Capítulo 21

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"Se me chamar eu vou, ao som que furta cor, que furta coração, que leva emoção, eu vou, eu vou..." (Se me chamar eu vou, Chiclete com Banana).

...

O tabuleiro repousava na mesa, com as peças devidamente organizadas. As pistas estavam todas ali e, até então, seguia as regras à risca. Na toca do mais estranho e desconhecido inimigo, fui atrás de argumentos plausíveis, e eles estavam longe de ser o que esperava.

Aquele jovem inocente (ainda que duvidasse) poderia alardear que "o jogo virou, não é mesmo?", e eu poderia calmamente lembrar que "não se pode vencer todas", mas a situação ia além. Éramos dois homens se encarando numa sala, prestes a se colocarem numa batalha de provações e enfrentarem a verdade exposta. Encarnei o detetive e abri o envelope do enigma.

As respostas poderiam ser cruéis, e dificilmente favoreceriam os dois lados. Cabem aos jogadores aceitarem suas proezas e vislumbrar o resultado do mistério com sutil admiração.

...

Coronel Mostarda:

Instantes antes da elucidação:

- Você... Como?

Uma guerra de informações contraditórias se iniciou na minha mente. Não conseguia entender, nem encaixar os itens do intricado quebra-cabeça.

- Foi no ano passado, durante uma festa para os calouros – mantinha a distância na varanda, ainda analisando cada reação minha – Eu era um deles. Desisti de um curso de administração logo no início e resolvi apostar tudo de novo, por um interesse pela arquitetura.

- Ele... Te estuprou? – precisava escutar uma confirmação às imagens capturadas.

- Posso deixar o vídeo rodando até o fim, se quiser comprovar – seguia com os braços cruzados.

- Não faça isso... – realmente, não teria estômago.

Se aquilo era uma artimanha, teria que fazer uma rápida reflexão. Ou os seus pretextos eram altamente elaborados e ensaiados, ou iria entrar em contradição em algum momento:

- O que aconteceu? – mantinha a desconfiança.

- Havia uma atração, não sei explicar direito. Não era nada explícito, rolava uma admiração velada. Quando veio conversar comigo nesse dia, mal pude acreditar... É bem clichê, mas para mim era como um conto de fadas acontecendo: o popular se insinuando para o excluído. Qualquer pessoa agarraria essa chance.

Além de desvendar, seu lamento parecia querer encontrar uma justificativa razoável para também se convencer da vantajosa armadilha que acabara preso.

- Tudo naquele papo parecia encantador. Talvez não tenha percebido a manha galanteadora ou ele tem mesmo o dom da conquista. O cenário era novo e não queria transparecer a inexperiência. Fui eu quem alardeou a necessidade de uma bebida para me soltar mais.

Minha incredulidade mesclava-se ao semblante intrigado sobre os pormenores daquela história.

- É claro que quando tudo se concretizou, meu teor alcoólico alcançava níveis alarmantes. Não sei se a minha caipirinha estava batizada ou se já faziam esse procedimento na época. Independente disso, não tinha clareza dos fatos. Deduzi o que rolou, obviamente, mas sem a gama de detalhes.

- Você foi o primeiro?

- Provavelmente, não tenho certeza.

"Um segredo a menos, aparentemente...", tentava me organizar calado. Alexandre atuava com Cláudio, iniciando a carreira fora da lei com Adriano. O problema é que cada refutação levava a outra trama ainda sem lógica:

Amor de Carnaval não VingaOnde histórias criam vida. Descubra agora