O Caçador

O homem desceu para o solo e apoiou o rifle bronzeado no ombro. Seu rosto foi iluminado pelos faróis traseiros. Tinha uma barba cheia e grisalha e um corte recente na bochecha.

Ele caminhou diretamente para o grupo e se posicionou alí, se apoiando na arma que fixou no chão.

- Quem é você? - perguntou Doni.
- Bem - disse o homem, com uma voz falha e rouca. - é o seguinte. Eu e o meu grupo estamos rendendo a ilha.
- Como disse? - Bruno se aproximou.
- O governo dos Estados Unidos da América decidiu investigar o local por conta própria - disse ele. - e eu fui mandado aqui para rende-los e confiscar os animais clonados e postos nessa ilha considerada pelo governo americano "uma fábrica de armas biológicas". Resumindo, vamos levar os animais conosco para estudo e criação  a US army. Entenderam?
- Vão levar os animais para serem tratados como cães de guerra? - perguntou Tenave.
- Não podem! Não vou deixar! - Doni berrava com um semblante furioso.
- E vai tentar nos impedir? - o homem ergueu o rifle e mirou para Doni. O empresário ainda tentava avançar, mas foi barrado por Tenave. - lembrem-se, eu estou no comando aqui.

Tenave e Vinícius foram levados para um caminhão enquanto Doni e Bruno foram levados para outros. O caminhão se abria na parte de trás, revelando dois militares com a bandeira dos EUA no braço, mexendo em monitores. Eles sentaram o professor e o aluno num dos acentos laterais do caminhão. O homem bronzeado sentou na frente deles.

- Agradeçam depois aquele bendito pescador e o maldito relato - disse ele. - ah! A proposito, meu nome é Giolen, investigador da força tarefa dos Estados Unidos. Quase aposentado.
- Droga... - disse Vinícius.
- Vão pegar os animais e ir embora? - perguntou Tenave.
- Sim - disse Giolen. - e vamos levar vocês juntos.

Tenave franziu o cenho, quase rangendo os dentes e se segurando para não pular em cima do militar, e correr do caminhão enquanto podia. O pensamento foi excluido quando as portas foram fechadas.

- Bom - disse Giolen, entrelaçando os dedos das mãos entre os joelhos. - vamos fazer o seguinte. Vão nos ajudar a capturar cada espécie de dinossauro que estiver pela ilha.
- Antes, me mate - disse Tenave, com uma voz descolorida.
- Isso não vai ser preciso - disse o investigador. - nós vamos leva-los e prende-los. A menos que nos ajudem.

Vinícius precisava de uma resposta de Tenave. Não decidiria por si só, nem que aceitasse a oferta. Mas ele sabia que o professor não aceitaria tal coisa e daria outro jeito.

- Tudo bem - disse Tenave, deixando o aluno incrédulo e o fitando confusamente. - vou ajudar. Mas os funcionários vão pra casa.
- Nada feito - disse Giolen. - informações se espalham como moscas.
- Escute. Sou um paleozoólogo renomado. Tem criaturas aqui que não vai conseguir capturar sem saiba com o que está lidando.
- Se não conseguir captura-los, eu posso mata-los, bombardeando a ilha, e levar a "receita" para viajem.
- Não! - Tenave disse, se mantendo pensativo. - eu vou.

Giolen sorriu, enquanto o caminhão balançava na estrada. Então ele se levantou, se segurando na parede. Caminhou cuidadosamente até uma pequena janela que mostrava a cabine. "Dirija para os prédios centrais" ele disse em inglês para o motorista.

- Boa escolha. - ele foi para um dos militares.

Vinícius ainda olhava para o professor, mas dessa vez compreensivo, enquanto Tenave descansava o rosto nas mãos apoiadas no joelho.

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