O Rio

- Meu deus - suspirou o aluno. - podemos fazer algo?
- Talvez - disse Tenave. - está com o mapa?
- Sim - Vinícius pegou o mapa estrutural da ilha de dentro de sua bolsa que deixara aberta. Entrogou o grande papel para o professor.

Tenave analisou o mapa de Vinícius, observando o ponto sul, a floresta onde tinha encontrado os velociraptores, junto aos soldados. Depois observou a bússola, supondo depois que estava a cerca de 130 metros do ataque.

- O que podemos fazer? - perguntou Vinícius.
- Talvez... - Tenave ainda pensava fitando os locais do mapa. - tem uma doca ao sul. Se tiver algum barco...
- E abandonar os outros? - Vinícius interrompeu.
- Claro que não. Poderiamos chegar ao continente e, no Panamá, recorrer a embaixada brasileira.
- Não sei, os outros podem estar em perigo agora mesmo.
- Então podemos fazer o plano inicial, chegar a estação de rádio.
- Mas tem que ser rápido - Vinícius começou a caminhar para a direita, sendo seguido por Tenave. - o rio que começa no ambiente do espinossauro.
- Sem barco? Como pretende ir mais rápido?
- Os funcionários do controle veterinário usam botes para chegar nos dinos que ficam mais perto do rio.
- Certo, e onde estão?
- No rio que inicia o lago, para sul. Vamos.

Vinícius apontou a bússola para trás, o levando á sul. Ele correu marcando uma trilha entre os arbustos que foram passados também pelo professor, que correu quase em um salto.

A luz do dia descansava sobre as folhas das árvores. O barulho da água batendo nas pedras num chiado melódico e a terra úmida na margem.

Tenave saiu dos arbustos diretamente para a beirada do rio. Vinícius veio logo atrás vigiando as costas vez ou outra. Uma pequena tenda de madeira no outro lado guardava uma fileira de botes amarelos amarrados em uma corda e remos em cima desses.

- Vem - disse Tenave, caminhando para a tenda. - por aqui.

Com os pés molhados no rio, Tenave via que a tenda ficava dentro da água num ponto raso. Os dois pisaram para os botes que flutuavam na água.

- Esse aqui - Vinícius apontou para o bote da extremidade.

O aluno desamarrou um deles e o professor apanhou os remos. Eles subiram no bote, o interior de madeira pintada com vermelho tinha dois assentos onde se encontravam. Tenave empurrou a parte rasa da água, afastando o bote.

- O bote vai nos levar mais rápido? - perguntou Vinícius, incomodado com a lentidão do remar.
- Acho que sim - Tenave ainda remava.

O bote seguiu a correnteza, deixando as margens da curva cobrirem a tenda e os outros barcos. Tenave remou mais um pouco, mas parou quando a correnteza assumiu a velocidade do bote.

- Quando chegarmos - Vinícius iniciou. - o que vamos fazer se os americanos estiverem lá?
- Vou pensar em algo.
- E se estiverem armados? - Vinícius se ajeitou no assento.
- Com certeza vão estar - Tenave falou, não encarando o aluno. Estava prestando atenção por onde o bote seguia a correnteza.

A água deslizava o bote tediosamente, a lama que demarcava a margem começava a trocar as árvores selvagens por altos manguezais. Pequenos filamentos do rio se separavam e passavam por entre as raízes erguidas e seguiam outras direções.

Tenave sentiu um empurrão leve no casco inferior do bote. Pensou que o bote havia encalhado em uma elevação de lama, mas ainda se moviam.

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