capítulo 11

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Melfa on

"Eu não aguento mais, mãe... pai... irmão, alguém me ajude!!

Eu corria desesperadamente pela floresta escura, onde figuras macabras se erguiam diante da fraca luz do luar, que mal iluminava o caminho abaixo dos meus pés.

Nessa corrida frenética, mesmo que os galhos das árvores rasgassem minha pele, meu corpo tremesse pelo esforço, meu coração batesse dolorosamente em meu peito e meus pulmões queimassem implorando por descanso, eu não podia parar. Se eu parasse, iria morrer.

Atrás de mim, os gritos agudos e os passos pesados dos homens maus ecoavam na floresta. O cheiro metálico de sangue fresco pairava no ar, misturado ao som das espadas arrastando-se pelas folhas secas.

Meus olhos ardiam com as lágrimas que eu tentava inutilmente segurar, enquanto me forçava a correr mais rápido, mesmo que aos poucos meus pés ficassem mais pesados e o caminho parecesse cada vez mais distante. Meu corpo ficava cada vez mais lento, até que senti algo agarrar meu tornozelo, fazendo-me cair no chão.

Olhei para trás, entrei em pânico ao ver os cadáveres do meu povo me prendendo. Suas faces eram distorcidas e seus olhos haviam sumido, dando lugar ao preto profundo; seus gritos e gemidos sofridos aos poucos se tornaram mais altos e angustiantes.

A cada lamento, minha alma era consumida e dilacerada, assim como o espaço ao meu redor que desaparecia, deixando para trás somente a escuridão.

Essa escuridão foi perturbada apenas por uma pequena chama da morte, que trazia consigo o doce cheiro de amêndoas.

Meu sangue gelou. Tentei desesperadamente me livrar das mãos que me condenavam com seus lamentos. O desespero tomou posse do meu ser, aumentando infinitamente o peso em meu corpo. Eu já não conseguia respirar, parecia que algo apertava meu pescoço, minha visão embaçou, meu coração simplesmente se recusava a se acalmar. Nesse momento, minhas lágrimas se misturavam com o sangue dos meus.

Quando pensei em desistir, antes de levar minhas mãos ao meu pescoço, em meio aos gritos, a todos os corpos, a toda dor, a voz de alguém me chamou. Era uma voz familiar, me dizendo que tudo ia ficar bem. Era meu irmão, que saía detrás do fogo, me chamando, estendendo sua mão para me puxar daquele inferno.

Então eu acordei rapidamente. Em meio à névoa do sono, eu ainda não conseguia respirar, busquei puxar o máximo de ar que podia, enquanto meu coração batia desesperadamente em pânico, levando minha mente a um estado de alerta máximo e confusão. No meio disso tudo, senti alguém me puxar para um abraço tenso, essa pessoa tinha uma voz calma e controlada enquanto fazia movimentos calmantes nas minhas costas, ela dizia suavemente:

— Tá tudo bem, respira, tá tudo bem.
— Eu tô aqui, não vou deixar nada acontecer com você. Vai ficar tudo bem...

Respirei profundamente, soltando o ar devagar, como aquela pessoa me orientava, mantendo um ritmo frequente. Aos poucos, meus tremores foram diminuindo. Após recuperar minha estabilidade, franzi o cenho em concentração, tentando lembrar quem estava me abraçando, até que a percepção me atingiu em cheio. Em uma reflexão tardia, empurrei-o para longe, ouvindo a pancada pesada no chão. De repente, sentindo-me sufocada, não era para ele me ver assim, não era... Em um momento de exaltação, gritei com o João:

— Quem te deu permissão para me tocar, moleque!?

O garoto se sentou de pernas cruzadas, suspirando. Ele manteve sua voz calma e disse:

— Me desculpe, eu só queria ajudar...
— Você parecia tão angustiada enquanto dormia, então eu achei que...
— Já chega!!! Saia daqui!!

Sem pensar, acabei gritando com ele, provavelmente o xinguei, mas nesse momento eu não podia pensar em mais nada. Eu só queria ficar sozinha. Eu não precisava da ajuda dele. Eu não queria... eu... não mereço...

Drómo Gia Ton Paraideis Onde histórias criam vida. Descubra agora