09.
POV MARAISA
Antes do jantar com a Dona Ruth e o Seu Mário, Marília havia me ignorando por dias. Eu não caía naquele papinho de que ela estava ocupada, não mesmo! Só Deus sabe o quanto senti sua falta, a saudade era tanta que chegava a doer, o que me deixava extremamente confusa. Por que eu sentia tanto a sua falta?
O fato dela ter me ignorado, me deixou magoada, mas mesmo assim fui atrás dela na ONG e passei um bom tempo lhe admirando em silêncio, observando como era bonita a maneira que ela estava tão concentrada nas dezenas de papéis em cima da mesa. Marília era uma mulher bonita e atraente, ela tinha alguma coisa capaz de prender qualquer pessoa, alguma coisa especial.
Depois que lhe mostrei a foto, a loira pareceu sair da sua postura defensiva e conseguimos manter uma conversa normal. Voltamos para a nossa costumeira relação, a relação que me fazia extremamente bem e que me mantinha viva nos últimos tempos.
~•~
Cerca de alguns dias após o jantar no apartamento da Marília, em uma sessão de terapia, minha psicóloga sugeriu que eu arrumasse uma ocupação, algo para estudar ou um emprego, ela disse que ficar o dia todo presa dentro de casa não era muito aconselhável. E ela tinha razão, eu queria me sentir útil e menos solitária.
Cheguei a comentar sobre isso com a Marília e recebi muito apoio da sua parte. Combinamos que ela me ajudaria a fazer um currículo e que na próxima sessão de terapia eu me candidataria a uma vaga de balconista em uma papelaria próxima a ONG. Mas primeiro eu teria que falar com o Fabiano.
Naquela mesma noite, resolvi abordar o tema com o meu marido. Ele parecia animado e calmo, então era uma boa oportunidade.
-Amor, o que você acha de eu arrumar um emprego?
-E por que isso agora, Maraisa? -me olhou com uma certa desconfiança.
-Ah, por nada, eu só acho que seria bom ocupar a cabeça, fazer alguma coisa diferente, sabe? E eu podia te ajudar financeiramente também.
-Eu não preciso de ajuda financeira de uma mulher e você sabe disso. Quem provê as coisas para esse lar sou eu.
-Claro, sempre foi e sempre será você, mas seria legal ter o meu próprio dinheiro e não te pedir mais nada, entende?
-Ih, papinho de mulher independente? Eu passo. -revirou os olhos. -Mas até que você tem razão. Assim, eu não precisaria te comprar mais nada, me pouparia muito.
Como se você me comprasse alguma coisa, né?
-E então? Eu posso? -perguntei com esperança.
-Pode. -assentiu. -O Ricardo, aquele meu amigo do trabalho, sabe? Ele deve ter alguma vaga pra você e...
-Não, não precisa. -o interrompi. -Eu já encontrei um lugar que está contratando perto da terapia, é numa papelaria.
-Eu me sentiria mais seguro se você trabalhasse por perto, onde eu possa saber o que está acontecendo. Você nunca trabalhou e eu fico preocupado, quero cuidar de você.
Cuidar ou me vigiar? Isso se encaixava em muitas coisas que a minha terapeuta havia dito. Fabiano estava tentando me controlar. Não! Claro que não! Ele faz isso porque me ama, porque quer me proteger, é óbvio! Não é? Droga, Maraisa! Pare com isso!
-Não quero estar em um emprego só porque alguém me apadrinhou ou algo do tipo, quero conseguir sozinha, por mim mesma, através da minha capacidade.
-Outra vez essa conversa de mulher independente e auto suficiente? Você sabe que eu odeio esse tipo de coisa! Nós somos um casal, dependemos um do outro, você depende de mim, Maraísa! Dá onde você tirou toda essa conversa fiada? Aposto que é daquela tal de Marília!
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Sempre Foi Você - Malila
Fiksi PenggemarMarília nunca se esqueceu do seu primeiro amor. Agora, aquela adolescente que ela tanto amou já é uma mulher, totalmente diferente e está precisando de ajuda. Marília estará lá para ajudá-la, ela sempre fez e sempre fará qualquer coisa por Carla Mar...