N.A.:
De longe, o capítulo que eu estava mais aguardando fazer (e postar).
— Sim, mãe, eu...Deixa eu falar mãe, por favor! – tentava dizer pausadamente – Não é pra jogar minhas coisas fora, eu vou voltar. Não, eu não me esqueci de vocês. Tenho certeza que ela não falou isso, mãe! Por que a senhora está dizendo isso? Sim, vamos almoçar juntos e... Eu o acho legal. Não, mãe, me escuta, por favor...
Suspirei fundo mais uma vez. Estava complicado rebater suas palavras cada vez mais ácidas.
— Não, mãe, eu não me juntei com ninguém. Não, não estou colocando sua palavra à prova... Mas nossa, não! Tá, depois a gente conversa, tá, sim, é, tchau.
Desliguei o telefone e o coloquei de lado. Ela estava possessa com a ideia de que eu iria conhecer a mãe e a irmã de Tadeu, falando praticamente aos gritos que era uma péssima ideia e que ela detestava o fato de que estivesse me aproximando daquele falso, segundo suas palavras.
Já tinha a convicção de que não seria algo fácil de lidar. Minha mãe não queria que eu falasse com elas com receio do que poderia falar e meu pai já tinha dito que minha avó passava longe de ser a pessoa mais empática do mundo.
Mas, se ele disse que faziam questão de me conhecer e ele se mostrava empolgado na medida em que se sentia ansioso, me vi tendo que dar essa chance, por mais que não esperasse nada de bom vindo dali. Se ela teve coragem de virar pra uma família enlutada e dizer que o falecido fez um favor em ter morrido, imagine o que não falaria para mim, levando em consideração que fui uma neta que apareceu do nada, sem renome algum, e que vivia com a família a qual ela tinha desprezo.
Era melhor nem parar pra pensar caso um dia soubessem do que acontecia entre mim e a mulher do quarto ao lado do meu.
Depois daquele dia, acordei na sua cama, usando suas roupas e me sentindo sem nenhuma dignidade depois do que tinha dito a ela, mas, Catarina resolveu fingir que não tinha nada acontecido enquanto seu irmão botava a alma pra fora e minha cabeça girava sem parar, tanto por vergonha como pelo álcool que ainda aflorava de minha pele, e eu resolvi seguir com as coisas do jeito que estavam.
Não queria devolver sua camiseta, então usei a desculpa de que iria usá-la para dormir para não ficar sujando mais roupa. Ela se prestou a dar um sorrisinho e assentir de que estava acreditando nisso.
A propósito, o mesmo sorriso cínico que me encarava da porta, ao me ver arrumada, batendo os pés devagar contra o chão, tentando de alguma forma, mascarar o nervosismo de ter que encontrá-las.
— Você está ótima, Téo – suas mãos tocaram meus ombros, e seu queixo encostou no topo da minha cabeça.
Tadeu ia me buscar, então me levaria pra fazenda e, depois de uma breve apresentação entre nós, seguiríamos para almoçar no lugar em que sua mãe escolheu. Tentava não pensar, mas, toda vez que me lembrava, o nervosismo invadia minha cabeça.
— Acha que vão gostar de mim?
Ela franziu o cenho e arrumou a gola da minha camisa, então segurou o queixo e me encarou.
— Acho difícil alguém não gostar de ti.
Ouvir isso vindo dela acalentava meu coração, no qual ficou ainda mais morno e convidativo quando seus lábios tocaram os meus por um instante.
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Ao Norte de lugar nenhum
RomanceDepois de uma grande desilusão, Teodora vê sua vida mudar de cabeça pra baixo ao descobrir da existência do seu até então desconhecido pai. Ao embarcar nessa aventura em um novo mundo de relações, conflitos e questionamentos, ela irá aprender, do se...