Provocação e mais provocação.

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[Sarocha's Voice]


Estacionei minha Harley na mesma vaga de sempre com o som do motor se desvaindo pelo ar enquanto eu tirava o capacete com meus cabelos caindo soltos pelos ombros ainda desalinhados pela pressão do capacete, passei a mão rapidamente e desci da moto. Assim que entrei na delegacia, senti o olhar frio e desdenhoso de cima para baixo da agente Armstrong me perfurar como um tiro certeiro, era um costume agora essa troca silenciosa que carregava muito mais do que simples desagrado.

Se eu tivesse que escolher um oponente pra um combate qualquer um seria melhor que ela. Becky não só me desestabilizava como fazia algo dentro de mim ferver a cada encontro de olhares, era uma combinação sufocante de frustração e uma atração latente que eu me forçava ignorar desde nossa última conversa, mas que no fundo estava lá pulsando mais do que nunca.

— Delegada, você viu os arquivos do caso do assalto à loja de conveniência? – Nam falou interrompendo meus pensamentos assim que me viu.

— Bom dia! Não, ainda não. – Minha voz saiu mais ríspida do que eu pretendia. Meu olhar, no entanto, desviou para Becky que estava de braços cruzados na mesa lançando olhares que eu sabia que não eram neutros. — Eu vou fazer isso assim que você me deixar ir pra minha sala. – Bufei.

— Tudo bem, só não esqueça de novo. — Nam sorriu sem jeito. As palavras por mais inofensivas que fossem soaram como um lembrete do quanto eu estava deixando a desejar em alguns momentos.

Antes que eu pudesse responder, a voz de Becky se destacou no ambiente.

— Ei, Heng! – Ela chamou e o tom doce dela quase me fez revirar os olhos. — Pode me ajudar com esses relatórios?

Mas é claro que ela vai continuar usando o Heng pros joguinhos dela.. – Revirei os olhos por um momento.

— Claro, Becky! O que você precisa? – Heng falou se aproximando rapidamente dela.

— Heng você não tem nada mais importante a ser feito? – Questionei tentando não parecer tão possessiva.

— É só um segundo. – Ele sorriu meio sem jeito.

Havia algo especialmente irritante na maneira como Becky o chamava com aquele sorriso, parecia tão genuíno... A forma como ela se inclinava para ele como se estivesse revelando um segredo provocava uma onda de ciúmes que eu lutava para controlar.

Ela não é nada minha, ela não é nada minha, ela não é nada minha... droga, por que ela não é nada minha? – Minha cabeça parecia não querer calar a boca nunca.

— Só estou tendo problemas com algumas partes dos relatórios. – Becky respondeu ignorando minhas palavras e meu estômago revirou ao ver o brilho nos olhos dele a maneira como ela o tratava parecia uma provocação direta, e isso só aumentava a minha frustração.

— É só você fazer isso que o sistema faz automaticamente pra você, Bec. – Heng sorria debruçado atrás de Becky com os braços ao redor passando ao redor dela.— Prontinho.

— Obrigada, Heng – Becky depositou um beijo na bochecha do homem. — Você é incrível. – Ele disse e ele logo se afastou.

— Eu vou para a minha sala, se alguém precisar falar comigo, por favor bata antes. – Declarei com um toque de irritação  derrubando algumas coisas pelo chão enquanto caminhava lentamente para longe daquela cena.

— Delegada. – A voz suave de Becky me vez revirar os olhos. Ela não parava nunca.

— Precisa de alguma coisa? – Perguntei, mantendo o tom profissional mesmo sabendo que aquela troca de palavras era tudo menos isso.

Becky nem levantou a cabeça, apenas deu um leve sorriso com os olhos ainda nos papéis.

— Não, estou bem. – Sua voz era gelada e indiferente, como se eu fosse apenas mais uma na sala.
Franzi o cenho tentando não deixar que a irritação tomasse conta.

— Tem certeza? Porque parece que você está... –  Comecei, tentando provocá-la de volta, mas fui interrompida pela risada baixa dela.

— Parece que eu estou o quê? – Becky perguntou, cruzando os braços e inclinando levemente a cabeça, claramente se divertindo.

