— Eu não vou mais ficar perto dessa mulher.
Encontrei com meu pai e minha tia para tomar café depois de tudo que ocorreu com a condição que minha avó não estivesse presente. Como era de se esperar, depois do fatídico almoço, a situação com minha família paterna se abalou antes mesmo que começasse, e a ideia de voltar para casa se tornou cada vez mais aprazível, muito a contragosto do meu pai.
— Sei que ela é difícil de lidar, mas...
— Ela me destratou – respondia enfática para ele – me senti péssima.
— Não é como se fosse só contigo, Teodora... – minha tia falava na tentativa de diminuir a situação, mas negava ainda assim.
— Não quero passar por isso de novo – sentia como se estivesse naquele lugar de novo – me desculpe.
— Então... – o semblante do meu pai se tornava mais triste – Quer voltar pra sua casa?
Ao mesmo tempo que queria, não queria, e tinha bons motivos pra isso. Minha resposta se prestou a um dar de ombros.
— Se está com dúvida, é melhor esperar uns dias – ela apontou com o garfo para mim – não precisa ficar com ela, mas, fique um tempo com a gente.
— Com sua tia aqui – ele voltou a dizer – pode ser que você se anime pra nos acompanhar nas coisas...
Negócios de família, como era de se esperar. Ele ainda não mudou de ideia em relação a isso. Começava a me questionar se ele estava interessado em uma filha de fato ou só em uma herdeira pra poder representa-los contra a irmã mais velha, que, segundo o pouco que sei, tem muito interesse por tudo.
— Ou não – dizia ele em um ar já derrotado pela minha falta de resposta.
— Se não se interessa em ficar com nós, os velhos – ela dizia em um tom irônico – pelo menos deve estar se divertindo com Catarina, não é?
Sentia o café descer mais amargo do que de costume, no qual concordei com um breve aceno.
— Fico feliz delas se darem bem – meu pai respondia em um tom conciso.
— É... – coloquei a xícara de lado – acho que sim.
— Nós vamos ver umas papeladas, coisas burocráticas. Não se interessa nem de dar uma olhada? – ele voltou a falar.
— Podemos sair pra algum lugar legal depois disso – minha tia se virava pra mim, animada – por favor, quero passar um tempo contigo longe dos julgamentos de nossa mãe...
Acabei cedendo ao pedido, mais pelo interesse em passar o tempo com eles do que realmente interessada no que tinha a seguir daquele café. Realmente, se tratava de papeladas, conversas longas no telefone e uma infinidade de números. Fiquei mais tempo sentada os encarando falar e sacramentando ainda mais a vontade de que talvez eu realmente não quisesse aquilo pra minha vida. Via a tensão nos olhos dele quando um número parecia inconsistente ou não baixavam pro valor que desejavam.
Porém, aquele momento passou rápido, e logo fomos para o almoço. Tadeu acabou ficando mais um pouco por ter uma reunião, e acabei ficando com Patrícia. Quando me vi a sós com ela, só havia uma coisa que passava em minha cabeça.
— A senhora conheceu minha mãe?
— Elisa? – ela disse franzindo as sobrancelhas – Não pessoalmente, só por nome.
— Ele... – fiz uma breve pausa – Falava alguma coisa dela?
Ela voltou a comer, e apoiou o queixo na mão que segurava o braço.
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Ao Norte de lugar nenhum
RomansaDepois de uma grande desilusão, Teodora vê sua vida mudar de cabeça pra baixo ao descobrir da existência do seu até então desconhecido pai. Ao embarcar nessa aventura em um novo mundo de relações, conflitos e questionamentos, ela irá aprender, do se...