Bônus: Os três mosqueteiros

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Quais eram os prós e contras de sair da sua cidade natal para outra próxima, a fim de começar uma nova etapa em sua vida?

Prós: você conhece muitas pessoas e lugares novos, amplia seu conhecimento sobre tradições locais daquela cidade, aprecia o bom ensino de um ambiente diferente e abre sua mente para outra perspectiva de vida, além de ter mais responsabilidades e conhecimento em geral.

Contras: tudo isso, mais o fato de você ser alguém introvertido com zero preparatório para interação com humanos — gatinhos fofinhos de rua não inclusos no pacote, infelizmente.

Jeon Wonwoo mal imaginava que sua vida seria uma amostra grátis do inferno na primeira semana de aulas em Dongan-gu, eram cheiros diferentes e enjoativos demais para seus olfatos estranhamente sensíveis, gírias regionais que nunca ouvira na vida e precisara aprender para interagir com intimidade no futuro assim que fizesse amigos, além de todos estarem dispostos a sugar sua alma com diversos tipos diferentes de olhares tortos existentes na face da terra e estudados por um bom gênio da linguagem corporal; desde que pisou no campus da faculdade, destinado a fazer seu curso dos sonhos, fotografia, ele fora o centro das atenções de forma neutra a negativa, seja por suas limitações interativas ou a forma estranha qual carregava, para lá e pra cá, um brinquedo gigante de controle de ansiedade pelos corredores daquele prédio imenso.

Rapidamente, ouviu diversos burburinhos com seu nome e todo aquele prédio sabia quem ele era, ou, pelo menos, conheciam as diversas versões que criaram de si.

Jeon Wonwoo, o esquisito da turma de fotografia com óculos redondos.

Jeon Wonwoo, o lúpus mudo bonitinho.

Jeon Wonwoo, o novato gostosão que gosta de tirar fotos.

E tanto o alfa quanto a autora garantem, há mais nomeclaturas da onde veio tudo isso aí.

O problema era que o Jeon não gostava de chamar tanta atenção, e só por aqueles comportamentos mais introvertidos, os residentes do campus já passaram a desconfiar de que ele não era um alfa considerado "normal"; a fama neutra para negativa se tornou apenas negativa de certa maneira que não conseguia explicar, afinal, um lúpus que não gostava de se exibir por ter "sido abençoado" pelos melhores genes que o destino poderia oferecer, não desejava "passar o rodo" em todo o campus mesmo que possuísse ômegas, betas e até outros alfas loucos na sua cola, e ao menos conseguiu fazer amigos tão rápido quanto imaginavam, era totalmente surreal para eles. Algo comum em mentes conservadoras que Wonwoo imaginava apenas estar presente no subconsciente de velhinhos fofoqueiros das ruas, se encontravam em noventa e nove por cento daqueles jovens quando o assunto era "Jeon Wonwoo, o lúpus que não age como lúpus".

Por isso, obviamente, ele ficou completamente sozinho nas primeiras semanas, sendo apenas julgado e totalmente ignorado na maior parte do tempo; não que isso fosse um total problema para o "Jeon bobo"* introvertido, mas era um tanto frustrante ao mesmo tempo... queria ser melhor em fazer amizades sinceras, porém aquilo revelou-se difícil demais quando se comparava a uma porta em questão de socialização.

Talvez... a situação fosse uma breve vantagem do que viria logo depois em sua vida? Bem, ele descobriu, um tempo depois, que... sim, a injustiça não duraria muito.

Começou com uma interação simples, porém muito significativa para um início de amizade; Lee Jihoon, o ômega de cabelos rosinhas da sua turma, deixou cair todos os seus materiais no chão em um momento de desatenção e acabou causando boas gargalhadas da turma que observava aquilo, o homem claramente ficou irritado com a situação ao ponto de deixar seu cheiro de biscoitos mais forte, causando um medo automático em todos os alunos daquela sala ao se lembrarem quem era o alfa do rapaz. Wonwoo aproximou-se para ajudá-lo mesmo que não fosse sua obrigação, ignorando o fato de um cheiro forte como o seu — porém mais amadeirado e firme — estar impregnado no Lee mais novo, indicando que seu companheiro também era um lúpus e poderiam ter problemas caso fosse mal interpretado.

