Vermelho Intenso

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Já são oito da manhã do sábado que parecia tão longe há uma semana atrás. Nessa semana tinha acontecido tanta coisa, o trabalho de química foi um fiasco, Isabella comprou um telefone novo e Luana foi pega com o namorado da outra. Mas nada disso teve muita importância, já que minha cabeça só pensava em uma coisa.

— Você já serviu a mesa oito? Já é a quarta vez que ela me cobra. - Estava tão aérea que até esqueci de servir o café da velha de óculos.

— Desculpa Leo, já tô indo. - Falei enquanto pousava minha mente e pegava o café preto com uma tapioca de queijo.

— Ainda com dúvida sobre aquilo? - Leo falou assim que eu voltei ao balcão.

— Sim, eu não sei qual escolher.

— Não sabe?! Mas é óbvio, Camila! Lorena é a única opção! -  Ele nem tenta disfarçar que está torcendo por Lorena.

— Não?!

— Pelos céus Camila, é tão óbvio, Lorena é a única opção!

— Não é.

—  Pelos deuses do café, Camila! É a escolha mais clara do universo! Basta ter um mínimo de bom senso!

— Eu… não sei.

—Se você tivesse um jeito de ver os dois ao mesmo tempo, seria ótimo, né? Mas como a sua única opção é…. - Impedi que Leo terminasse a frase, porque apesar de ele ter falado na ironia, ele tinha acabado de me dar uma grande ideia.

— É ISSO! - Gritei tão alto que além de Leo, a Diachef e todo café ouviram meu grito de felicidade.

O primeiro jogo do campeonato e a banda na rádio iam ser praticamente no mesmo horário, mas hoje de manhã, Lorena me avisou que eles foram adiantados por causa da desistência de  um cantor de brega, então agora a diferença era de uma hora entre um e outro, então se eu conseguisse sair um pouco mais cedo da apresentação da banda, chegaria no estádio sem perder nenhum gol do time da escola. Mas pra isso, teria que abandonar meu emprego, pelo menos por algumas horas.

— OBRIGADA LEOZINHO, EU TE AMO! - Beijei a testa de Leo em um pulo e sai correndo pra sair o mais rápido possível do café.

— An? Que? Pra onde você vai?! - Ele perguntou muito confuso.

— Preciso ir pra casa! - Falei enquanto já tirava a redinha do meu cabelo.

— Vai me deixar aqui sozinho?! - Ele falou com indignação, e até um pouco de revolta.

— Fica tranquilo lindo, segura as pontas aí pra mim, te dou parte do meu salário depois. - Mesmo emburrado, ele aceitou.

— Tchau, Fui! - Coloquei o casaco amarelo por cima e me aproximei da porta dos fundos.

— E se a Amanda perguntar por você? O'Que eu digo?

— Fala que minha vó ligou, e que sou uma princesa agora.

— Tipo a Mia Thermopolis? - Leo perguntou fazendo uma coroa com as mãos sobre a cabeça.

— Isso! - Até parece, isso daqui pode ser tudo, menos o diário de uma princesa.

Peguei o ônibus às 12h e cheguei em casa pouco antes das uma da tarde, então a pressa não era exatamente o meu problema, mas sim o'que vestir. Antes de procurar comecei a encarar aquele guarda roupa espelhado na esperança de que ele começasse a falar e começasse a criar uma roupa incrível pra mim, como na Bela e a Fera, sabe? mas obviamente não rolou, então o jeito era começar a revirá-lo.

Comecei a atirar as roupas pro ar uma atrás da outra, e quando parei percebi, quase todas estavam espalhadas pelo quarto e nenhuma me agradava. Calça e regata? Ok, mas meio básico. Vestido floral? Fofo, mas zero chance de ir em um jogo com isso. Vestido preto tubinho? Nem era uma opção. Cada peça grita "me usa!", mas nenhuma me convencia, seria ótimo se roupas mutantes existissem, tipo um vestido que vira traje de futebol com um toque de rock! Mas a realidade teima em ser normalzinha.

Entre Papos, Gatos & Café Gelado.Onde histórias criam vida. Descubra agora