Capítulo 28 - I

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"Vou me insinuar pra você que está sozinho, vou chegar de mansinho, bem de mansinho; Vou te conquistar com uma dose de carinho, vou chegar de mansinho, bem de mansinho..." (Bug Bug Bye Bye, Ivete Sangalo).

...

- Que teimosia do caralho! - levantei-me azedo.

Adriano recuou no sofá, um pouco assustado. Possesso, comecei a procurar a chave do carro.

- O que você está fazendo? - questionou.

- Vou agora mesmo na casa de Juliana e esse moleque vai aprender uma lição para a vida - estava frenético.

- Ei, calma...

- Fica aí, tá? - vesti um casaco pendurado numa das cadeiras da mesa, para disfarçar o traje demasiadamente casual - Volto logo.

- Mas eu não terminei de falar...

- Não precisa, sei que ele pode ser bem escroto quando quer - verificava onde tinha deixado a carteira.

- Augusto... - continuava sentado, agora de braços cruzados - Eu posso concluir?

A calma insistente na sua postura indicava o tom exagerado da minha reclamação.

- Foi mal - estava disperso - Não percebi que ainda estava falando.

- Talvez você esteja nervoso demais... - ralhou.

-... E puto! - acrescentei.

- Senta, por favor - pediu gentilmente.

- Não vou conseguir, fico ainda mais agoniado.

Minha inquietude era crescente. Andava de um lado para o outro, tenso.

- Olha, te vendo assim já posso adiantar que não é nada do que está imaginando - ele prosseguiu.

- Como assim?

- Eu percebi sim uma intenção meio ameaçadora, mas acabamos conversando numa boa, no fim das contas.

Meu semblante evocava uma imensa interrogação. Obriguei-me a sentar no sofá novamente:

- O que disse a Gustavo? - questionei.

- O que ele precisava saber, ué.

- Ah não, pode desenvolver melhor essa história - minha curiosidade foi aguçada.

- Ele começou dizendo que se descobrisse que eu estava tramando algo, iria me arrepender amargamente - retomou - Mas retruquei afirmando que o entendia. Acho que isso o deixou desarmado.

Tentei conter o meu colossal estado de surpresa para entender o que viria a seguir.

- Quando notei uma abertura maior, iniciei o relato da minha enrascada. Tudo aquilo que você já tinha escutado também lá em casa. Pedi que perguntasse e tirasse todas as dúvidas, faria questão de responder uma por uma.

- Você não deve nada a ele - lamentei.

- Eu sei, mas prefiro deixar tudo às claras a ser considerado um vilão. Honestamente, não sei se isso o convenceu. Depois, trocamos alguns desabafos e, milagrosamente, encerramos com um aperto de mãos. Acho que é um resultado positivo, né?

- Que desabafos?

- Ah... Coisas de amigos, confidências - avermelhou-se - Prefiro que ele te fale, quando fizerem as pazes.

- Não acho que vá acontecer tão cedo.

- Deixe de besteira. Em resumo, ele pediu desculpas pelo descontrole. Dê um tempo para que possa assimilar tudo. Reforçar uma bronca agora não vai ajudar em nada.

Amor de Carnaval não VingaOnde histórias criam vida. Descubra agora