Sempre Foi Você - Malila

02.

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POV MARÍLIA

Apesar de ter muito trabalho a fazer, não consegui parar de pensar na Maraísa em nenhum minuto sequer. O mesmo aconteceu quando fui pra casa e entrei no vazio do apartamento em que eu morava desde que me mudei para São Paulo, aos dezoito anos. Meus pensamentos nela se seguiram durante a noite, enquanto eu jantava, enquanto tomava banho e enquanto tentava dormir.

Por conta da inquietação, decidi telefonar para minha mãe, por conta disso e para saber como o meu pai estava.

-Alô?

-Oi, mãe!

-Oi, meu amor!

-Como a senhora tá?

-Bem e você?

-Bem. -fiz uma pausa. -Como está o papai?

-Indo.

-Isso significa que ele ainda não melhorou, certo?

-É, mas ele vai ficar bem. É só um resfriado mais forte, Marília, você não devia se preocupar tanto.

-Mãe, eu me sentiria mais segura se vocês abandonassem esse fim de mundo e viessem morar perto de mim.

-Pode esquecer! Não vamos deixar a fazenda nas mãos de qualquer pessoa. -fez uma pausa. -E falando assim, você até parece as meninas do Marco.

-Eu mesma falava esse tipo de coisa quando ainda estava aí, antes mesmo delas falarem.

-Não é verdade, você gostava daqui quando era menor e só começou a falar assim e ter essas ideias por influência delas.

-Que seja. -dei de ombros. -Por falar nas meninas do Marco, você não vai acreditar. Eu vi a Maraisa hoje no hospital.

-Tá brincando? Eu não vejo essa menina desde que ela foi embora. Só sei sobre ela raramente quando a Maiara telefona.

-É, mãe, eu também não sabia nada sobre ela, não até agora.

-Aconteceu alguma coisa com a Maraisa?

-Ela e a família sofreram um acidente. O filho dela está em estado grave.

-Meu Deus, Marília, que pecado! Espero que ele saia dessa.

-Eu também, mãe.

-Vou orar por ele.

Fiquei mais algum tempo conversando com a minha mãe e logo desliguei. Graças a Deus, após conversar com ela e desabafar, consegui adormecer.

~•~

Carla Maraisa também foi a primeira pessoa em quem pensei assim que acordei. Eu estava preocupada, com ela e com o seu filho. Também estava chateada por não ter sido reconhecida e em choque e feliz por vê-la novamente após tantos anos, mesmo que em uma situação ruim.

Após me arrumar, dirigi até o hospital e estacionei na minha vaga costumeira. Andei pelos corredores cumprimentando alguns companheiros de profissão e alguns familiares conhecidos.

Trabalhei durante algumas horas antes de encontrar a Gabriela e ser avisada de que Maraísa havia tido alta, o que me deixou muito feliz. Minha amiga também me contou que a cirurgia do Miguel, no dia anterior, havia sido um sucesso e, que apesar de ainda estar em um estado delicado, os médicos estavam esperançosos.

Mais tarde, assim que terminei de organizar algumas coisas, decidi ir até a cafeteria, eu precisava de um café para acordar, afinal, minha noite de sono não havia sido das melhores. Quando estava chegando no meu destino, a avistei. Ela parecia pior do que ontem, seus olhos estavam cansados e com olheiras e seu corpo parecia muito tenso.