A forma como ela me desafiava, sem dizer muito me deixava louca era como se estivesse dizendo tudo e nada ao mesmo tempo, só para me fazer perder a calma.

— Você sabe exatamente o que está fazendo. – Falei, agora um pouco mais firme, dando um passo à frente, mas ela apenas recuou mantendo aquela distância gelada entre nós.

Becky deu de ombros com um sorriso mínimo nos lábios, como se não estivesse nem um pouco afetada.

— Não faço ideia do que você está falando, delegada. – Ela respondeu com desdém acompanhado do tom seco e voltou a olhar para os papéis. — Só queria saber o quanto você estava prestando atenção em mim. – Ela deu os ombros.

— Imagino que não mesmo. – Respirei fundo e voltei a me recompor dando um passo para trás. — Eu quero esses relatórios prontos para revisão no final do dia... e já que está com tempo para brincadeirinhas, tenho um presente pra você, um caso novinho pra você focar nele sozinha. – Joguei o arquivo de um caso em cima de sua mesa, esperando pra ver sua reação.

— Pode deixar, delegada. – Ela respondeu com um ar sério.

Becky me olhou por fim, o sorriso sumindo brevemente antes de ela pegar o arquivo sem qualquer objeção.

— Espero por resultados amanhã. – Sorri pra ela e virei as costas indo finalmente para minha sala.

Antes de conseguir sair da sala ouvi uma voz familiar invadindo o ambiente.

A porra desse dia ia ser uma merda atrás da outra?

— Oi, pessoal! – Irin entrou sorridente. — Oi, amor.

Eu congelei por um segundo me forçando a respirar fundo antes de me virar para encará-la.

— Oi... Irin. – Forcei um sorriso, tentando parecer mais relaxada do que realmente me sentia.

Ela se aproximou e me deu um selinho rápido sem perceber a tensão que corria pelo meu corpo.

— Como foi o seu dia, amor? – Ela perguntou de maneira casual sem notar o caos que se desenrolava dentro de mim.

— Ah, você sabe como é... muito trabalho. – Respondi, tentando disfarçar minha frustração.

Do outro lado da sala senti o olhar de Becky cravado em mim, ela e Irin não se conheciam, só se viram no fatídico dia da minha cirurgia no ombro, mas o simples fato de Irin estar ali, tão perto de mim, e Becky observando cada movimento fazia a situação parecer ainda mais pesada. Era como se tudo voltasse, como se nossas conversas e brigas ainda estivessem vivas, e eu odiava saber que isso estava afetando Becky.

— Eu vim te buscar para almoçarmos juntas. – Irin disse com um sorriso caloroso. — Pensei que você poderia fazer uma pausa.

— Eu realmente deveria terminar esses relatórios. – Disse esquivando suavemente. Não era a primeira vez que eu encontrava uma desculpa para evitar momentos a sós com ela, a culpa pesava em meus ombros, mas eu sabia que prolongar isso não seria justo com ela.

— Ah, tudo bem... – Irin respondeu visivelmente desapontada, mas ainda mantendo o sorriso. — Podemos fazer isso outro dia.

— Ei, Irin! – Nam entrou na conversa sempre com o timing certo. — Não desiste dela assim não. Quem sabe se você insistir um pouco mais...

Irin riu, mas eu senti a tensão no ar.

— Quem sabe, né? – Ela respondeu olhando para mim de forma esperançosa.

— É, nossa delegada está sempre tão ocupada... – Heng interveio lançando-me um olhar de leve provocação. — Mas quem sabe hoje você a convença, Irin?.

Eu forcei um sorriso enquanto Nam ria baixinho sempre pronta para cutucar.

— Que nada, Heng, eu já conheço bem essa cara. – Irin brincou. — Quando ela se enfia no trabalho, ninguém consegue tirar. Nem eu.

Becky, que até então estava focada nos seus relatórios com Heng olhou rapidamente na nossa direção e por um segundo nossos olhares se cruzaram novamente, eu podia ver aquele brilho desafiador em seus olhos como se tudo fosse parte de um jogo, mas naquele momento, a presença de Irin ao meu lado apenas aumentava a tensão. Irin não tinha ideia do que realmente se passava entre mim e Becky, e o simples fato de ela estar ali, tão perto, me fazia sentir como se estivesse traindo algo.

