Mexicanos ou Chineses?

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 Ele tinha chegado. O último fim de semana antes do fim da minha liberdade (fim das férias.) A partir de segunda eu me tornaria uma escrava do sistema educacional brasileiro mais uma vez. Não me levem a mal, apesar de “gostar” de estudar, voltar a ver equações e textos enormes não era algo que eu almejava por agora. (nem nunca)

         Chamei Leo pra sair  mas ele não podia, trabalho da faculdade ou algo assim, se não tinha o meu Sancho pança hoje, teria que dar uma de Dona Quixote sozinha. E antes que vocês deem uma de Dona Alzira, eu não sou uma desocupada e tenho muita coisa pra fazer! De Quinta pra Hoje eu fiz muitas coisas: Faxinei toda a casa, fui no Dentista e ainda levei Nala no veterinário (Minha outra gata ,a do meio, e não, ela e Simba não são um casal.) Então eu posso ser tudo, mas não, Desocupada.

       Vocês tem a sensação que não conhece a própria cidade que nasceu? Eu as vezes tenho ela. Tem muitos lugares de São Pedro que são verdadeiras incógnitas pra mim, por isso decidi que hoje vou descobrir oque essa cidade ainda tem pra me surpreender.

      A rodoviária estava sempre cheia de ônibus que levavam pra todos os cantos desse município, tinham uns que iam pra Casa Rosa e outros iam parar pro lado do Litoral, mas como uma sem rumo (sem rumo sim, irresponsável não! avisei pra Mainha que ia sair de casa e se eu não voltasse antes das 18h, podia ligar pra polícia) eu decidi pegar o que achei bonitinho. Era um zul grande do estilo sanfona e estava escrito Avenida BoaLuz no letreiro de Led. Se não me engano, fica pro lado da Zona Central da Cidade, sabem a Liberdade de São Paulo? Dizem que a Avenida Boaluz é a versão de São Pedro do Bairro Japonês.

       Por mais que o ônibus passando rápido pelas ruas movimentadas e o barulho dos carros e motos me distraíssem, eu não conseguia deixar de pensar no início das aulas na escola nova. Pode parecer bobo mas é que além de eu estar em um lugar completamente novo (eu passei em uma prova pra ganhar uma bolsa de estudos, não poderia pagar a mensalidade nem se trabalhasse o dia todo) eu não conheço absolutamente ninguém, oque me enche de ansiedade. tenho medo de ficar sozinha ou pior, fazerem comigo algo semelhante oque um certo moço  fez com uma loira cantora no VMA de 2009.

— Calma Filho, Mamãe tá aqui agora. – Nos bancos da frente tinham uma mãe e um filho pequeno, não pude deixar de prestar atenção na conversa, ela parecia consolá-lo por alguma coisa.

— Mas mamãe, eles riram e zombaram de mim mas eu não contei nenhuma piada. -  O garotinho falava entre soluços enquanto enxugava as lágrimas, estava vestido com uma roupa de princesa Aurora, deve ter sido esse o motivo da zombaria, já que até os “adultos” do ônibus olhavam torto pra ele.

— Calma, Não liga, você tá lindo meu amor! – A Mãe parecia quebrada por dentro, mas segurava o choro, porque querendo ou não, ela era o porto seguro dele naquele momento.

— Você tem Certeza? Não mente pra mim. – Um pequeno sorriso apareceu mas denovo foi substituído pelas lágrimas.

— Tenho sim! Tenho sorte de ter você como filho meu amor! Nunca conheci criança tão forte e gentil como você, e além do mais, você fica IN- CRÍ- VEL com qualquer roupa, de aurora não seria diferente. – Ela começou a lacrimejar, mas a lágrima não caiu. Ele finalmente sorriu, foi quando ela completou:

— Escuta meu amor, em toda a nossa vida vamos nos deparar com situações em que as pessoas podem nos achar estranhos, podem zombar de nós ou nos excluírem por não conseguirem nos entender ou por medo do que é diferente, mas não estamos errados em ser quem somos, pelo contrário, é sempre oque devemos ser, independente se as pessoas aprovam ou não, vamos brilhar, as vezes mais, as vezes menos, onde quer que fomos se formos nós mesmos! – Falou ela enquanto abraçava ele enquanto desciam na parada do ônibus. Quando me dei conta quem estava chorando era eu; não foi pra mim, mas com certeza foi algo que eu precisava ouvir.

Entre Papos, Gatos & Café Gelado.Onde histórias criam vida. Descubra agora