Não vai embora

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[Becky's Narrative]

Desde que encontrei com Sarocha naquele hotel eu não podia negar a tração que senti por ela, não só o corpo escultural, mas sua marra, sua inteligência também tinha me dominado de alguma forma, no fundo eu sei que isso não vai funcionar, eu nunca funciono com alguém, nasci pra ser sozinha. A luz do sol entrava pelas cortinas indo de encontro ao meu rosto, meus pensamentos pareciam que nunc a iriam parar. Lembrar do beijo com Sarocha trazia uma mistura de confusão e desejo.

— Você é problema Becky. – Pensei comigo mesma. — Eu não posso colocar ela na minha vida louca.

Levantei da cama e já iniciei minha higiene matinal, me vestindo rapidamente após alguns minutos e fui para a cozinha, onde Sarocha já estava preparando o café da manhã, eu gostava do fato de acordar e ter uma companhia, apesar de preferir ser sozinha, as vezes é bom ter alguém.

— Bom dia. – Cumprimentei minha voz um pouco hesitante.

— Bom dia. – Ela respondeu, sem olhar diretamente para mim.

Sentei-me à mesa, observando-a enquanto ela preparava duas xícaras de café. Finalmente, ela colocou uma xícara na minha frente e sentou-se.

— Sobre ontem à noite... – Comecei. — Foi um erro, não deveria ter acontecido.

Ela ergueu os olhos para me encarar a intensidade em seu olhar me fazia querer desviar, como alguém podia ter um olhar tão penetrante?

— Sim, foi um erro. – Confirmou, sua voz fria. — Eu acabei extrapolando em te falar aquelas coisas no sofá e tudo mais, não vai mais acontecer. – Falou firme me fazendo sentir um arrepio na espinha.

— Precisamos manter as coisas profissionais. – Falei tentando me convencer, mesmo que na minha cabeça tudo que eu queria era beijá-la novamente com o mesmo fervor da noite passada.

— Profissionais? – Ela repetiu, um toque de ironia em sua voz.

— Como tá o seu braço? – Perguntei realmente preocupada.

— Como pode ver, melhor. – Tomou um gole do seu café.

O silêncio voltou ainda mais carregado de tensão. Senti um calor estranho se espalhar pelo meu corpo, uma combinação de frustração e desejo reprimido, mas precisávamos nos concentrar no trabalho, não em sentimentos confusos.

— Eu vou revisar os relatórios de ontem. – Disse levantando-me abruptamente.

— Faça isso. – Sarocha respondeu com sua voz cortante.

Caminhei para o escritório improvisado no quarto de hospedes.

— Heng me mandou uma mensagem, Mendez será transferido hoje – A voz firme de Sarocha avisava. — Vou na minha moto, você vai no seu carro.

Ouvi os passos pesados no chão de madeira e porta batendo em seguida.

— Claro. – Respondi pro vento. – Peguei minhas chaves e corri para alcança-la mesmo que ela diga que o braço estar melhor, fiquei com receio de deixa-la sozinha.

Cheguei na delegacia logo atrás dela. Sarocha já estava conversando com o sargento responsável pela transferência de Mendez.

— Sarocha, espera aí, seu braço ainda não está cem por cento. – Pedi. — Deixe-me cuidar disso, tá sangrando.

Ela virou-se para mim com um olhar que misturava irritação e gratidão.

— Becky, eu estou bem eu não preciso de uma babá. – Me encarou. Assenti relutantemente. Não era fácil convencê-la quando estava tão decidida e estressada. — Certo, pessoal, precisamos garantir que Mendez chegue à penitenciária sem problemas.

Obsessão [FREENBECKY]Onde histórias criam vida. Descubra agora