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POV MARAISA

"Maraisa, me prometa que nunca vai deixar de procurar a verdadeira felicidade. Não importa o quanto ela demore a chegar, me prometa que não vai desistir nunca. Marília."

Suspirei após ler a mensagem pela décima vez. Por que a Marília tinha que ser tão... perfeita? Por que ela tinha que ser tão cuidadosa, tão carinhosa e tão protetora? Eu não conseguia tirar ela da minha cabeça. O que diabos estava acontecendo? O que eu podia fazer para parar de pensar nela? Talvez no fundo eu já sabia o que aquilo significava.

Imediatamente, escutei o barulho da chave na fechadura. Caminhei em direção a cozinha, ainda com o livro em mãos, e o deixei em cima da mesa.

-Chegou cedo hoje. O que aconteceu? -perguntei assim que vi Fabiano.

-Nada, ué! Só quis passar um tempinho a mais com a minha esposa. Larguei o trabalho mais cedo só por isso, só por você.

-Mas... mas eu ainda nem terminei a janta e...

-Nós vamos jantar fora.

O que?

-Por que? -franzi o cenho.

-Não posso te levar pra jantar?

-Pode, mas...

-O que é isso aqui? -me interrompeu e apontou para o livro em cima da mesa. -Dá onde tirou esse livro? Não é nenhum dos que você já tem.

-A Marília me deu.

-A Marília, é? -arqueou a sobrancelha e me olhou.

-Aham.

-Tem certeza que foi a Marília?

-Ué, quem mais além da Marília poderia me dar um presente?

-Não sei, Maraísa. Me diz você.

Era incrível como ele desconfiava de mim, mesmo eu nunca tendo dado motivos.

-Foi a Marília. -insisti.

Fabiano pegou o livro e analisou sua capa meticulosamente. Torci para ele não abrir e ler a dedicatória, senti minha respiração pesar com essa possibilidade. Segundos depois, meu marido jogou o livro em cima da mesa de novo.

-É, faz sentido. Só aquela imbecil pra te dar uma coisa assim.

Imediatamente, senti meu sangue ferver.

-Vê lá como você fala dela! -rosnei, extremamente irritada.

Fabiano me olhou de modo duro.

-O que é, Maraísa? Tá estressadinha?

-Não, é só que...

-Vê lá VOCÊ como fala comigo! -me cortou bruscamente. -O que tá acontecendo? Você não é de falar assim. Aposto que é influência dessa sua amiga moderninha ou daquele povinho idiota daquela ONG.

Não respondi, permaneci em silêncio e, mesmo morrendo de raiva, consegui me controlar.

-Você que não tome juízo que eu acabo com essa sua festinha em dois segundos, ouviu? Você para de frequentar a terapia e de ver essa tal de Marília, entendeu?

Silêncio.

-Entendeu, Maraísa? -berrou.

-Entendi. -assenti, cheia de ódio.

-Agora vai fazer a porra da janta porque você me estressou, não vamos mais sair pra comer fora coisa nenhuma!

~•~

Sempre Foi Você - Malila Onde histórias criam vida. Descubra agora