Chapter fourteen

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O fim.

   Odeio cidades pequenas.

   É só isso, não tenho mais nada a dizer sobre o assunto. Claro que tem uma lista de motivos por trás disso, mas isso não é o mais importante. Não no momento.

 Por agora, tudo o que quero é ficar aqui, em Boston, onde meus amigos estão, onde meu trabalho está e principalmente quando é aqui meu lar. Mas não posso. Até mesmo fui contra o que disse que faria e pedi para papai me deixar ficar. 

   Ele apenas fingiu que não me ouviu. Descobri que ele é tão bom nisso quanto eu, apesar de praticar bem mais que ele.

   Coloco a ração de Mida numa vasilha baixa, já que a sua foi tigela oficial de ração foi empacotada e mandada para meu cativeiro. Espero que Lorelais gostem de gatos. Mas se não gostarem, tudo bem, não me importo em me livrar delas.

   Christopher comentou algo sobre deixar ele em algum pet shop ou centro de adoções para não aborrecer as Lorelais, o que me deixou em um misto esquisito de emoções. Não abandono esse gato nunca, ele já faz parte da minha família.

   — Daqui em diante, seremos só nós dois — comento baixinho para apenas ele escutar, e por mais incrível que pareça, ele mia para mim, como se me respondesse. Provavelmente entendendo que será vir comigo ou parar numa família ainda mais disfuncional.

   — Violet — a voz grave de papai se faz presente atrás de mim, me pegando desprevenida. Em resposta, eu apenas o olho. — Amanhã o ônibus sai às sete.  

   — Ônibus? — minha voz é em profundo desespero e dúvida. Como assim ônibus? 

   — Surgiu um trabalho que preciso fechar antes de ir oficialmente para a empresa e o voo sai de madrugada — continuo o olhando desacreditada. — Não espero que você entenda. Se acontecer alguma coisa, me liga.

   E então, tão rapidamente como entrou, ele saiu.

   Ótimo. Minha psicóloga vai saber disso.

   É como se um peso recaísse sobre todo meu ser, me obrigo a andar até meu quase ex-quarto, me jogando em minha quase ex-cama. O que será que ele fará com o quarto? Ele sempre comentou em ter uma biblioteca em casa. Ou quem sabe, ele conheça alguém e a engravide e deixe esse quarto para o bebê roubador de lares. São tantas opções. E todas podem se tornar realidade em um simples passo em falso.

   Eu não quero mais pensar em nada disso. 

   Pego meu celular e disco o número de Andy, mas paro antes de continuar a chamada. Ele vai me encher de perguntas sobre como estou e o que acontecerá comigo, em outras palavras, perguntas das quais estou tentando fugir.
  
   Hoje completa sete dias desde A Noite, um nome sem muita imaginação criado por mim para uma das piores noites da minha vida. Quase nada aconteceu, apenas que agora, como forma de punição, estou saindo da cidade.

   Não por culpa de Andy ou Jenny, e sim de Christopher, que nem se quer me olha no rosto. Ele saindo quase correndo da cozinha agora pouco foi uma demonstração de como tem sido nosso relacionamento. Eu não gosto, mas no momento me sinto incapacitada de fazer alguma coisa. Qualquer coisa, na verdade.

   Quando começa a escurecer, é quando finalmente me levanto. Coloco todas as roupas que sobraram na bolsa e separo algumas peças para a manhã. Tomo um longo banho na água mais quente possível e demoro quase uma hora, tendo a total certeza de acabar com toda a água quente, para quando Christopher for tomar banho antes da viagem, isso se ele for realmente viajar, não ter uma gota da água quente.

   Às vezes é necessário ser infantil.

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⏰ Última atualização: 2 days ago ⏰

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