eight.

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Pelo resto do dia, Sofia não teve nenhuma notícia de Eli, o garoto não respondeu nenhuma de suas mensagens e nem atendeu suas ligações, a fazendo se sentir cada vez pior. Quando ele faltou na escola no dia seguinte, ela ficou ainda mais preocupada, principalmente quando seus amigos disseram que também não tinham conseguido falar com ele. Ela já tinha visto ele ficar triste por piadas dos meninos da escola, mas nunca dessa forma.

— Olha só quem resolveu dar as caras. — Johnny disse quando ouviu o sino tocar e sua filha entrando no dojô. Depois do que aconteceu ontem com Eli, Sofia deixou bem claro que estava brava com o pai e não queria falar com ele, mesmo quando ele havia comprado sua pizza favorita na noite anterior. — Achei que não iria vir hoje, depois do piti que você deu ontem por causa do seu amiguinho.

— Eu vim pra treinar, mas eu ainda não estou falando com você.

— Qual é, você não pode ficar brava comigo pra sempre.

— Pra sempre não, mas por um tempo sim. Você passou dos limites, pai. Ele veio aqui pra aprender a se defender dos garotos da escola que zoam com ele, não pra sofrer mais bullying de um homem adulto. — disse claramente chateada.

— Você gosta dele.

— O que? Não, ele é meu amigo.

— Gosta sim. — respondeu simples. — Você não ficou dessa forma quando eu bati no seu amigo com a blusa esquisita, você não fica brava quando eu grito com o Miguel até ele acertar o chute, e muito menos quando eu falo pra senhorita Robson parar de bater como mulherzinha.

— Uma coisa não tem nada a ver com a outra. — cruzou os braços.

— Então você admite que gosta dele? — riu debochado.

Sofia bufou e nem se preocupou em responder, foi direto ao vestiário colocar seu kimono e arrumar seu cabelo, deixando para trás Johnny rindo convencido.

Seu sorriso logo morreu e seus olhos se arregalaram quando ele percebeu o que estava acontecendo. Agora sim caiu a ficha que era sua filha que estava gostando de um garoto, que provavelmente também gostava dela e ele não gostou nada disso. Johnny precisava ter uma conversa séria com ele, e com conversa ele queria dizer que ia falar com os punhos.

Não demorou muito para o resto dos alunos irem chegando e começarem a se alongar, e Johnny finalmente poderia começar sua aula.

— Muito bem, vamos começar. — seu rosto logo ficou com uma feição confusa a ver que estava faltando alguns alunos.

— Saíram mais três, sensei. — Miguel explicou vendo sua expressão.

— Nossa, que surpresa. — a ruiva disse sarcástica.

— Bando de mulherzinha. — disse Aisha.

— Não, a culpa é minha. — Sofia arregalou com olhos com a fala de seu pai, vê-lo tomando jeito era novidade. — Desde que entraram para o Cobra Kai eu tenho sido duro com vocês, inventei apelidos, humilhei vocês, até bati em alguns, e por isso, não peço desculpas. Cobra Kai é sobre força, se não forem fortes por dentro, também não serão por fora, e nesse momento são fracos, eu sei disso. — ele andava de um lado para o outro enquanto fazia seu discurso. — Eu também já fui como vocês, eu não tinha amigos, eu era um esquisito, não tão esquisito, eu ainda saia com garotas.

— Eca, pai.

— O negócio é que eu nem sempre fui esse sensei durão. Assim como uma cobra eu troquei a pele de fracassado, e achei a minha força, e vocês também vão achar a de vocês. — ele foi interrompido pelo barulho do sino tocando, anunciando que alguém estava entrando. — Bem vindo ao Cobra Kai.

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