capítulo 8

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Naquele breve momento em que cerrei os olhos, o tempo pareceu congelar, deixando apenas as batidas descompassadas do meu coração e o som irregular da minha respiração ecoando no silêncio do mundo.

Com os olhos fechados firmemente, minha mente buscava desesperadamente uma saída, meu corpo tremia de medo diante do iminente encontro com aquela fera. O frio percorria minha espinha, a angústia tomava conta de mim. Antes que pudesse reagir, uma espada atravessou o peito da besta, caindo com um baque surdo poucos centímetros à minha frente. Abri os olhos, vendo enfim a elfa emergir da escuridão, seus olhos ardendo em fúria, assumindo um tom de dourado animalesco, sua expressão fria se aproximava lentamente, ela falava em um tom de voz lento porém firme, deixando a atmosfera mais angustiante.

- Seu tolo imprudente e egoísta! Como pôde se afastar assim?! Tem ideia do perigo que correu? Sua irresponsabilidade não ameaça apenas você, mas todos ao seu redor!

Cada palavra da elfa cortava como uma lâmina afiada. Fiquei em silêncio por um momento, ouvindo-a despejar todo o seu fel sobre mim, até que a raiva superou o medo da quase morte, e minhas palavras surgiram em um desafio inesperado.

- Qual é, eu só queria explorar um pouco, não imaginei que algo assim pudesse acontecer.

A elfa, com uma veia pulsante de raiva, respirou fundo, claramente irritada. Antes que pudesse responder, percebi a gravidade da situação, me desculpei pela minha atitude, levantando do chão, fugi de volta para a cabana, indo tomar banho para acalmar meus nervos.
Tirando toda minha roupa, joguei a primeira onda de água no meu corpo, enquanto a água fria do poço escorria pela minha pele, refleti sobre o quase encontro com a morte e o sermão que recebi da elfa. Meu coração ainda palpitava com a intensidade da adrenalina, agora misturada com um toque de arrependimento. O banho gelado parecia um castigo merecido, uma purificação física para acompanhar a reflexão moral. Deus, o que eu fiz para merecer estar nessa situação?

Enfim, terminei o banho e vesti uma camiseta marrom canela extremamente macia, que parecia ser feita de algodão cru, acompanhada por uma calça preta um pouco justa. Completei o visual com a minha bota marrom usual de cano médio e fivelas de bronze. Verifiquei se estava tudo em ordem, até que finalmente cheguei em frente à porta, nesse instante bateu um certo desespero, será que eu devo entrar? Assim, aquela elfa tá bem furiosa, e sinceramente eu não tô afim de descobrir que tipo de reação ela tem nesse estado. Em um debate interno, tomei a decisão de enfrentar logo esse problema, respirando fundo, abri a porta e fui em direção à cozinha. Na entrada do cômodo, olhando lá para dentro, pude ver que a elfa já tinha começado a se alimentar, e ela parecia... estar levemente embriagada. Ah, isso não ajuda em nada eu me acalmar. Adentrando mais ao cômodo, forcei-me a não transparecer tanto minha inquietação, me aproximei mais da mesa. Os pensamentos giravam a mil por hora, tentando encontrar as palavras certas, em uma tentativa vã de não aborrecê-la mais, coisa que não deu muito certo, pois já estava há um tempo me remexendo inquieto no mesmo lugar, sem conseguir formular uma única palavra. Até que a penumbra bateu o copo na mesa, me assustando no processo. Com uma voz levemente embargada, mais transmitindo sua raiva, ela disse:

- PORRA!! Para de ficar aí feito a porra de um imbecil , e se senta logo na merda dessa cadeira, e vá comer a desgraça dessa comida!!

De repente, o ar ficou mais pesado, a temperatura havia caído drasticamente quase como se eu estivesse caído no 5° inferno. Um calafrio percorreu minha pele, arrepiando cada pelo do meu corpo, e meu sangue pareceu congelar nas veias. O coração disparou, batendo com tamanha intensidade que parecia querer fugir do peito. Era como se o próprio medo tivesse se materializado, sufocando-me em sua presença angustiante, distorcendo o ambiente a minha volta. o tornando-o sombrio e escuro. Acenti abaixando a cabeça fiz como foi ordenado. Quando me sentei, quase de imediato toda opressão do ambiente diminuiu, fazendo com que o calor retornasse para a sala, me recuperando da pressão, respirei fundo e comecei a me servir.

Drómo Gia Ton Paraideis Onde histórias criam vida. Descubra agora