capítulo 3

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Melfa on

"Puta merda! O quê eu tava pensando quando trouxe esse moleque para minha casa..."

Era o quê eu pensava enquanto massageia meus olhos com o polegar e o indicador, mantendo uma das minhas mãos na maçaneta da porta.
Me afastei de perto da porta após tranca-la, indo em direção ao cômodo em quê estava com o garoto a alguns segundos atrás... ou melhor antes desse surto que eu admito ter sido um tanto exagerado... Que se dane! Isso não importa agora.
Eu já havia dado alguns passos parando diante da janela a onde por algum motivo dava direto para aquela cena patética, tava aquele moleque se levantando do chão e indo em direção à uma árvore e se sentando embaixo dela, ele parecia está chorando, mais não dá para ter certeza já que não consigo ver seu rosto.

Me escorei em uma estante enquanto observava aquilo, me perguntando como e em qual ponto, eu deveria ter perdido a sanidade, ao ponto de trazer um humano estranho e suspeito para esse lugar... Eu não deveria confiar neles então... por que...

" Ah é... Esse moleque... Ele me lembra tanto aquela pessoa... "

- Oh porra!

Xinguei enquanto repreendia meu consciente, ao mesmo tempo que balançava a cabeça em negação, tentando afastar aqueles pensamentos inúteis.
Estalo a língua, e volto meus pensamentos ao dia anterior e porra! Aquilo é tudo culpa daqueles ladrões imundos.

Flashback on

Dia anterior, por volta do meio-dia , início do 13° ano do 1° mês da lua nova...

Estou voltando para a minha cabana após sair da pequena vila humana cujo o nome é "Kadu", vila essa que ainda se encontravam em clima de festa por comemorarem o início de mais uma década, humanos tolos...! Não há sentido em comemorar a mera mudança de tempo entre um dia e outro, nada muda independente da era. Eles vão continuar vivendo a mesma vida curta e patética de sempre, fazendo as mesmas coisas e cometendo os mesmos erros... só de pensar neles já me dá um ódio.

Emfim, após longos três dias de caminhada, já exausta devido a viagem e quase me jogando ali mesmo naquele chão de terra, ao longe escondida entre as árvores para o meu alívio, eu podia avistar a minha pequena cabana, feita de madeira e cipós, rodeada por algumas hortas com tomates risonhos, couves explosivas e vários tipos de punchitas.
As punchitas são as minhas preferidas, principalmente aquela espécie que tem um caule feito de folhas e seu único fruto é em um formato semelhante à uma ovelha.
Essa espécie tem um gosto bem adocicado quando é assada com um pouco de sal, só de lembrar já me faz salivar.
Enfim voltando a realidade, já á alguns metros de chegar ao meu amado lar, o meu até então semblante de alívio e alegria é substituído e subjugado por de espanto mesclado com raiva, ao me deparar com a cena à minha frente.
Apresei o passo em direção a minha cabana para ter certeza de quê não estava vendo coisas...
Chegando mais perto, tive a confirmação do quê temia, eu havia sido roubada, e pelo cheiro impregnado no local, eu tinha a plena certeza que foi algum humano imundo... claro! Isso já era de se esperar de uma raça impura e cheia de ganância...
Adentrei o local para ter uma noção melhor do prejuízo causado, e olha que foi muito, além dessas pragas terem roubado vários itens de tradução, armas com entalhes em ouro e alguns livros de invocação, eles ainda tiveram a audácia de destruir boa parte da mobília, e levaram vários acessórios de cozinha!
A esse ponto, meu ódio era tanto que o ambiente à minha volta era distorcido pela minha aura assassina, ao perceber isso, inspirei fundo e soltei o ar na tentativa de dispersar a minha ira, com a cabeça no lugar e mais tranquila eu decidi ir a caça desses gatunos de meia tigela.
Saindo da cabana, ativei minhas habilidades e experiência para detectar em qual direção essas pragas fugiram, vasculhei um pouco em volta, até que encontrei pegadas frescas indo em direção ao sudeste.

Drómo Gia Ton Paraideis Onde histórias criam vida. Descubra agora