Não estava fazendo nada demais afinal, apenas ajudando o que viria a ser um grande amigo futuramente, se não o melhor amigo que tivera em toda a sua vida.

A partir daquele dia, passaram a andar juntos como bons colegas de classe, e foi então que conheceu o segundo e último personagem principal do que viria a ser seu 'trio de mosqueteiros inseparáveis' no futuro: Kwon Soonyoung, aluno de teatro, mais velho dos três e alfa lúpus daquele ômega rosado que amava fotos de bichinhos fofos e grama. Ao contrário do que achavam que aconteceria, não se deram tão bem de início para desespero do ômega que se encontrava no meio de ambos, o homem com olhos de tigre não parecia tão confortável em dividir a atenção do amado com outro alfa, principalmente quando este era da mesma classe que a sua e os instintos primitivos de ambos gritavam por controle de qualquer situação; porém, ao descobrirem gostos em comum durante um dia aleatório que andavam juntos e conversavam sobre assuntos banais e hilários — enquanto gargalhavam como bons fugitivos do Caps —, o cheiro um do outro não parecia lá mais um problemão, pelo contrário, aquele homem repentinamente o acolheu como um filhote perdido assim como Jihoon fizera, e isso mudou toda a sua perspectiva sobre tal situação e até sobre si mesmo.

Pela primeira vez, Wonwoo não desejou fugir dos braços de alguém ou ter menos atenção em um grupo de amigos — trio, no seu caso; não aconteceu a mesma situação que sempre estava presente quando fazia amizades novas em sua cidade natal... ele se sentia acolhido, feliz, e o mais importante de tudo, estava confortável para ser ele mesmo sem precisar passar por qualquer julgamento que fosse!

Era maravilhoso e libertador, não sufocante ou desconfortável. Poderia ser um lúpus que gostava de fotografias e ronronava com o cheirinho da chuva por se lembrar de casa, o casal não o julgaria.

Jihoon o via como um melhor amigo qual podia grudar no braço durante uma caminhada pelo campus — ou volta para casa — e conversar sobre coisas aleatórias da vida, além de também se sentir confortável consigo para pedir ajuda em momentos de desconforto e sufoco, sendo prontamente protegido pelo Jeon quando o alfa alheio não estava por perto. Já Soonyoung, mesmo que de início tenha sido um tantinho mais ranzinza, agora agia como um verdadeiro pai presente que o ouvia no seu pior e melhor momento, gostava de sair consigo para conversar e comer besteiras das mais diversas, era quem marcava a maior parte dos 'rolês em trio e fora o responsável por apavorar todos que falavam mal de si naquele prédio por meses como um bom lutador de Taekwondo.

Era como se o casal tivesse tido um filhote, e este fosse Wonwoo.

E ser um "filhote" fazia-o aprender coisas sem nem ao menos notar, como entender o que era um verdadeiro amor, sendo em termo romântico ou com amizades maravilhosas como aquela.

O amor, o cuidado... além dos seus pais verdadeiros, ele não havia tido as mesmas sensações com outras pessoas até encontrar aqueles dois e ver como estes se encaixavam tão perfeitamente como verdadeiros melhores amigos. A aceitação, o respeito, eles também existiam ali... Tinha duas pessoas especiais ao seu lado, que estavam consigo nos momentos mais importantes da sua vida e nunca o largariam.

Mesmo que já tivesse encontrado a sua outra metade.

(*: trocadilho para 'João bobo', um boneco em que você bate e ele volta)

Circles • meanieOnde histórias criam vida. Descubra agora