O amor leva ao cuidado

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— Por favor, não repare a bagunça, minhas irmãs estão em casa esse mês

Fora a primeira coisa que Mingyu disse ao abrir a porta frontal da enorme residência, acompanhado de um certo alfa tímido atrás de si andando semelhante a uma criança "escondida", segurando a alça da mochila como se a mesma fosse arrebentar em milhões de pedacinhos caso sua palma não estivesse ali. Diria que policiando-se com cautela para não causar uma má impressão, parecendo estar em um campo minado.

Algumas poucas semanas se passaram desde a nova oportunidade de nota recebida pela oradora da turma, e mesmo que a decisão da professora tivesse causado indignação nos outros alunos — descobrindo quando, aleatoriamente, um dos betas leu o nome de um rascunho de roteiro qual o lúpus estava escrevendo —, esta não voltou atrás com sua palavra e ainda defendeu-o bravamente; imaginava que, para ter ganho outra chance, Mingyu precisou contar um pouco mais do que deveria, porém, não estava bravo com o ômega, e sim agradecido por ter passado adiante aquela consciência a mais para a mente da docente, além de que não conseguiria estar com raiva de alguém que o ajudou tanto até ali. O Kim fora cuidadoso consigo até demais da conta, passando por cima dos seus próprios princípios e decisões para estar perto do lúpus, e isso era muito importante na sua visão, eram poucas as pessoas que já fizeram isso por si.

Iniciaram o trabalho poucos dias antes da situação atual, inicialmente se encontrando no pequeno apartamento do Jeon para trocarem algumas ideias do que poderia ser feito a fim de enriquecer o tema dado, e agora, como prometido, era a vez do contrário ocorrer, e lá estava Wonwoo na residência alheia.

Os pais do Kim tinham muito bom gosto, além do espaço bom do lugar, tudo era muito bem decorado em tons brancos e móveis amadeirados e escuros, havia releituras de quadros bonitos pendurados, retratos da família igualmente misturados naquele meio e um armário inteiro apenas para coisas colecionáveis. Pôde ver algumas das câmeras antigas destes — qual lembrava-se de estar entre as dele no projeto —, porcelanas impecáveis e muitos vinis, mostrando que além de grandes amantes de fotografia, a família inteira parecia vidrada em música e colecionáveis.


Pensou em perguntar, mas era tímido demais e sentiu um certo medo em ser invasivo sem querer, então, optou pelo bom e velho silêncio, tentando não parecer um humano visitando um disco voador pela primeira vez.


— Olá querido! Você chegou cedo! — A Sra. Kim cumprimentou com um sorriso feliz em seu rosto, indo até o filho e enchendo as bochechas deste de beijinhos. Wonwoo gostaria de rir da forma tímida que Mingyu ficou com o toque, mas preferiu apreciar a felicidade genuína do ômega ao ser recepcionado daquela forma — Quem é o rapaz? Espero que fique para o lanche da tarde!

— Eu sou Wonwoo Jeon... q-quer dizer, Jeon Wonwoo, Jeon Wonwoo! — o alfa lúpus se curvou em torno de três vezes seguidas de uma vez só, claramente nervoso e envergonhado pelo erro do próprio nome.

Esperou que a mulher fosse olhá-lo como se estivesse com uma melancia na cabeça, mas aliviou-se ao vê-la sorrir calorosa.

— Muito prazer, Jeon Wonwoo, acho que já lhe vi na cafeteria, gosto de ver Mingyu com amizades novas! — A ômega mais velha relembrou-se brevemente, fazendo um carinho no ombro do citado — Bom, imagino que tenham que fazer o trabalho, boa sorte, meninos! Quando o café estiver pronto peço para uma das garotas chamar vocês!

— Obrigado, omma~ — o lúpus sentia que poderia se derreter inteiro ao ouvir Mingyu chamando sua mãe de 'omma', mas segurou-se ao máximo para que aquilo não ficasse tão aparente.

Porém seu alfa gravou o tom de voz de cada letra pronunciada pelo ômega, e as breves palpitações em seu peito retornaram como um tapa na cara.

Circles • meanieOnde histórias criam vida. Descubra agora