— Eu prometo que vamos encontrar um tempo. – Disse para Irin tentando aliviar a situação sabendo que minhas palavras não mudavam o que eu realmente sentia.

— Tudo bem eu entendo. – Irin respondeu suavemente ainda mantendo o sorriso embora eu pudesse ver o desapontamento nos seus olhos.

Heng observava a cena de canto com um ar de quem entendia mais do que deveria, enquanto Nam trocava olhares rápidos com Becky, que parecia cada vez mais menos concentrada no que quer que fosse que estava escrevendo. A maneira como Becky interagia com Heng continuava a me incomodar, mas eu sabia que o problema não era com Heng. O problema era comigo, com a atração que eu sentia por Becky e com o fato de que, embora Irin estivesse ao meu lado, eu só conseguia pensar nela.

— Bom, vou deixar você trabalhar, então. – Irin disse com um leve suspiro me deu um beijo antes de sair.

— Até mais, Irin. – Nam acenou de forma brincalhona enquanto Heng apenas observava.

— Tchau, pessoal. – Irin disse antes de se afastar. — Amo você, amor.

— Se cuide. – Acenei com a mão vendo-a sair.

Assim que ela saiu, eu soltei um suspiro pesado. O peso da responsabilidade de não machucar alguém que claramente ainda se importava comigo era esmagador.

— Ela fala que te ama e você fala se cuide? – Nam me olhou segurando o riso. — Ainda bem que não gosto dela, senão a defenderia.

— Não começa Nam – Bufei indo pra minha sala.

— Você está bem? – Nam perguntou entrando na minha sala atrás de mim.

— Sim, estou. – Menti tentando esconder a confusão dentro de mim.

— Tem certeza? – Ela me encarou com sinceridade.

— Não, não tá nada bem. – Abracei Nam deitando minha cabeça no ombro dela.

— Um bar depois daqui? – Ela perguntou baixo.

— Por favor. – Respondi.

[...]

A noite no bar com Nam parecia ser exatamente o que eu precisava, mas no fundo eu sabia que isso não iria resolver a confusão que eu sentia dentro de mim. A música alta o ambiente esfumaçado e as luzes piscantes não eram suficientes para me distrair das questões que eu vinha tentando evitar, cada vez que meu olhar se perdia na multidão lá estava Becky como uma sombra na minha mente, mesmo sabendo que ela não estava presente fisicamente, era como se sua presença nunca me abandonasse.

— Tá muito quieta Freen. – Nam observou batendo de leve no meu braço enquanto tomava um gole de sua cerveja. — Esse silêncio está me preocupando.

— Só pensando, Nam. – Sorri levemente, mas sabia que o sorriso não chegava aos meus olhos. Eu estava tão cansada de fingir.

Nam me lançou um olhar mais sério, claramente não acreditando na minha fachada.

— Pensando em Becky, né? – Ela afirmou em vez de perguntar porque Nam sempre soube de mais coisas do que deveria.

Suspirei, sentindo o peso daquela palavra no ar.

Becky, Becky, Becky, Becky.... Tudo na minha vida estava girando em torno da Becky.

— Eu não sei o que fazer. — Admiti, finalmente deixando que as palavras saíssem.

Nam fez uma careta como se entendesse perfeitamente a confusão que eu sentia.

— Isso é porque você está negando o óbvio, Freen, a Becky mexe com você de uma forma que ninguém mais mexe, não tem como negar que a Irin é maravilhosa, mas você sabe que está com ela por comodismo, não por paixão.

Aquelas palavras me atingiram em cheio, mas eu não podia negar que Nam estava certa, meu relacionamento com Irin sempre foi tranquilo, confortável, seguro, mas com Becky... era tudo menos isso, era intenso, complicado, uma chama que eu não conseguia apagar e eu não queria apagar.

— Eu não posso simplesmente terminar com Irin. — Respondi sentindo o peso da culpa. — Eu aceitei casar com ela.

