O armazém

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[Sarocha's Narrative]


O relógio marcava 6h30 quando acordei ainda sentindo o peso das poucas horas de sono, coloquei os pés descalços no chão frio inclinando meu corpo para trás ouvindo os ossos da minha coluna estalarem.

— Mais um dia. – Murmurei caminhando até meu banheiro batendo a porta atrás de mim com um suspiro cansado. Liguei a torneira, deixando a água escorrer por alguns segundos antes de fazer minha higiene matinal. Esse momento de calma na minha rotina era precioso, um breve intervalo de paz em meio ao caos. Sai do quarto enrolando um roupão de seda no corpo caminhando devagar pelo corredor. — Becky? – Chamei notando a porta entreaberta e o quarto vazio, minha voz ecoou pelo corredor silencioso sem resposta.

Dei uma volta rápida pela casa e não havia sinal dela. Minha mente começou a formular cenários, cada um pior que o outro, precisávamos estar preparadas e ela simplesmente sumir não estava nos meus planos, verifiquei a porta e ela estava devidamente trancada. Voltei para o quarto e enquanto me trocava pensava no que fazer a seguir. Cerca de meia hora depois, ouvi a porta se abrir lentamente. Becky entrou, carregando uma mochila que não estava com ela na noite anterior. Me aproximei rapidamente, transformando-se em irritação.

— Onde diabos você estava? – Minha voz saiu mais dura do que eu pretendia. Ela me lançou um olhar desafiador, colocando uma mochila no chão.

— Precisava pegar algumas coisas, não posso ficar aqui desprotegida.

— Você não pode simplesmente sair assim! – Retruquei, cruzando os braços. — E se alguém te seguisse? E se você tivesse sido capturada?

— Eu sei me cuidar, Sarocha. – Ela respondeu. — Não sou uma criança, muito pelo contrário. – Deu os ombros.

— Já que não é uma criança não haja como uma, num dia me pede ajuda no outro sai como se estivesse sozinha nisso. – Rebati. — Você deveria ter me avisado. – Retruquei, sentindo a raiva crescer.

— Não sou sua prisioneira. – Ela rebateu colocando minha chave sobre a mesa, me encarando, os olhos intensos e desafiadores fizeram meu coração acelerar. – Estou aqui para ajudar, mas preciso fazer isso do meu jeito, eu cheguei nisso muito antes de você, esse é o meu caso.

Antes que eu pudesse responder, ouvimos uma batida na porta, caminhei depressa para que pudesse abrir de uma vez a porta e sair daquele joguinho.

— Entrem. – Pedi. Era Heng e Nam. — E então, o que vocês decidiram? – Fui direto ao ponto deixando com que os dois entrassem.

— Estamos prontos para o que for necessário. – Heng disse, lançando um olhar curioso para Becky que estava com uma expressão de poucos amigos.

— Nam? – A encarei

— Estou com vocês. – Cruzou os braços.

— Ótimo, temos que ser rápidos e precisos. – Respondi. — Mendez está se movendo, e precisamos estar um passo à frente.

— Quais são os planos? — Heng perguntou, olhando de mim para Becky.

— Primeiro, precisamos de um lugar para nossas operações. – Respondi.

— Concordo. – Becky interrompeu.

— Talvez primeiro devêssemos seguir a maior pista que temos. – Nam puxou o envelope de sua pasta — Aqui tem um endereço, vamos? – Ergueu a sobrancelha. Sabíamos que isso poderia nos colocar em perigo, mas no momento também era nossa melhor chance de obter informações valiosas.

— Eu trouxe meu carro. – Becky interrompeu novamente com um sorriso no canto dos lábios. Nos entreolhamos e concordamos em seguir a pista que tínhamos em mãos, peguei minhas pistolas preferida e alguns pentes de bala, estava pronta pra enfrentar aquele traficante.

Obsessão [FREENBECKY]Onde histórias criam vida. Descubra agora