A Ilha

Tenave acordou em seu assento. Ainda faltava 1 hora de voo para chegar ao destino. Vinícius dormia calmamente no assento ao lado. Inclinou-se para frente e viu Doni no assento á frente, conversando com Bruno. Tenave se ouviu a conversa. Falavam de algo sobre "olhos na ilha" ou "vigilância na costa" até o momento em que Bruno pareceu se zangar com Doni.

- Está tudo bem? - perguntou Tenave.
- Sim. Ótimo - o empresário virou para trás. Falavam baixo para não acordar os outros passageiros.
- Discutíamos sobre algumas... invasões na ilha. - disse o veterinário.
- Ele não precisa saber disso. - disse Doni
- Se quer que ele ajude na reserva, tem que apresenta-lo a maioria dos detalhes - retrucou Bruno.
- Sobre o que estão falando? - Tenave se mexeu mais para frente. Bruno fitou Doni que assentiu com a cabeça.
- Há alguns meses - Bruno começou a falar. - vários "aventureiros" de quinta entraram na ilha. Eles conseguiram chegar nas instalações de energia mas, felizmente, não viram o resto da reserva. Depois Foram mandados para fora pelo meu pessoal.
- Só um bando de curiósos querendo lugar no hall da fama - disse Doni. - nós redobramos a segurança na costa depois de alguns mais desses eventos.
- E ainda acontecem? - perguntou Tenave.
- Não - Bruno respondeu. - não mais depois de junho. E, certamente, não voltará a acontecer quando for aberto ao público.
- Entendo.
- Prof. Tenave - chamou Doni. - isso não vai interferir. Não vou deixar.

Tenave engoliu seco com o comentário de Doni. Eles voltaram a se escorar nos assentos, Doni e Bruno ainda conversavam sobre a reserva.

O professor cruzou as mãos detrás da cabeça, afagando os cabelos louros e olhoando para cima. Sentiu um leve encomodo na perna quando a ajeitou. O bolso da calça deixava a mostra um grande dente branco.

Tenava o retirou do bolso e o aproximou dos olhos para observa-lo. Imaginva o tamanho da criatura que o deixara cair, e quando ele viria o tiranossauro. De repente sentiu alguém o observando na quietude de outra fileira do avião.

Viu uma criança, de mais ou menos 5 anos, no colo de uma mulher, abraçando um verde dinossauro de pescoço longo de pelúcia, o observando. Imediatamente pôs um singelo sorrizo no rosto. Lembrava de quando era da mesma idade, quando possuía uma mesma pelúcia.

Ele voltou á observar o dente corneo em sua mão. Pôs o dedo na ponta do dente, verificando sua afiação, e teve a impressão de ter alizado uma agulha, se não fosse tão grande. Com certeza poderia machucar alguém. O guardou no bolso com cuidado e aguardou com os braços cruzados até o destino.

Passou-se uma hora inteira. Todos os passageiros já desciam suas malas de cima dos assentos para baixo. Tenave e Vinícius desceram primeiro que os outros três. Aguardaram de fora do avião pelo empresário e os companheiros.

A pista era compacta e larga. Ía até 800 metros para onde os olhos podem ver. Alguns aviões subiam e desciam pelas pistas. E lá no fundo, a estrutura grande do aeroporto.

- Panamá - disse Vinícius. - nunca pensei sequer em vir aqui.
- Coisas inesperadas acontecem todo o tempo - Tenave falou. - é só espera-las.
- Sei... isso foi uma de suas metáforas?
- Apenas mantenha os olhos abertos.

O homem baixo desceu do avião. Chegou a Tenave com os outros. Bruno, segurando uma bolsa de mão comprida e fechada, foi ao lado de Tenave.

- Vamos pegar um helicóptero saindo agora - disse o veterinário. - de cá para a praia. Lá pegamos uma balsa a nossa espera para a ilha.
- Certo.
- Bem - Doni puxou a bolsa de Bruno. - vamos?

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