Obsessão [FREENBECKY]

Quarto 302

[Sarocha’s Narrative]

Entramos furtivamente no S15 Sukhumvit Hotel, eu e Heng, observando discretamente o movimento no lobby. O calor escaldante da tarde contrastava com a tensão entre nós.

— Vamos nos dividir pra conquistar — sussurrei para Heng, tentando transmitir confiança.

— Alguém já falou pra você que essa frase é ridícula? — Ele me olhou com desconfiança.

— Eu não te perguntei nada. — Dei de ombros. — Cuida das câmeras. Eu vou falar com a recepcionista. — Caminhei rápido até a recepção. Heng acenou com a cabeça e se dirigiu rapidamente para a sala de controle das câmeras de vigilância.

— Boa tarde — cumprimentei. — Eu sou a delegada Sarocha, estou investigando um caso e preciso da sua cooperação.

— Claro, delegada Sarocha. Como posso ajudar? — Respondeu a recepcionista, um tanto surpresa.

— Ontem à noite, uma mulher usando um vestido azul-marinho foi vista entrando aqui por volta das 20:34. Gostaria de verificar os registros de hóspedes daquela hora para ver se há algum hóspede que corresponda a essa descrição.

A recepcionista digitou algumas teclas e consultou os registros. Após alguns momentos, ela olhou para mim com uma expressão preocupada.

— Lamento, senhora delegada, mas não temos nenhum registro que corresponda a essa descrição.

— Você tem certeza? — Perguntei para ter certeza.

— Sim, senhora — sorriu. — Eu posso liberar as imagens das câmeras do hotel, caso essa mulher esteja aqui, você a encontrará.

— Agradeço, mas um dos meus homens já está analisando as câmeras — falei, tentando controlar minha frustração crescente.

— Delegada? — Chamou Heng pelo rádio, mantendo a voz baixa. — Encontrei algo, venha dar uma olhada.

Agradeci à recepcionista mais uma vez e me apressei até onde Heng estava.

— O que temos? — Olhei por cima do ombro dele para o monitor, vendo a mulher misteriosa sair do elevador do hotel. — É ela. Para onde ela está indo? — Perguntei em voz baixa enquanto observava a mulher atravessar o saguão.

— Parece que ela está se dirigindo ao bar do hotel — respondeu Heng, ajustando o zoom na câmera para segui-la.

Franzi o cenho, tentando identificar a tal mulher misteriosa.

— Vamos segui-la discretamente, mantenha contato pelo rádio. Sem deixar ela perceber, Heng.

Nos movemos silenciosamente pelo lobby do hotel, mantendo uma distância segura enquanto observávamos a mulher entrar no bar. A adrenalina pulsava em minhas veias à medida que nos aproximamos de uma possível descoberta crucial para a investigação.

— Puta merda, Heng! — Exclamei ao vê-lo caído no chão do bar. — Nos pés da nossa suspeita, que maravilha.

— Desculpe! — Ele se levantou rapidamente, visivelmente constrangido. — Desculpe bater em sua perna, eu escorreguei.

A mulher ergueu uma sobrancelha, seu olhar penetrante analisando Heng com uma ponta de desconfiança antes de voltar o olhar para mim.

— Seu colega precisa prestar mais atenção por onde anda — falou com uma calma que mal escondia a leve provocação, enquanto ajudava Heng a se levantar.

— Lamento pelo transtorno. Ele pode ser um tanto descuidado às vezes — falei educadamente, encarando-a com a mesma intensidade.

— Parece que sim — ela respondeu com um leve sorriso irônico, seus olhos pareciam querer desafiar os meus.