Capítulo 9

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"Não, não me abandone, não me desespere, porque eu não posso ficar sem você..." (Swing da Cor, Daniela Mercury).

...

- Cala a boca e me escuta! – ela gritou – Você confia em mim?

Não escondia um ódio mortal exalando pelos poros e travava os dentes evitando falar algo que me arrependesse depois.

- Responde! Confia ou não? – insistiu.

- Preste bastante atenção no que está fazendo – pronunciei com o dedo em riste – Vai querer mesmo colocar a nossa amizade à prova?

- Augusto... Se eu estiver errada, nunca mais vai precisar olhar na minha cara, mas se eu estiver certa, aí sim eu quero ver o que você vai fazer. Porque nesse exato momento estou confrontando o maior babaca que eu já conheci.

Continuava ofegante, irritado com o rumo daquela conversa.

- Eu vou sair agora desse apartamento – ela se mostrou impaciente – Se acredita em mim, me acompanhe e veja com os seus próprios olhos. Depois reflita se eu sou sua amiga ou não...

Juliana pegou a bolsa e caminhou para o hall, batendo a porta com força, uma das características marcantes que ilustrava a sua rispidez em determinadas ocasiões. Minha vontade era quebrar a primeira coisa que encontrasse pela frente, mas queria saber até onde ela levaria a acusação. Peguei a carteira e o celular e a encontrei aguardando o elevador.

- Reze para estar certa – disse furioso.

Chegando ao térreo, pediu que fôssemos no seu carro. Concordei em silêncio. Durante todo o trajeto não trocamos uma palavra sequer. Se o nosso companheirismo sobrevivesse a esse episódio, seríamos capazes de passar por tudo. À medida que avançávamos, as ruas ficavam cada vez mais conhecidas. No fim, estacionamos em um local bastante familiar para mim.

- O que a gente está fazendo aqui? – inqueri.

- A Suzana mora nesse prédio – apontou logo acima do vidro frontal do veículo – Foi ela quem viu, mas estava com medo de te avisar. Vamos logo, senão não dá tempo.

Não sabia ao certo como a residência de uma colega de sala serviria ao seu propósito. Comecei a me arrepender de ter aceitado a proposta. Juliana trancou o carro e seguiu para o interfone do antigo edifício.

- Oi, sou eu – falou agoniada ao ser atendida – Chegamos.

O portão se abriu e atravessamos a entrada. Suzana, visivelmente sem graça, nos convidou para entrar.

- Eles ainda estão lá? – minha colega perguntou.

- Estão, mas daqui da sala não dá pra ver. Vamos lá pro quarto.

Assim que fechou a porta, a moradora prosseguiu:

- Não façam barulho, ok? Meus pais já estão dormindo.

Assentimos e nos aproximamos da janela. Juliana inspecionava atenta e pediu para desligar a luz.

- Sabe que prédio é aquele ali, né? – me indagou séria.

Já tinha deixado Leonardo inúmeras vezes no imóvel citado, onde estudava com um colega de curso, mas não queria desenvolver a conversa. Apenas confirmei.

- Tenham paciência – a anfitriã revelou – Eles estão com visitas, mas logo ficam a sós. É sempre assim.

"Sempre assim?", me peguei inquieto, reparando que a denunciante analisava a minha reação. O local vigiado não ficava exatamente em frente à residência de Suzana, por isso precisávamos mirar na diagonal, e dois andares abaixo, para averiguar alguma coisa. De fato, meu namorado estava na sala com outras três pessoas e não tardou para que duas delas se despedissem, partindo em seguida.

Amor de Carnaval não VingaOnde histórias criam vida. Descubra agora