Obsessão [FREENBECKY]

Apenas me dê uma chance.

[Becky's narrative]

Duas semanas desde que fui embora do hospital e da casa da Freen. Duas longas semanas tentando me convencer de que estava tudo bem de que eu não fiquei mal por saber que Freen tem alguém, que o que aconteceu no hospital aquela troca de olhares e o toque suave das nossas mãos não significava nada. Eu não sentia nada por Freen, certo? Certo! Aquilo ela físico, apenas físico e já acabou.

Era isso que eu repetia para mim mesma enquanto atravessava as portas da delegacia. A movimentação, os telefones tocando o barulho constante dos passos rápidos dos policiais tudo era familiar exceto a sensação de desconforto que crescia dentro de mim à medida que eu adentrava na delegacia.

— Becky! – Nam me cumprimentou. — Achei que tivesse nos abandonado de vez.

— Eu só precisei de um tempo, tinha muito trabalho acumulado. – Respondi.

— Achei que você estivesse fora do FBI – Ela relembrou.

— Eu estou, mas não significa que o trabalho acabou. – Ergui a sobrancelha. — Eu trouxe novas informações sobre o caso do Mendes, está tudo nessa pasta. – Entreguei a pasta a mulher parada na minha frente que me olhava com desconfiança.

—Isso vai ajudar na finalização do caso. – Ela agradeceu. — Você não vai ficar e falar com a delegada? – Questionou.

— Não posso, ainda tenho coisas para resolver. – Disse tentando me livrar de Nam.

— Ela disse que vocês não se veem desde o hospital. – Nam me olhou como se soubesse de algo.

— Sim, como disse tenho resolvido varias coisas ao mesmo tempo. – Falei — Eu preciso ir, com licença.

— Ela está bem ali. – Ela apontou. — Você vê a delegada com aquela tipoia e consegue agir como se não tivesse nada acontecendo? Achei que vocês tivessem criado uma conexão de parceria. — A pergunta dela me atingiu em cheio, mas continuei mantendo o rosto impassível.

Ela estava ali de pé falando com alguns colegas. Parecia concentrada, mas eu sabia que no momento em que cruzasse seu campo de visão aquela conexão silenciosa se restabeleceria. Por isso, mantive o foco no meu objetivo. Eu estava ali para entregar alguns documentos, nada mais.

— Não é como se ela fosse a primeira pessoa que eu vejo trabalhando mesmo machucada, Nam. – Soltei uma risada seca tentando disfarçar o desconforto. — Além disso, ela parece bem o suficiente para estar de volta ao trabalho, então não é da minha conta.

— Becky... – Nam balançou a cabeça com um suspiro, percebendo que eu estava me escondendo atrás da indiferença.

— Estou indo agora. – Caminhei em direção a saída sem permitir qualquer vacilo.

— Becky... – A voz que eu conhecia bem cortou o barulho do ambiente fazendo meu corpo inteiro gelar por um instante. Claro que ela me viu. Claro que ela viria falar comigo.

Respirei fundo e olhei para ela mantendo a expressão neutra, sem deixar transparecer qualquer coisa que estivesse fervendo dentro de mim.

— Delegada Sarocha. – Minha resposta saiu rápida, quase fria. Você está bem, Becky, você não sente nada. — Só estou aqui para entregar uns documentos. Coisa rápida.

— Quer que eu te ajude com isso? – Ela perguntou, tentando suavizar o clima entre nós. Mas havia um certo desconforto em sua voz que me dizia que ela também não sabia bem como lidar com a situação.