— E eu falei pra não aceitar. – Nam deu um gole longo em sua bebida antes de me encarar novamente. — Eu não estou dizendo que você precisa fazer isso agora, mas você também não pode continuar se torturando, se você não gosta da Irin algo precisa mudar e você sabe disso.

— Não é que eu não goste da Irin ela era gentil, carinhosa, linda e uma pessoa maravilhosa, mas eu não a amo mais.

— Você um dia a amou? – Nam me olhou como quem sabia a resposta.

— Eu não sei. – Dei um gole longo na minha bebida.

Eu sabia que ela estava certa, mas as consequências de qualquer decisão que eu tomasse eram assustadoras, Becky era uma provocação constante, algo que eu não conseguia controlar e ao mesmo tempo ela não estava disponível para mim, ou talvez estivesse... o problema é que eu não sabia o que ela realmente queria.

— E o Heng? – Nam perguntou de repente mudando de assunto. — O que está rolando ali? Você ficou com uma cara de ciúme hoje na delegacia.

— Ele não tem nada a ver com isso. – Respondi rapidamente, mas Nam levantou as sobrancelhas, claramente duvidando de mim.

— Não pareceu, Freen, toda vez que a Becky se aproximava dele, você ficava mais tensa, eu não sabia que você era tão territorial.

— Eu não era – Eu ri, mas sem humor. — Ciúmes nunca foi um problema pra mim, mas desde que a Becky apareceu eu não sei, tudo mudou eu fiquei... Mas não é o Heng, é... Becky, ela faz isso de propósito, eu sei que faz.

— Ah, isso eu sei que faz, ela está te testando, Freen. – Nam riu também, desta vez genuinamente.

— Você acha? – Perguntei meio sem jeito.

— Eu diria que estão jogando um jogo perigoso vocês duas. Só espero que você tenha cuidado com a Irin no meio disso. – Nam alertou. — Você sabe, o pai dela...

— O Diretor de polícia – Apertei minha nuca. — Mas não é isso que me assusta, eu só não queria machucar Irin, de jeito nenhum, ela não merecia isso.

— Você sabe que no fim você vai ter que escolher, né? – Nam falou mais séria desta vez. — Não pode continuar fugindo disso para sempre, você não pode passar o resto da vida com alguém por não quer machuca-la.

— Eu sei, mas...

— Mas nada, e quanto a você, a sua vida? – Nam segurou minha mão. — Eu te amo desde sempre, eu não vou aceitar ver você se machucando pra proteger alguém, seja quem for.

— Eu também te amo. – Abracei apertado a minha melhor companheira de vida.

— Ok, chega de falar de problemas. – Nam declarou de repente levantando o copo. — Vamos brindar à confusão amorosa da nossa delegada e esquecer tudo isso por uma noite!

Levantei meu copo rindo mesmo que parte de mim ainda estivesse um pouco pesada.

— Um brinde à confusão. – Concordei, batendo meu copo no dela.

A noite continuou assim, com risadas e conversas mais leves. Nam sempre tinha o poder de me fazer esquecer temporariamente os problemas, mas sabia que no fundo essa noite não resolveria nada, eventualmente eu teria que encarar Becky e Irin e descobrir o que realmente queria para mim.

Mas, por enquanto eu só queria uma pausa.

— Delegada... Freen... – Ouvi uma voz baixa como um sussurro irritante. — Delegada...

A pressão no meu ombro aumentou e a voz ficou mais insistente.

— Freen! – Dessa vez o som foi firme e acompanhado de um tapa em meu ombro, foi suficiente para me fazer acordar.

Levantei a cabeça com um sobressalto ainda confusa tentando entender onde estava, a dor aguda na minha têmpora me lembrou rapidamente, ressaca.

Eu tinha passado da conta na noite anterior com Nam, dormi o total de zero horas, tomei um banho e vim trabalhar. – Tentava refazer meus últimos passos em minha mente.

— O que... – Comecei com a voz saindo arrastada. — Eu tô aqui.

Abri os olhos e lá estava ela, Becky com os braços cruzados e um sorrisinho cínico no rosto me olhando como se eu fosse algum tipo de espetáculo.

— Bom dia delegada, dormiu bem na sua... mesa? – A voz dela carregava sarcasmo puro, o suficiente para me deixar ainda mais irritada do que eu já estava.

