou dúvidas de lado e se dirijam EDUCADAMENTE ao palco de teatro da escola. - Ela falou enquanto saia da sala com aqueles saltos que faziam um barulho inconfundível.

O palco não fica perto do prédio principal, então as turmas do primeiro ano tiveram que seguir aquela general de salto por uns 15 minutos até a entrada do palco de teatro. Diferente da diretora, o lugar é como um sonho, quando você entra lá, é como se estivesse entrando em um mundo totalmente diferente. As cortinas são tão enormes que dá até vontade de se perder nelas, cheias de detalhes e cores vibrantes. As luzes são o ponto alto, criando uma aura meio mágica que transforma aquele lugar em algo especial. E os camarins? Os camarins são como pequenos refúgios para os artistas, com espelhos enormes e montes de espaço para se arrumar e se preparar para brilhar no palco. E falando em palco, ele é simplesmente incrível! Gigante e imponente, pronto para receber qualquer performance e fazer com que todos se sintam parte de algo realmente grandioso. É o lugar perfeito para deixar a imaginação voar ou…

— Hahaha, Caiu princesa? - Isabella ria com Luana enquanto as duas me olhavam do alto do palco enquanto eu, bom, estava no chão.

— CAMI,VOCÊ TÁ BEM?! - Sayuri gritou e me puxou pela mão.