Chapter twelve

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Ansiedade

   Tentativa de roubo foi o que sofri esta noite, não furto!

   Isso é tudo o que quero gritar na cara da falsa ruiva, assim como quero arrancar seu cabelo fora. Eu me senti ameaçada e saí dessa situação machucada, as minhas três unhas quebradas e em carne viva são provas disso. Mesmo assim, a falsa ruiva insistiu em colocar na ficha que foi uma tentativa mal sucedida de furto sem nenhum mal à vítima, apenas porque eu reagi. 

   — Espero que passe o resto da semana bem e sem nenhum incidente — me deseja a mulher, sua voz soa estridente e afinada, coisa que nunca achei ser possível.

   — Igualmente — desejo-lhe no mesmo tom afinado e estridente.

   Só então, quando saio pelas portas da frente da delegacia, percebo na armadilha em que caí. Ajeito a jaqueta em meu corpo, não para me proteger do frio, mas sim para buscar algum conforto em mim mesma, já que de papai não encontrarei nenhum no momento. Ele ainda não me dirigiu a palavra e nem se quer perguntar como estou. 

   Não o culpo. Fiz várias coisas erradas essa noite, na qual ele nunca deveria descobrir, dentre elas está sair escondido, beber e reagir a um roubo.

   Quando entramos no carro, minhas mãos coçam para ligar o aquecedor como de costume, mas não faço, papai também não o faz e isso piora tudo. 

   — O cinto.

   Só então percebo ser isso o que espera eu fazer para então ligar o carro, o faço rapidamente, com minhas mãos tremendo e minha cabeça formigando, meu corpo todo formigando, na verdade. 

   O caminho parece inegavelmente lento e a todo momento olho para papai, pronta para pedir desculpas, mas todas essas vezes parei e não foi pelo formigamento que se forma em minha língua e sim pelo som baixinho que papai faz e seu canto de boca se repuxa para baixo toda vez que percebe meu olhar sobre si. 

   Minha perna não treme e nem meus pés se remexem, dessa vez é minha mão que sofre as consequências da ansiedade. Já arranquei mais duas unhas e as deixei tão curtas que começa a sair um pouco de sangue delas, assim como o sangue não dá sinais de querer parar de sair das outras três, mas felizmente minha saia é preta e não deixa o vermelho predominar em si, já que é nela que limpo o sangue. Algo nojento.

   Finalmente, papai estacionou o carro na garagem do prédio e penso seriamente se devo ficar ali por mais quatro ou cinco horas até finalmente sair. Me rendo à última alternativa e pulo do banco de carona. Ele e eu andamos lado a lado para até nosso apartamento e o barulho do salto de minha bota é o único som que preenche os corredores.

   Quando finalmente estamos na sala, encontro Mida deitado no sofá, desvio meu olhar para seu pote e o vejo vazio e alguns brinquedos seus espalhados pela sala. Ao menos alguém se divertiu esta noite de forma responsável.

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