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Quando os convidados começaram a chegar, a casa se encheu de som e alegria. Costumava ser sempre só eu e meus pais, então ter uma casa animada e barulhenta não era comum. Eu estava muito animada; meus amigos da escola estavam aqui, juntamente com seus pais, que faziam parte do círculo social dos meus pais. Eu sempre tive muitos amigos, mas, em especial, tenho meus melhores amigos de todo o mundo: Nicholas e Sophie Darkwood. Seus pais eram Thorne e Elara Darkwood. Eles se pareciam muito com uma família de elfos ou algo do tipo: eram graciosos, delicados e elegantes. Elara era alta e esguia, com cintura em forma de ampulheta, seios e bunda na medida certa. Minha mãe diz que qualquer mulher mataria para ter um corpo daqueles. Eu não acho, mas Elara era realmente bonita. Ela tinha longos cabelos loiros que formavam cachos nas pontas, olhos azuis da cor do mar e um rosto simétrico, com características finas e suaves que lhe davam uma aparência angelical. Apenas o nariz levemente arrebitado lhe dava um ar de arrogância. Thorne, por sua vez, tinha uma beleza mais marcante: cabelos loiros iguais aos da esposa, uma barba extremamente bem feita e aparada. Ele era alto e magro, e dava para notar que frequentava a academia, mas não era tão forte quanto meu pai. As características de Thorne eram mais marcantes e bem desenhadas; seus olhos verdes cor de esmeralda davam um toque especial à sua aparência de elfo.

Sophie e Nicholas não são gêmeos, mas quem os vê certamente tem essa primeira impressão. A diferença de idade é pequena: Nicholas tem 16 anos e Sophie partilha da mesma idade que eu, 14 anos, apesar de eu ser três meses mais velha. Nicholas e Sophie são a cópia perfeita de seus pais: loiros, altos, magros, pálidos e de olhos claros. Com toda certeza, Sophie é a menina mais bonita que eu já vi, e Nicholas é um garoto muito bonito também. Vi a família Darkwood despontar pela entrada do jardim. O casal Darkwood vinha atrás de braços dados: o marido sorridente e a esposa olhando como se analisasse cada centímetro do local, provavelmente em busca da minha mãe. Elara e minha mãe são amigas de infância foram vizinhas, frequentaram o mesmo colégio, a mesma faculdade, praticamente a vida toda juntas. Thorne é cirurgião no mesmo hospital que meu pai. Eles se conheceram lá e, em uma noite de jogos casual, meu pai apresentou Thorne a Elara, o que virou uma grande história de amor que gerou belos frutos, eu diria. Os quase gêmeos Sophie e Nicholas vinham correndo em minha direção, usando roupas azul-claro claramente combinando um com o outro. Essas pequenas coincidências é que fazem pensar que são gêmeos. Etavam trazendo grandes sacolas de presentes, não pude evitar dar um pulinho e bater palmas de excitação.

Apesar da semelhança física óbvia, os quase gêmeos têm personalidades completamente opostas. Sophie é altruísta, alegre, doce, gentil e empática. Nicholas, ao contrário, é mais individualista, determinado, confiante, implacável, e com um senso de justiça inabalável. Juntos, a família Darkwood formam definitivamente a imagem da força e imponência.

Sophie veio saltitante em minha direção, sorrindo e com os braços abertos, indicando um abraço iminente. Logo atrás, vejo Nicholas, agora segurando sua sacola e a da irmã. Ele carrega um ligeiro sorriso de canto.

- Parabéns, parabéns, parabéns! - Sophie me apertou em um abraço caloroso e me deu dois beijinhos na bochecha. - Você está linda, nem aparenta a idade que tem - ela disse, debochada, rindo.

- Parabéns, Leen - Nicholas sorriu e me cumprimentou com um beijinho no rosto. - São para você, esperamos que goste - ele disse me entregando as sacolas de presentes. Abracei-o retribuindo o gesto e fiz o mesmo com Sophie. Quando me virei novamente, Nicholas já estava junto de um amigo em comum.

- Sophie, vamos. Quero te mostrar o meu lugar secreto; podemos construir nosso castelo lá. - deixei as sacolas na mesa de presentes, peguei na mão de Sophie e saí em direção à clareira secreta no jardim. Quando passamos por minha mãe e pela senhora Darkwood, minha mãe segurou meu braço, o que me fez parar imediatamente, deixando em mim e em Sophie uma expressão de confusão.

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