Green Valley

CAPÍTULO 10

Em Green Valley...

POV| MON

Quando eu saí pela porta principal, passei pela enorme varanda, avistando a caipira com os cavalos selados, minha primeira reação foi de estranhamento. Por isso desci as escadas e me aproximei com cautela para perto dos coqueiros, onde ela estava.

-Você ainda quer andar a cavalo? (Ela pergunta, e pela primeira vez desde que cheguei, o seu tom de voz era ameno, sem nenhum vestígio de ironia ou irritação)

-É.. (Confesso que fiquei um pouco confusa, era estranho ela me perguntando se eu queria andar a cavalo assim do nada e mais estranho ainda ela falando dessa forma) O quê?

Mantive uma certa distância dos animais, a minha última experiência com cavalos digamos que não foi muito especial..

Ela pareceu pensar um pouco antes de responder, como se escolhesse as palavras. Eu tenho certeza que iria me dar uma patada.... Céus, ela tem tão pouca paciência assim?

É mais sério do que eu pensava.

O estranho é que hoje, eu também não estava no meu melhor dia para procurar intrigas com ela, mesmo que fosse automático. De certa forma algumas lembranças da noite anterior vagam pela minha mente constantemente por um pequeno período de tempo, principalmente as que descreverei agora; como quando observei a pulsação nada controlada no pescoço da caipira enquanto eu dizia o que me interessa em uma pessoa, quando notei a sua inquietação em decidir se concentrava-se na estrada ou nas minhas pernas dentro daquela caminhonete horrenda, quando ela me segurou para que não caísse na escada e eu percebi que a força que falei mais cedo, ela provia. Ou a mais perturbadora das lembranças, ela aos meus pés, tirando os meus saltos suavemente, enquanto seu olhar corria sutilmente pela minha pele exposta até o vão do meu vestido, fechou os olhos rapidamente ao inspirar o meu perfume e quando os abriu, vieram de encontro aos meus...

Podia até estar bêbada, mas não tinha como eu não me lembrar disso, ainda mais quando tais momentos resultaram em uma sensação úmida entre minhas pernas..

Tenho que admitir, essa caipira me excita, porra... como ela me excita!

E eu não entendo como alguém como ela pode me causar essas sensações, cara.. olha para ela, toda séria, suas roupas seguem sempre o mesmo padrão, calça jeans clara ou preta, camisa branca com esse maldito coletinho por cima, botas, chapéu ou boné, depende do dia. Sem contar que ela vive cheirando a mato, suja de esterco e ainda é grossa, indecifrável, impaciente..

Não consigo compreender porque o meu corpo responde dessa forma.

Tudo que eu sei, é que essas trocas de farpas, a tensão atmosférica que se forma quando estamos em um mesmo ambiente, as intrigas me deixam tão irritada na mesma proporção que me deixam molhada.

Só me deixa uma conclusão, isso não passa da minha mente tentando me enganar, com certeza isso é o resultado desse tempo sem ter relações, com o fato de eu estar tensa com a mudança radical. Então tudo não passa da carência me fazendo ter alucinações.

Isso mesmo.

Uma atenção a mim mesma mais tarde deve resolver.

Eu só não sei até quando...

-Perguntei se você ainda deseja andar a cavalo? (Voltei a realidade com a sua fala)

-Assim.. do nada? É que..

-Quer saber, esqueça. Vou desselar a Safira.. (Ela estava pronta para se virar e sair)

-Nãooo, espera.. (Me aproximei mais, esquecendo um pouco do medo do animal) Safira..?