Não sou daqui

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Todos estavam tão empenhados para que o plano desse certo e eu me sentia perdido no meio de todos. Cada vez mais esse sentimento de não pertencer a esse lugar vinha à tona. Não que necessariamente seja um problema, até porque passei a vida toda com esse sentimento, mas agora estava me incomodando mais do que eu esperava. Eu queria ficar. Queria que eles quisessem minha ajuda e pedissem para que eu ficasse. Queria que alguém precisasse de mim, mas sei lá, acho que estou querendo muito.

Essa semana eu foquei completamente na minha dominação. O pouco que consegui usá-la antes de uma semana intensa de treinamento foi apenas por instinto de sobrevivência. Mas mesmo treinando incansavelmente ainda sinto um bloqueio enorme, uma falha na comunicação. Ainda tem algo em mim, na minha mente, que me impede de dominar.

- Ah, tu tá aí.

Um Sokka sorridente veio na minha direção. Desde o início dos preparativos para a invasão não ficamos sozinhos ou tivemos algum tipo de interação. Não que antes fizéssemos algo parecido, mas agora é estranho conversar com ele. Sempre foi difícil que ele conversasse comigo, ele estava sempre irritado. Agora o semblante em seu rosto é diferente, mesmo que cansado das horas de reunião, ele ainda tem um semblante feliz e relaxado. Vejo que finalmente está se sentindo em casa de novo e não precisa mais ser tão durão. 

Ele senta nas escadas da varanda.

- Não aguento mais pensar. Meu cérebro parece que vai explodir. Acredita que mesmo eu dizendo pra Toph que eu não seria o líder dessa missão, ela está dando jeitos de ignorar isso completamente? Não que eu não goste disso, mas depois do que aconteceu, liderar pessoas de novo parecia algo distante. Alô? Tá aí ainda?

-Sim... tô ouvindo.

- Eu até sinto um pouco de falta de não fazer nada. Olhar pra nada. Pensar em nada. Você se sente assim também?

- ...Às vezes... mas quem sabe... sair um pouco para espairecer não te ajude.

- Não é uma ideia ruim, mas acho que não é viável agora. Eu vim justamente  para te dizer que provavelmente vamos ter que procurar outro lugar por um tempo. Logo os oficiais estarão batendo aqui atrás da gente. Eles sabem que estamos na cidade. Eu e a Toph estávamos decidindo qual era o melhor lugar para nos escondermos. Cara, você tá bem? Anda meio quieto, nem parece que tu tá me ouvindo.

- Tá tudo bem. Tava só pensando, mas agora não tenho muito a oferecer. Não sou bom em liderar e não sou bom em me esconder.

- Falando assim até parece que você é um imprestável. Pega mais leve com você. Você é bom.

- Me elogiando?

- Não devia ter aberto a minha boca. Agora você vai ficar se achando só porque falei algo legal.

Solto uma risada nasal.

- Bom, era isso. Quando acharmos um lugar seguro eu te falo.

- Tá.

Ele volta para dentro.

- Hum, que sorrisinho.

- Toph, que susto. Como sabe que estou sorrindo?

- Não sei, mas algo mexeu com seu coração e não parece que nada tenha te assustado, então joguei um verde.

Tomo consciência dos meus batimentos. Fico um pouco envergonhado.

- O que aquele palhaço falou para te deixar assim?

- Não falou nada demais. Estávamos falando sobre acharmos outro lugar para ficar.

- Então o coração está acelerado só por ter falado com o Sokka.

- QUE?

- Tô brincando.


A Nova Nação Do Fogo - SukkaOnde histórias criam vida. Descubra agora