34.
POV MARAISA
Dia 21. Finalmente dia 21.
Observei o carro preto estacionar no meio fio. Imediatamente, senti meu coração palpitar mais forte e minhas pernas tremerem. Angélica, uma das funcionárias da clínica, apertou a minha mão, tentando me passar conforto.
Logo, a porta do carro se abriu e vi minha irmã. Maiara sorriu no mesmo instante em que seus olhos se encontraram com os meus. Desviei meu olhar por poucos segundos, observando fixamente a porta do passageiro, torcendo para ela se abrir. Mas para o meu completo desgosto, não foi o que aconteceu. Não havia mais ninguém no carro.
Quando me dei conta, Maiara já me envolvia em seus braços, então deixei a questão anterior para lá. Era bom ter a minha irmã aqui. Maiara e eu não nos víamos há três semanas, e pode parecer pouco tempo, mas para quem está há cerca de cinco meses num lugar como esse, esses vinte e um dias se tornam uma eternidade.
Ao contrário do que todos pensavam, Fabiano não havia atirado em mim, eu mesma havia feito isso. Tentei me matar, mas Deus fez um milagre e intercedeu na minha vida. Agora, eu agradecia aos céus por aquele tiro não ter sido fatal.
Quando acordei no hospital, após um mês em coma, e vi o estado extremo de cansaço físico e emocional em que minha irmã se encontrava, me arrependi, me arrependi e me senti o pior e o mais egoísta ser humano do mundo. Porém, apesar do arrependimento, ainda existia uma voz na minha cabeça dizendo para que eu tentasse outra vez. Por isso, aceitei que Maiara e todos que estavam cuidando de mim tomassem medidas drásticas.
Cinco meses. Após sair do hospital, passei cinco meses numa clínica psiquiátrica. Eu estava quebrada, completamente insana, em um início de surto psicótico e precisava de tratamento. Eu estava doente.
Já no meu novo lar, eram três sessões com a psicóloga por semana, além de remédios controlados e terapias ocupacionais, como aulas de desenho, música e artesanato.
Por minha causa, Maiara se instalou em São Paulo. Ela queria acompanhar o meu tratamento de perto e deu um jeito de arcar com todos os custos da clínica. Sou muito grata a ela por tamanho ato de generosidade e amor.
Agora, eu estava pronta para ir embora e recomeçar. Minha alta era parcial, já que eu ainda teria que voltar na clínica uma vez por mês e devia frequentar a terapia toda semana. Mas já era um avanço, um avanço enorme e que me deixava muito feliz.
Maiara abriu a porta do carro e me colocou para dentro. Depois, colocou os meus poucos pertences no banco detrás e entrou pela porta do motorista. Acenei para algumas pessoas que cuidaram de mim na clínica e que nos observavam do portão, pessoas incríveis e que estavam felizes pela minha melhora. Maiara buzinou e logo deu partida no carro.
-Como está se sentindo? -perguntou após alguns poucos segundos de silêncio.
-Bem.
-Mesmo? -me olhou de rabo de olho.
-Mesmo.
E era verdade, eu me sentia muito bem. Óbvio que ainda existiam algumas questões, afinal, eu estava doente e esse tipo de problema não passa de um dia pro outro.
-O que quer almoçar?
-Tenho alguma chance de conseguir um lanche? -perguntei, esperançosa.
-Você não tem jeito, ein! -negou com a cabeça e riu. -Mas acho que posso te conceder esse pedido.
-Obrigada. -sorri.
Maiara assentiu e continuou a prestar atenção no trânsito.
-Irmã? -a chamei após mais um tempo em silêncio.
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Sempre Foi Você - Malila
FanfictionMarília nunca se esqueceu do seu primeiro amor. Agora, aquela adolescente que ela tanto amou já é uma mulher, totalmente diferente e está precisando de ajuda. Marília estará lá para ajudá-la, ela sempre fez e sempre fará qualquer coisa por Carla Mar...