— Tô viva se é isso que você quer saber. – Respondi tentando disfarçar o quanto minha cabeça latejava.

Ela deu uma risada seca claramente se divertindo com o meu estado.

— Se tá viva tá ótima, mas honestamente você tá parecendo um zumbi de filme ruim. – Becky arqueou uma sobrancelha, os lábios formando um meio sorriso. — Ressaca brava, hein?

— Que que você quer, Becky? – Murmurei, já sem paciência para o jogo dela. — Já foi resolver o caso que te passei?

— Vim te acordar primeiro, já que parece que você esqueceu que aqui é seu local de trabalho. — Ela respondeu com aquela indiferença falsa que só fazia aumentar meu incômodo.

— Muito obrigada pela sua preocupação. – Respondi esfregando os olhos. — Eu vou ficar bem, mas se você for embora logo eu vou ficar melhor.  Eu não estava com paciência nem cabeça pra joguinhos, não hoje.

— Claro que vai, mas tenta não desmaiar, tá? Seria uma pena. – Becky falou com um sorriso de canto e a voz doce.

Eu a olhei tentando manter a compostura, mas claramente ela se divertia com o meu estado deplorável.

— Becky? – A chamei.

— Calma, delegada eu só vou pegar um remédio pra você eu não sou tão ruim e por favor tenta não morrer de ressaca enquanto eu estiver fora.

— Vai à merda. – Conclui baixo sem forças para um confronto.

Ela deu de ombros como se fosse algo comum.

— Já tô lá delegada, e pelo visto, você também. – Becky virou-se lentamente, caminhando em direção à porta.

Enquanto Becky se afastava senti um misto de irritação e uma pontada de admiração, ela sempre soube como me desestabilizar como provocar e ao mesmo tempo me manter alerta, fechei os olhos tentando abafar a dor pulsante na cabeça e a confusão em meu coração. Pensei em como minha vida tinha mudado tão rapidamente. Um dia, eu estava simplesmente focada em meu trabalho, prestes a casar, e no outro, aqui estava eu atolada em sentimentos que não sabia como lidar.

— Olha só quem não desmaiou. — Ela entrou balançando uma cartela de remédio nas mãos.

— Isso não vai acabar nunca? – Cruzei os braços cansada, não só pela ressaca.

— Vai quando eu cansar. – Ela colocou a cartela sobre minha mesa e caminhou de volta para a porta.

— Você precisa ter cuidado. – A puxei pelo braço e coloquei contra a parede. — Você tem que parar de brincar com fogo.
— Eu sei me cuidar, não preciso que você me fale nada. – Ela tocou no meu ombro e me puxando pra mais perto e me empurrou em seguida. — E quanto a brincar com fogo, essa é uma das minhas melhores habilidades, delegada.

— Becky, Becky. – Eu repeti segurando em seu braço a olhando por cima do ombro.

— Sabe o que é engraçado. – Ela se aproximou novamente. — Não vi esse olhar de desejo pra sua noiva ontem. – Ela riu em deboche.

— Deve ser porque eu quero você e não ela. – As palavras saíram antes que eu pudesse contê-las, e o olhar de Becky congelou em mim por um breve momento. Eu podia sentir a tensão aumentando, mas em vez de respondê-la, ela apenas recuou.

— Acho que tinha algo na sua bebida ontem, por isso falam que antes de matar a cachaça humilha. — Ela disse com a voz fria e controlada, mas com um leve tremor que não passou despercebido por mim. — Eu vou indo resolver meu caso.

— Continua fugindo e jogando, um dia a gente vê quem vai sair ganhando. – Falei vendo ela sair sem olhar pra trás, eu sabia que tinha tocado em um lugar sensível.

Aquele jogo de gato e rato entre nós era bom e excitante em algumas partes, mas também era cansativo. E enquanto ela se afastava eu sabia que nossa história ainda não tinha terminado, não mesmo.


Oi oi, bj bjo, tchau tchau. ❤️ Até o próximo (provavelmente amanhã)




Obsessão [FREENBECKY]Onde histórias criam vida. Descubra agora