Chapter seven

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Papai não diz nada desde que chegou em casa.

Depois que saímos do Retro's Bite, voltamos direto para o apartamento e dormimos até a metade do dia. Eles ficaram aqui por três dias inteiros e, quando já estavam indo embora, acabaram trombando em papai, que mal os cumprimentou. Ele passou por mim na sala e fingiu que não ouviu os miados de Mida atrás de um carinho, se trancou em seu escritório e não saiu mais.

Já está escurecendo quando ouço seus passos se aproximando da cozinha. Dou um longo gole no meu café, observando o olhar cansado e avermelhado de papai. Ele chorou?

- Está tudo bem? - pergunto, ganhando sua atenção.

- Você quer jantar fora? - sua voz sai baixa e um pouco grogue - Podemos ir naquele restaurante italiano de que você gosta.

Anuo. Observo quando ele dá um sorriso, pega um pouco de água e praticamente corre da cozinha. Ele não respondeu minha pergunta e nem precisou, seu estado já me dá uma resposta.

Deixo a xícara vazia sobre a pia e vou para meu quarto. Assim que entro, me encosto na porta fechada atrás de mim e observo Mida deitado na minha cama. Às vezes, eu o invejo por não ter que fazer nada o dia inteiro ou se preocupar com as coisas ao seu redor.

Me coloco sob a água quente, minha mente não sai do que aconteceu na cozinha. Amo o Kylpos, a temática de Grécia Antiga, a comida e a rapidez com que tudo é feito, mas papai odeia e só me leva lá para me contar algo importante sobre nós. E isso me assusta, porque nunca é nada bom.

Aliso o vestido branco colado em meu corpo enquanto me olho no espelho, meu cabelo está solto, com um laço castanho preso à parte de trás, deixando algumas mechas caírem em meu rosto. Calço meus saltos finos brancos e encontro papai na sala, vestindo sua calça social beje e uma camiseta preta.

- Você está linda, Vivi.

Sorrio com o elogio. Sussurro um agradecimento enquanto visto meu sobretudo.

O caminho é tão silencioso que penso seriamente em abrir a porta do carro e me jogar daqui. Papai mantém os olhos focados nas ruas, mas às vezes o pego olhando para mim, abrindo e fechando a boca, aumentando o frio em meu âmago.

Quando paramos em frente ao Kylpos quase pulo do carro, assustando um dos funcionários, que me olha como se fosse louca.

Entramos assim que papai entrega a chave do carro para o manobrista, um garçom nos guia até nossa mesa e se retira assim que garante que estamos confortáveis em nossos lugares.

- Você gosta de morar comigo?

Ergo meus olhos e encontro os seus, me olhando com receio. Que tipo de pergunta é essa?

Pisco meus olhos algumas vezes e passo a língua por meus lábios, tendo a certeza de respirar fundo algumas vezes.

- Por que não gostaria? - O melhor jeito de fugir de perguntas como essas é respondendo com uma pergunta.

- Viajo muito, quase não fico em casa e, quando fico, estou sempre no escritório ou trabalhando.

- Mesmo assim, você sempre está comigo quando preciso, me apoia em quase tudo e também me deixa tomar café.

Ele fica em silêncio, desviando o olhar para seu copo de água: - O café está se tornando seu vício.

- Um vício delicioso.

- Um vício sem açúcar - afirma, soltando uma risada, que já é o suficiente para me acalmar um pouco.

Caímos num silêncio não tão confortável como queria, que foi cortado apenas pelo garçom que anotou nossos pedidos e rapidamente saiu de perto da mesa, como se sentisse que algo não está certo. E realmente não está.

Tomo longos goles de água, como se fosse me dar a coragem que preciso. Não deu nem o início do que preciso: - Como foi a viagem? - pergunto, não me rendendo a ansiedade.

Ele leva a taça com vinho aos lábios e engole metade do líquido ali, como se fizesse o mesmo que eu ao pensar que lhe dará alguma coragem. Mas com ele deve funcionar.

- Não foi nada do que pensei que seria. Na verdade, foi bem longe disso - ele finalmente me encara - Lembra do Nicolas Archibald?

Com certeza. Um homem de meia-idade, milionário, com vários parafusos faltando e que sempre que me vê faz questão de me dar uma enorme quantia de dinheiro escondido só para que eu fale bem dele para meu pai, um de seus melhores investidores, e que me deu minha primeira égua só por que meu pai disse que eu gostava de cavalos?

- Brevemente.

- Ele quer que eu seja seu sócio - anuncia, como se não fosse nada.

Gilmore GirlsOnde histórias criam vida. Descubra agora