NeoMezo

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O Convite

A imagem mostrava um triceratopo, um grande animal com três enormes chifres, dois grandes acima dos olhos e um menor acima do nariz, e uma franja  óssea se projetando da nuca para cima, cobrindo o pescoço e se armando na mandibula superior. De pé, nas 4 patas, o animal pastava dentre árvores, gramas e, o que fez Tenave estremecer, um jipe

- O que é isso? - ele perguntou a Doni.
- Um triceratopo, claro.
- Como um triceratopo? Ele está extinto há milhões de anos. - Tenave se levantou num embalo.
- Bem, vou lhe explicar. Agora sente-se. - Tenave obedeceu e Doni continuou a falar. - há alguns anos, minha equipe e eu descobrimos o que pode se chamar de milagre: nós descobrimos como trazer alguns animais extintos de volta a vida. Desde então, trabalhamos num local onde esses animais possam ser vistos, estudados, apreciados... fora dos museus. E nós os pusemos na Isla San José.
- Fez um zoológico com dinossauros? - perguntou Vinícius, incredulo. - já passou na sua cabeça que animais antigos não se dão bem em cativeiro?
- Mais aí é que está. Eles se comportam tão como animais de hoje como sempre foram no passado.

Tenave ainda olhava para a foto. Não podia acreditar no estava vendo, não podia imaginar que o homem á sua frente simplesmente realizou o impossivel. Como ele fez isso? Como os animais foram trazidos de volta? Será que Doni diz a verdade? Não tinha muitas respostas no momento, mas sabia que cedo ou tarde elas viriam.

- Nós pretendiamos fazer um safári com esses animais. Dar a oportunidade de biologos e zoólogos visitarem a ilha e descobrir como alguns desses animais eram no passado - Doni se levantou. - e ainda dar a oportunidade para pessoas do mundo todo admirarem os dinossauros. Imaginem quantas pesquisas médicas poderiam ser feitas com os animais pre-históricos.
- Você não tem noção do perigo? - Tenave finalmente se pronunciou. - sabe o que animais desse tamanho podem fazer?
- Ora bobagem, essa visão assustadora dos dinossauros de Hollywood já não deveria ser mais usada. Eu garanto, é como ter um leão crescido em cativeiro. Ele sabe que não vai conseguir atacar os turista, e se tentar, irá falhar e entender que nuca vai conseguir.
- É, mas um leão não pode derrubar árvores - disse Vinícius.
- Árvores, sim. Cercas de 6 metros de altura, com mais de 2 metros de espessura de concreto, e barras de aço maçiço com 40 centimetros de espeçura, não.

Vinícius calou-se, sem dizer coisa alguma a mais. Tenave apoiou o queixo etre os dedos, pensando.
- Por que nos chamou aqui? - perguntou o professor.
- Bem... ahm... nós desejamos abrir a reserva em algumas semanas, porém observamos que alguns animais estão adoeçendo e meus veterinários insistem que são problemas com o ambiente em sí, afinal eles são de outra era. Por isso quero que venha até a ilha para... bem...
- Para examina-los?
- ...Isso - Doni concordou com Tenave e se sentou de novo na cadeira.
- Por que fizeram essa "reserva" numa ilha? - perguntou Vinícius.
- Fazer o ambiente correto no continente não seria menos barato - respondeu Edval. - porém, com o tráfico de animais crescendo a cada mês e levando em conta de que os animais teriam que ter lugares maiores para se viver, decidimos que uma ilha seria mais fácil de se vigiar e tornar segura.
- Doni - chamou Tenave. - o que tem no pacote que me deu?
- Você ainda não abriu?
- Depois disso, estou com receio.
- Dê ele a mim.

Tenave entregou o pacote para o empresário que o rasgou rapidamente. A primeira vista parecia um osso recém removido, mas o formato curvo e conífero dizia o contrário: era um dente, com 10 centímetros. Tenave logo soube de onde ele vinha.

- Um belo dente, não? - Doni entregou o dente para o professor. - o tiranossauro troca de dentes gradualmente.
- Tiranossauro? - Tenave o fitou ancioso.
- Escute, o que estou tentando fazer na ilha, não é um ritual macabro, não estou tentando o apocalipse. Imagine como esse ato vai fortalecer ainda mais a ciência como a conhecemos. Eu só preciso que você venha e tente descobrir por que os animais estão ficando doentes.