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POV MARAISA

Tentei respirar, mas o ar não chegava até os meus pulmões. Me debati desesperadamente e tentei reagir, mas não consegui. Suas mãos apertaram o meu pescoço e depois me chacoalharam de um lado para o outro.

Aos poucos, abri os olhos e fui tomando consciência. Vi Fabiano, ele me observava com fúria e não estava com a menor paciência para a minha demora em acordar.

-O que você fez, sua vagabunda? -perguntou bem próximo ao meu rosto, com uma raiva descomunal.

Me sentei na cama em estado de alerta.

-Do que você tá falando?

-A polícia tá aí.

-Policia? -franzi o cenho, confusa.

-Houve uma denuncia de cárcere privado. Me denunciaram, Maraísa!

Não pode ser!

-O que você fez, sua puta? -cuspiu as palavras com ódio e deixou um aperto no meu braço enquanto ainda chacoalhava o meu corpo.

Eu estava fodida. Eu não havia feito nada, mas estava fodida.

-Nada. Eu juro que não...

-Presta bem atenção. -me interrompeu. -Agora, nós vamos lá fora e você vai falar para aquele policial idiota que é tudo mentira, entendeu? Vai dizer que eu sou o melhor marido do mundo e que deve ter sido algum engano porque eu jamais faria algo contra a minha querida esposa.

Assenti freneticamente enquanto era arrastada quarto a fora.

-E lembre-se, você pode até tentar fugir, pode até ter a falsa sensação de que a polícia está do seu lado, mas ela não está. Ela pode te proteger por um curto período de tempo, mas depois, eu vou te encontrar de novo e aí...

Não precisa nem dizer. Eu já sei o que vai acontecer.

-E mais uma coisa. -segurou o meu queixo com brutalidade e aproximou os nossos rostos. -Você não é ninguém e não tem ninguém além de mim! Bem ou mal, eu sou a única pessoa na sua vida, a única que está disposta a continuar com você e te carregar pra sempre, porque você é um fardo.

Assenti, sentindo o quão dolorosa eram suas palavras, dolorosas e verdadeiras.

Fabiano não me deixou nem respirar ou organizar as ideias e, quando percebi, já estávamos no portão, de frente para um policial.

Minha cabeça era uma confusão danada, um misto de choque, adrenalina e medo, muito medo.

-Olá, senhora. -o policial me cumprimentou.

-Oi.

-Você é Carla Maraisa?

-Sim, sou.

-Nós recebemos uma denúncia.

-Denúncia? Que denúncia?

Eu me esforçava para conter o tremor na minha voz.

-Tem a ver com a senhora. -continuou. -Podemos falar em particular?

O policial encarou o meu marido, num pedido silencioso para que ele nos deixasse a sós. Fabiano assentiu e sugeriu que o policial entrasse para que pudéssemos conversar melhor, além disso, até ofereceu café e se fez de ótimo marido e excelente homem. O policial negou e disse que podíamos conversar ali no portão mesmo.

Fabiano concordou e se retirou, mas antes, me lançou um último olhar ameaçador, como quem dissesse: "vê lá o que você vai dizer!".

-A denúncia é referente a cárcere privado. -disse assim que o meu marido desapareceu de vista.

Sempre Foi Você - Malila Onde histórias criam vida. Descubra agora